Samuel White A tensão no ar é quase palpável. O olhar dela é duro, magoado, como se eu tivesse cometido o pior dos crimes. E, talvez, no coração dela, eu realmente tenha cometido. Por um momento, eu não sei o que fazer. Fico completamente travado. Os meus pensamentos se atropelam e o silêncio que se instala entre nós é pesado demais. E claro, a porrä dos tiques não me deixam quieto. Eu consigo sentir o ar rarefeito, como se todo o oxigênio da fábrica tivesse se esvaído. — Lívia… — Minha voz sai baixa, quase um sussurro. Ela não responde. Só me olha. E é aquele tipo de olhar que fala tudo. Que acusa, que machuca, que pergunta “por quê?”. Eu não aguento esse silêncio, nem esse olhar, então tomo uma atitude rápida. — Vamos conversar ali... por favor. — Aponto discretamente para um can

