Andrew Lancaster
Eu não sabia que um choro tão pequeno podia carregar tanta força.
Mateo tem esse dom de me arrancar da cama de madrugada, como se fosse dono do meu corpo e da minha atenção. Na primeira noite, achei que seria simples: Clara se levantaria, resolveria e tudo voltaria ao silêncio. Mas não. Eu me levanto também. Não consigo simplesmente fechar os olhos e fingir que não ouço.
Ele chora e, dentro de mim, algo acorda junto. Algo que não existia antes.
Aprendi rápido que o choro tem variações. Um mais desesperado, acompanhado de contorções, quase sempre é cólica. Outro, mais insistente, seco, é fome. Um mais irritado costuma ser fralda suja. Clara percebe tudo em segundos. Eu demoro, erro, tento de novo. E confesso: às vezes me irrito comigo mesmo. Não gosto de falhar. Nunca g
