Samuel White A manhã parece se arrastar. Cada barulho das máquinas soa mais alto do que o normal, e o cheiro de metal misturado com óleo me deixa enjoado já. Estou aqui desde cedo, tentando me concentrar, mas tudo que consigo pensar é que a Lívia não apareceu. Ela nunca falta. Desde o dia em que comecei a trabalhar aqui, sempre chega antes de todo mundo, sempre com aquele sorriso discreto, aquele olhar cansado, mas firme. Hoje, nada. Nenhum sinal dela. O Supervisor anda de um lado para o outro, feito um pavão raivoso. As veias do pescoço dele saltam, e ele grita com todo mundo. O barulho das botas dele batendo no chão ecoa no meu ouvido e me deixa ainda mais inquieto. Tento não chamar atenção, porque sei que se ele olhar pra mim, vai arrumar um motivo para me humilhar. O tempo dele

