Episódio 5

1183 Words
Acordo sozinha. Passo a mão no travesseiro amassado ao meu lado e, sem conseguir resistir, inspiro. Ele dormiu aqui? Eu não sonhei. Pelo menos, em algum momento ele esteve aqui. Fico ali deitada por mais cinco minutos, repassando o dia de ontem na minha cabeça. Levanto a mão e olho para o lindo anel que agora adorna o meu dedo anular. Eu sou casada. Agora estou casada. O meu sonho que sonhei por tanto tempo se tornou realidade. E o que eu consegui no final? Saindo da cama, estremeço. Sinto um puxão desagradável entre as minhas pernas. Será que isso realmente trará sensações tão dolorosas todas as vezes? Depois de me lavar, saio do quarto. Há um silêncio retumbante na casa. Não sei muito sobre os planos do meu marido. Eu deveria ter ouvido com mais atenção quando a minha mãe falou. Mas eu estava completamente absorta no meu casamento. Tenho medo de ficar sozinha em casa. Não porque eu possa estar em perigo. Em vez disso, significará que cumpri a minha função e que Amiran não precisa mais de mim. Então, quando o noto na cozinha, a tensão que senti nos últimos minutos de repente se dissolve. — Bom dia. Ele diz, me notando. — Bom dia. Posso? — Entre, claro. Jade, agora você é a dona dessa e não precisa pedir a minha permissão para estar em qualquer lugar. A julgar pelo tom dele, o meu marido está infeliz. E eu fico tensa novamente. — O que você quer para o café da manhã? Eu congelo no lugar com a sua pergunta. As coisas não deveriam ser assim. Fui eu quem deveria preparar o café da manhã, quem deveria cuidar do meu homem na cozinha. Mas cada gesto dele grita literalmente que ele não precisa disso. — Está com fome? Deixe-me cozinhar alguma coisa! Sugiro nervosamente, indo em direção à geladeira. — Não. O meu marido me interrompe. — Eu já comi. Você bebe café? — Às vezes. Respondo humildemente, sentando-me à mesa e aceitando as regras do jogo. Enquanto a máquina de café está funcionando, um silêncio viscoso envolve cada um de nós. Eu não sei como me comportar. O meu marido não me permite provar o meu valor como esposa. Ele diz que não lhe devo nada, que posso fazer o que quiser, mas, na verdade, apenas deixa claro que não está interessado em mim. Lembro-me com tristeza de como a minha mãe alimentava o nosso pai, de como ele olhava para ela com gratidão e sempre elogiava a sua comida, elogiando as suas mãos. Eu nem deveria sonhar com isso. Não porque estou sem braços. Amiran simplesmente não precisa disso. Ele não precisa de mim... — Aqui. Ele coloca uma caneca na minha frente, tira um prato com doces frescos, torradas e mais alguma coisa. Eu nem considero isso, porque os meus pensamentos não são sobre comida. — Após o café da manhã iremos com você à clínica. — Para que? — Para o ginecologista. Ele precisa examinar você. — Mas por que? Pergunto com medo. — Estou bem. — Para ter certeza de que está tudo bem. A julgar pela aparência de Amiran, é inútil discutir com ele. Mas eu nem pensei nisso. Eu simplesmente me sinto desconfortável com a ideia de ser examinado por um médico desconhecido. Antes disso, a minha mãe sempre me levava ao especialista. O meu pai tomou muito cuidado para garantir que a minha irmã e eu estivéssemos sempre com boa saúde. Principalmente do lado feminino. — Tudo bem. Eu concordo obedientemente e baixo o meu olhar para a xícara. — Você não comeu nada. O meu marido me repreende depois de algum tempo. — Estou sem apetite. Talvez mais tarde. Amiran não insiste e acena com a cabeça. Sob o seu olhar atento, limpo a mesa e levo a caneca suja para a pia. Tínhamos empregados em casa. O meu pai podia pagar. Mesmo assim, minha mãe ensinou a Alsira e a mim a realizar todas as tarefas domésticas. Porque uma mulher deve ser capaz de fazer tudo. Aquecer o marido na cama, alimentá-lo deliciosamente e criar os filhos. — Estarei pronta em cerca de vinte minutos. Relato quando tudo está arrumado na cozinha. — Mas se for necessário, posso fazer isso mais rápido. — Prepare-se com calma. Vou esperar. Volto para o quarto e tento agir rapidamente. Se as coisas fossem diferentes entre nós, eu definitivamente escolheria a minha melhor roupa, tentaria impressionar o meu marido, deixá-lo entusiasmado e talvez me permitiria flertar um pouco. Mas agora estou perdida. O que eu faço? Devo tentar lutar pela atenção dele ou manter a minha dignidade e fingir que não sei sobre sua amante e que ele passou a noite com ela? É como se eu estivesse trancada em uma jaula dourada da qual não consigo sair. Não temos divórcios. É proibido. Amiran disse que não tomaria uma segunda esposa. E é improvável que ele minta para mim sobre o contrato. O meu pai poderia ter acrescentado tal cláusula. Mas isso não significa que o meu marido será fiel a mim e me amará. Eu preciso de uma família sem isso? No final, escolho uma roupa apropriada. Não importa o que aconteça entre nós, eu não deveria desonrá-lo com a minha aparência. Desço ao primeiro andar e vejo Amiran conversando com alguém ao telefone. — Sim, ligarei para você mais tarde à noite. Talvez eu fique livre por algumas horas. Diz ele e, ao me notar, e encerra a conversa. — Eu vou ligar de volta, me espere. — Estou pronta. Digo engasgada, tentando olhar para qualquer lugar, menos para o meu marido. — Você está se sentindo m*al? Ele pergunta, aproximando-se. — Jade, você está pálida. Se você não está se sentindo bem, podemos chamar um médico aqui em casa. — N-não, está tudo bem. — Tem certeza? — Sim. Meu marido não faz mais perguntas. Saindo de casa, olho em volta. Ontem não tive tempo para isso, mas agora não consigo olhar para Amiran. Suas palavras de que ele estará livre à noite ainda ressoam em meus ouvidos. O ciúme cria raízes cada vez mais profundas, envenenando cada vez mais cada célula de mim. E o meu pobre coração está chorando de novo. Hoje Amiran assume ele mesmo o volante. A estrada está vazia e chegamos lá muito rapidamente. Claro, não estou surpresa que a clínica seja uma das mais caras. Até a minha mãe e eu fomos observadas em um lugar mais simples. — Vamos, eles já estão nos esperando. Diz o meu marido, afastando-se da recepção. — Você vai entrar comigo? Pergunto nervosamente enquanto caminhamos para o consultorio certo. De qualquer forma, ainda não superei a minha timidez e, dadas certas circunstâncias, não estou pronta para compartilhar detalhes íntimos na frente de meu marido. — Se for mais fácil para você, te espero no corredor. Ele oferece. — Sim, se for possível. Como resultado, entro no consultorio sozinha. Respirando fundo e colocando um sorriso normal no rosto. Ninguém deveria saber o que realmente está acontecendo em minha alma...
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