EP 32

1372 Words

Clara Menezes Estamos chegando no prédio e sinto o meu coração apertado de um jeito que não sei explicar. O Mateo ainda está resmungando baixinho, o rostinho encostado no meu ombro, todo quieto demais. Achei até que ele estava adormecendo, mas me enganei. Desde as vacinas, desde aquele exame de sangue, ele não parou de se mostrar manhoso. O bracinho dele está tão delicado que só de olhar me dá um aperto no peitö. Ele ainda chora baixinho, mas aquele choro do consultório foi horrendo e eu não esperava aquilo. E esse choro… esse choro acaba comigo. A coisa mais rara do mundo é ver o Mateo chorar de verdade. Quando ele chora, normalmente é suave, quase um aviso: fralda suja, fome, sono. Mas não é aquele choro rasgado de dor, de incômodo, aquele que presenciei no consultório. Lá, ele grit

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