Zero
Às vezes o amor era superficial assim; Se você visse uma pessoa e pensasse nela mais vezes do que devia, isso automaticamente significava que estava apaixonado. Comigo foi assim. De repente, eu estava apaixonado por alguém. Eu o via todos os dias e pensava nele incontáveis vezes; com meus olhos abertos e, quando eu achava que não, ele estava também em meus sonhos.
Seu nome eu havia descoberto por acaso em um dos muitos corredores da escola. Ele estava passando por perto de mim, quando um dos seus amigos o exclamou sonoramente: “Jungkook-ah!” e aquele garoto passou a ser isso pra mim, um nome solto no ar e nada além. Afinal de contas, era tudo o que eu sabia sobre Jungkookie — a pessoa por quem eu tinha um crush — seu nome e todas as coisas superficiais que seu rosto podia dizer.
Mas, sabe, eu não estava louco de amor, nem nada assim. A única coisa que eu tinha certeza, era que o garoto era persistente em meus pensamentos e que meu coração vibrava quando o via. Na realidade, ele desencadeava um leque de reações em meu corpo, típicos da timidez que, confessor, eu tinha em excesso;
Bastante um vislumbre seu e os sintomas começavam; bochechas coradas, mãos suando e movimentos robóticos. Aquilo também podia ser uma simples paixonite juvenil ou podia ser apenas parte das ilusões que eu criava ao seu respeito.
Apenas olhá-lo, não era o bastante. Pouco a pouco, eu tinha curiosidade em saber como era o verdadeiro Jungkook, não esse que eu havia criado em meus pensamentos íntimos. Embora eu criara milhares versões dele.
Havia se tornado uma mania. Todos os dias eu imaginava o tipo de pessoa que ele podia ser. Algumas versões eram bem desagradáveis, mas eu buscava ser realista. Afinal de contas, Jungkook era uma pessoa e elas costumavam ser frustrantes. Ele também era um adolescente e esses costumam ser extremamente mimados, como se o mundo inteiro girasse a seu favor. Eu sabia disso, fazia parte desse grupo, mas só talvez eu fosse um pouco mais esquisito que a maioria. Principalmente por ficar observando-o assim e por ter me apaixonado por uma incógnita.
Mas eu tinha que admitir, era divertido tentar decifrar aquela pessoa. Ele era quase sempre sério, ficava até difícil acreditar que era o mesmo garoto, quando o via fazer palhaçadas para seus amigos. Algumas vezes ele apenas ficava sozinho — assim como eu — com seus fones e eu o observava de longe, tentando descobrir que música ele ouvia. Então, como se ele soubesse dos meus planos, seus lábios se moviam, silenciosos, e eu fazia uma leitura breve. Foi dessa forma que eu descobri que Jungkook tinha bom gosto musical e que podíamos dividir os fones um dia. Ter pensamentos doces assim, com ele, sempre me fazia sorrir.