Andrew Lancaster Eu observo a cena diante de mim como quem encara um território desconhecido. A minha mãe está ali, sentada ao lado do meu pai no sofá da sala, e é ele quem segura o Mateo nos braços. Ela não o pega, não o embala, não demonstra aquele afeto arrebatador que tantas avós exibem. Mas também não há desprezo no olhar dela. Há, sim, uma tentativa. Ela está reagindo. Ela se inclina de leve para o lado, toca a mãozinha dele, alisa o pezinho por cima da meia, como se quisesse se acostumar à ideia. Como se estivesse treinando a mente para aceitar que o filho da Clara, o filho da Lila e o meu filho é também o neto dela. Não é cena, não é falsidade. É algo lento, contido, mas que carrega um peso enorme. Era para ter sido assim logo na primeira vez. Evitaria muita coisa. E eu sei

