Clara Menezes A noite cai pesada sobre o apartamento, e mesmo depois de terminar os meus trabalhos online, não sinto sono algum. Finalizo cada tarefa, não deixo coisa alguma pendente, mas o corpo parece desperto demais, como se o descanso tivesse decidido me ignorar esta noite. O Mateo dorme no berço, quieto, respirando suavemente, e por um instante penso que ele é o único que realmente descansa aqui. Saio do quarto, os meus pés fazem pouco barulho pelo corredor, pelo tapete, pela sala silenciosa. Tudo está quieto, a cidade lá fora ilumina com pontos de luz que piscam em padrões que não consigo decifrar, e eu apenas caminho sem destino, sem saber o que fazer comigo mesma. O que eu faço para me ocupar? A cozinha me chama. Acendo a luz e procuro água, mas meus olhos caem sobre a garrafa

