Andrew Lancaster A voz do meu advogado soa distante, mesmo estando no meu ouvido. Ele fala sobre cláusulas, sobre prazos de transferência de ativos da empresa que adquirimos esta semana. Normalmente, eu absorveria cada detalhe, cada nuance, como quem caça erros escondidos em meio a um contrato. Mas agora, não consigo. A mente só repete uma frase: o bebê é meu filho. Caralhö! Eu tenho um filho. Repito isso em silêncio, como um eco que não cessa. Olho para Clara, que segura o menino com tanto zelo que chega a me incomodar pela intensidade. Não dela. A minha. Porque sinto algo mexer aqui dentro e não sei dar nome. Nunca estive num conflito como esse. — Senhor Lancaster, está me ouvindo? — A voz do advogado retorna firme. — Estou. — Respondo seco, fingindo foco. Dou algumas ordens rápid

