Capítulo dois

3454 Words
Tillie Rainford-Smythe era exatamente como lembrava. Sarah ficou em pé próxima a ela, sentindo-se do ta­manho de um passarinho. Era pior do que tinha ima­ginado. A única consolação que tinha era observar Tillie atrapalhada com o scarpin afundando no gra­mado macio. Sarah sentia-se feliz sobre seus sapatos de salto baixo. Mas não havia a menor consolação ao ver o tecido coral do vestido de Tillie. Chegava abaixo dos joe­lhos, mas o decote dispensava o sutiã e se ajustava tão próximo à pele que deixava claro ser impossível vesti-lo com calcinhas. Sarah engoliu um drinque gelado e espumante e viu a mão possessiva de Tillie, com unhas muito bem pintadas, mover-se em direção ao blazer creme de Liam. Ela já o tinha visto com muitas mulheres bonitas ao longo dos anos, mas havia alguma coisa desta vez que a deixava prestes a morder alguém. "Tillie era tão autoconfiante. Tão perfeita. Tão... diferente dela", pen­sou Sarah, num surto de insatisfação. — Liam e eu fomos às Maldivas em fevereiro. Pas­samos uma temporada maravilhosa por lá, não foi, que­rido? — disse com um vivo movimento de cabeça que revelou os brincos e chamou atenção para o longo e gracioso pescoço. — Ficamos em Kanuhura, a uns qua­renta minutos de vôo de Male. Era óbvio o que Liam tinha visto nela. Bastava olhar aquela mulher. Provavelmente devia estar fantástica dentro de um biquíni numa praia das Maldivas, mas Tillie tinha uma condescendência esnobe com uma doce e pálida voz que faziam Sarah ter vontade de vo­mitar. — Ficamos num hotel aquático. Era fabuloso. Os bangalôs foram construídos sobre palafitas e com es­cadas que levavam diretamente ao mar — continuou, com um expressivo movimento das belas mãos. Sarah olhou para longe. No céu passavam nuvens pesadas. Teriam sorte se a chuva não desabasse. Colo­cou seu cardigã nos ombros e se perguntou como Tillie podia ser tão elegante sem praticamente vestir nada. Não tinha sequer a pele arrepiada de frio. Ao lado de Tillie, viu os olhos de Liam encarando-a. Eles cintilaram com os dela como se estives­sem compartilhando de uma mesma alegria. Seus lábios instintivamente se apertaram como se sentisse um cer­to tédio pela distância entre eles. Ela se permitiu um pequeno sorriso, enquanto ou­via mais um discurso de Tillie sobre locais perfei­tos para passar as férias. Seb tocou delicadamente o braço da irmã. — Assim que você terminar o drinque, podemos vol­tar para o carro e preparar um piquenique? Ben quer voltar para cá em duas horas, no máximo, para ver al­guns amigos competirem. — Você precisa de ajuda com alguma coisa? — per­guntou Liam, deixando Tillie para trás. — Se você quiser — concordou Seb. Pegou a taça va­zia da irmã e a passou para Ben. — Encontre algum lugar para deixar isso. Espere uma meia hora e depois nos siga. No mesmo local do ano passado. Sarah deixou-se guiar por uma mão firme em suas costas. Qualquer coisa seria melhor que ouvir aquela conversa chata sobre locais que nunca iria conheceria. No ano anterior, ela esteve na Henley Royal Regatta, mas Liam não pôde deixar Londres. Estava ocupa­do com alguns amigos vindos dos Estados Unidos e ligou para Seb para cancelar. Ela passou o dia obser­vando as pessoas: homens atléticos e bonitos perambulando e outros idiotas bebendo demais. Bem, graças ao fato de agora estar morando na melhor cidade de Henley, tornara-se m****o do mundialmente famoso Leander Club e oferecera um chá a eles. Foi uma tarde muito agradável. — Você tem certeza de que Tillie pode te libe­rar? — Sarah perguntou a Liam. Os olhos dele brilharam com alegria, percebendo a evidente irritação da voz dela. — Estou certo de que ela saberá lidar com isso — dis­se calmamente. — Você perguntou a ela se queria ser deixada no meio daquela gente estranha? — Você acha que devo voltar e lhe perguntar? Sarah ajeitou seu casaco nos ombros. — Faça o que você quiser. Não é da minha conta — olhou para trás e viu aquele grupo de pessoas. Os lon­gos cabelos louros de Tillie balançavam no vento e a seda sintética de suas meias marcava as formas de suas pernas. Ela quebrou o silêncio porque não pôde deixar de perguntar. — Como é que ela não congela neste frio? Por acaso estamos no verão? — Está frio, mas as mulheres fazem isso. — Não nossa Sarah — interrompeu Seb, pondo o bra­ço sobre os ombros da irmã. — O que você quer dizer? — Que você se veste com conforto. — O que está querendo insinuar? — perguntou en­quanto tirava o paternal braço de cima dos ombros. — Nada. — Só porque não estou vestida como a Tillie. Seb a olhou surpreso. — Bem, você não está mesmo. Nunca vi você usar roupas como as que Tillie usa. Sarah olhou discretamente o próprio vestido simples com gola, que ela sabia não cair bem em seu corpo. Sentiu sua honra feminina ser desafiada. Como Seb ousava fazer isso com ela? Estupidamente c***l. Como Seb esperava que ela se vestisse? Ele sabia que ela não tinha ajuda dos pais desde que se formou. Sendo mais jovem que ele, so­freu todo o golpe da ruína financeira do pai. — Cale a boca, Seb. Ela me parece bem arrumadinha. Liam interveio só para fazê-la se sentir pior. A in­tenção dele era agradar, mas "bem arrumadinha" era o fim. Sabia que o vestido não lhe caía bem. Não gruda­va nos s***s e fazia as pernas parecerem finas. — Não me parece muito bem — disse Seb olhando para ela. — Você sabe, Liam, não estamos trabalhando direito. Esta idéia de Sarah ir a Londres com você. É uma grande idéia, mas não podemos fazer isso sem dar um jeito nas roupas dela. Se você acha este vestido f**o, precisa ver o resto das roupas. Os dois homens voltaram-se para ela e a avaliação não foi positiva. Se o chão pudesse se abrir e engoli-la, Sarah teria ficado feliz em desaparecer. O embaraço, a humilhação e a total mortificação eram paralisantes. Era h******l demais para ser verdade. As palavras de Seb continuavam a rodopiar na cabeça de Sarah com uma odiosa clareza. — Ela parece jovem — disse Liam amavelmente. — Você não precisa falar de mim como se eu não estivesse aqui. — Se ela está indo brigar com Sonya, ela precisa, pelo menos, de um visual mais sofisticado — insistiu Seb. — Ela é a mulher do diretor-executivo e tudo mais. E vai atropelá-la. A dor no peito começou a se tornar desconfortável. Ela não fazia parte da discussão, mas era o assunto das objeções que eles faziam. — Você podem andar um pouco mais devagar? — Desculpe — respondeu Liam, diminuindo imedia­tamente o passo. — Nós só estamos dizendo que é uma pena que você não aparente mais idade. Sarah esforçou-se para sorrir, mas uma dor se irradia­va dentro dela. — Não posso fazer muito sobre isso. — Virou-se para Seb. — Você sabe perfeitamente bem que não tenho di­nheiro. Que estou cheia de dívidas. Seb sentiu um pouco de remorso. — Não precisa ficar na defensiva, Sarah. Só estou di­zendo como as coisas são. — Tem certeza? — respondeu furiosamente. Seb suspirou. — Bem, é verdade. Você vai precisar de roupas me­lhores para trabalhar na Harpur-Laithwaite. Liam vai comprar alguma coisa para você vestir. — Que gentil da parte dele. Devo escolher minhas roupas sozinha ou aguardo que sejam entregues? O leve sorriso de Liam serviu apenas para deixá-la mais irritada. Aquilo era pessoal. Aquilo a feria. Seb deu uma risada e a abraçou. — Pare de se debater como uma pomba. Você ainda não pegou o espírito da coisa. Ela chacoalhou o corpo e se livrou do abraço. — Estou me sentindo extremamente provocada. Deve ter algo a ver com o fato de hoje ser meu aniversário e, por favor — ela tapou a boca de Seb com sua mão — não comece a me dizer que você esqueceu porque eu já tinha planejado tudo sozinha. A expressão de horror no rosto de Seb era cômica. — Olha, Sarah. Sinto muito — deu uma risada nervo­sa. — Você sabe que tenho uma memória muito r**m. — Tudo bem. Mas penso que, o mínimo que você deveria fazer era parar de me destruir. Estou perfeita­mente consciente de que não tenho nada para vestir. Acredite em mim, é muito aborrecido vestir o mesmo jeans todo o dia e me sentir feliz por tê-lo encontrado num bazar de caridade — houve um silêncio e Sarah sen­tiu-se vagamente feliz consigo mesma. — Agora vamos fazer este piquenique e deixar este assunto de lado. Sarah percebeu os olhares de relance entre os dois, mas decidiu ignorá-los. Se eles se sentiam desconfor­táveis, melhor. Ela pedia muito pouco do irmão, mas o comentário de como ela estava m*l vestida para a re­gata tinha sido demais. Não era aquilo que queria para seu aniversário, mas a alternativa de passá-lo sozinha era pior. Isto era em­baraçoso. Na frente de Liam. Ela nunca chorava. Cer­tamente não por falta de roupas ou dinheiro. Mas hoje se sentia inacreditavelmente sozinha. Um pequenino barco no meio do oceano. Discretamente Liam lhe deu um lenço. Ela o olhou surpresa e, pela primeira vez, não estava sorrindo. — Feliz aniversário. — Não é que... não exatamente... eu só... bem... não sei. Saudades de mamãe, suponho — era verdade. O aniversário, a mãe e a regata estavam firmemente misturados na memória de Sarah. Quando Luke e Seb dis­putaram a regata pela primeira vez, a mãe adorou acom­panhá-los. Estava tão orgulhosa. Aqueles dias, o ani­versário, a dor de estar sem ela era muito forte. Liam não disse nada. Ao invés disso, colocou o bra­ço sobre o ombros retesados dela e a puxou para seu corpo forte. Ela podia respirar o perfume da loção pós-barba e se sentir confortavelmente aquecida. Só aquilo já a fez se sentir melhor. Não menor ou insignificante. Era uma bobagem, sabia, mas se sentia melhor. — Alguma vez você comemorou seu aniversário? -perguntou Liam. Ela levantou o nariz em um pequeno gesto de desa­fio. — Naturalmente. Não sou completamente impopu­lar — ela podia sentir os dedos dele inadvertidamente tocando seus cabelos. Ele não sabia, não tinha a menor idéia do quanto ele a emocionava. — Não estava sugerindo... Sarah o cortou. — Vários de meus amigos da universidade me envia­ram cartas. Sua mãe também. Ela sempre me manda cartas porque hoje também é o aniversário de sua tia Mary, que mora em Bringhton. Ela podia sentir a simpatia que emanava dele e ela não queria aquilo. Era embaraçoso estar perto dele as­sim. Ela levantou um pouco o queixo. — E papai e Lynda me enviaram um cheque pelo meu aniversário. — O bastante para pagar as dívidas? Sarah deu uma pequena risada. — Dificilmente. O bastante apenas para pagar alguns centímetros de seda do vestido de sua namorada. Richard me deu estes aqui — disse mostrando os brincos de ouro em suas orelhas. — Eles combinam com o colar que ele me deu no Natal. — São bonitos — e disse em seguida: — Desculpe-me por seu aniversário. Nós dois pedimos desculpas, não é, Seb? Ela resmungou. — Isso não importa. — Importa sim. Não posso acreditar que não lem­brei — disse Seb, realmente preocupado. Era engraçado observá-lo. De repente, tudo aquilo não tinha mais importância. Com um meio sorriso, ain­da fungando, ela finalmente pegou o lenço de Liam no bolso do casaco. — Acho melhor lavar isso antes de devolvê-lo a você. Ela esticou a outra mão para agarrar Seb. — Você nunca se lembra e, desde que mamãe morreu, não há quem lembre a você. Vamos ao piquenique. A palavra piquenique dificilmente descreveria a cena. Mesas cobertas com toalhas de linho que pareciam saídas de um filme sobre a Idade Média. — Não posso acreditar que eu tenha trazido você para cá em seu aniversário — disse Seb carregando um quei­jo brie para a mesa. — d***a, esqueci as chaves. — O quê? — perguntou Sarah. Seb não respondeu a ela e virou-se para Liam. — Esqueci minhas chaves de casa e vou ter de bus­cá-las. Fique aqui com Sarah e a distraia com as bebi­das. Sarah calmamente ajeitou o queijo sobre a mesa. — Você quer voltar e encontrar Tillie? — Vou ficar e conversar com você — respondeu Liam. — Quer uma taça de vinho agora? — Por que não? — concordou, olhando para a umi­dade deixada no campo, naquela manhã chuvosa. Liam pegou o saca-rolha e cuidadosamente tirou uma garrafa de vinho branco da bolsa. Os movimentos eram tão delicados e automáticos que parecia que ele abria uma garrafa de vinho por dia, sem jamais derra­mar uma gota ou deixar pedaços de rolha no vinho. Sarah sentou-se encostada no tronco de uma grande castanheira e voltou os olhos para Liam. — Você me parece cansada — disse-lhe dando uma taça de vinho. — Estou — os dedos tocaram suavemente os dele. Aquilo estava acontecendo depressa demais? Ela era tão boba a ponto de se sentir afetada por Liam Montgomery? Ele tinha uma namorada que poderia escrever páginas e páginas de uma revista sobre como um casal pode se divertir a cada minuto. E aquilo não era nor­mal. Ele sempre teve mulheres de uma beleza incrível ao seu lado. Aquilo simplesmente não poderia estar acontecendo. Ela não poderia ficar com Liam. Não se sentia ca­paz. — Seb e eu carregamos o carro às cinco da manhã. Não consegui dormir depois. — Você já teve insônia? — perguntou Liam enquan­to sentava-se ao lado dela, com seus dedos correndo pela boca da taça. — Pouco antes de mamãe morrer, ela tinha proble­mas para dormir. Eu levantava quando ela tinha insô­nia — deu um gole no vinho, tentando ignorar o jeito que o estômago se remexia, só porque Liam estava ali. — Isto não tem me afetado desde então, mas me sinto moída hoje. — Era um bom motivo — disse, apoiando a cabeça no tronco. — Ela teve sorte de ter você. — Tive sorte de tê-la. — Por que você nunca pode aceitar um elogio? — perguntou, olhando para ela com curiosidade. — Não há muitas pessoas que fariam o que você fez. — Por suas mães, fariam. — Não Seb e Luke. — Não. Ele tomou um gole de vinho. — Nem o seu pai. — Ele morava na Espanha na época. Quando seu ne­gócio faliu, ele não se concentrava em nada. E não seria capaz de vê-la...bem, no estado em que estava no final. Liam tirou um pouco dos cabelos esvoaçantes que batiam no rosto dela. Ela olhava para a frente, sentin­do-se desconfortável. Aquilo era fascinante. Outras mu­lheres não poderiam suportar serem ignoradas, mas Sarah estava embaraçada pela atenção. — Pela primeira vez em sua vida você deve ouvir a verdade a seu respeito. Você foi incrível adiando a uni­versidade para cuidar dela. Aos 18 anos. É muita res­ponsabilidade para alguém tão jovem. — Eu a amava — disse simplesmente. — E isso é tudo que importa? — Claro que é. Ela tinha feito aquilo de uma maneira tão simples. Não tinha idéia do quanto era rara a qualidade que pos­suía. — Seb não tem a menor idéia de quem é sua irmã — disse Liam com um sorriso, antes de se levantar. — Quer mais vinho? É seu aniversário afinal. Ela queria recusar, mas acabou dando a taça para Liam completá-la. O efeito daquelas palavras pareciam mais inebriantes que o álcool nas veias. O problema com Liam era que, quando finalmente estava prestes a saber o quão baixo ele poderia ser, descobria que, na verdade, ele era maravilhoso. Era como se algum deus iluminado de repente se transformasse em um simples mortal. Ele. Capaz de te deixar sem fôlego — e então era melhor lembrar que ele era Liam. Um ídolo com pés de barro. — Como seu pai não te ajudou sabendo que você estava em dificuldades financeiras? — perguntou en­quanto se sentava novamente. — Parece que ele está muito bem de vida agora. Ela suspirou. — Está em um novo negócio. — Então por que ele não fez nada ainda? Seus dedos brincaram na grama. — Quando papai casou de novo, Lynda gentilmente sugeriu que ele concentrasse seus investimentos no novo negócio. Ela o convenceu de que eu seria capaz de conseguir um novo emprego assim que me graduas­se e poderia me manter com uma bolsa de estudos en­quanto isso. — O rosto dele permanecia branco, enquanto ela tentava sorrir. — Você não precisa pagar nada até ter um salário. Muitos estudantes fazem isso. — Mas muita gente não tem um pai rico como você — disse secamente. — Seb sabe a respeito disso? — Claro que sabe. Mas não há nada que possa fazer a respeito. Tampouco Luke, disse pensando no outro irmão. — Você me parece zangada com isso. — É passado, não posso mudar nada, mas Seb se sente culpado. — Imagino que se sentiria. Sarah sorriu. — Desde então, papai não perdeu mais dinheiro. Seb conhece estas coisas conversando com ele. Mas ainda não pode me ajudar. Está poupando tudo o que pode para um novo negócio. — Sim, eu sei, mas... — Ele já me ofereceu ajuda, mas não pude aceitar. Não é problema dele. — E quanto a Luke? Ele deve ganhar bastante como médico. Sarah ficou chocada ao pensar em seu outro irmão a ajudando. — Ele trabalha praticamente de graça, em um hospi­tal humanitário na África. — Não sabia disso. — Como não sabia? Ele está lá há 18 meses. — Não sobre Luke, mas sobre você. E não tinha idéia de como Lynda realmente é. — Não diga isso. Ela não é uma má pessoa. Só não tem uma idéia correta de família. Foi uma criança sozi­nha, nunca teve um marido antes, nunca teve filhos, e aos 46 anos isto tudo também foi um choque para ela — ela sorriu. — Não é seu problema. E agora tenho que fazer um trabalho esquisito, lembra-se? — Mantenha-me longe dos ataques de Sonya e não terei do que me lamentar. — Mesmo se eu encontrar algum documento secreto em seu computador? Sorriu, com aquele insuportável brilho de seus olhos azuis. Ela sentiu o estômago se revirar ante todo o char­me e apetite s****l que ele demonstrava. Irresistível. Ele era irresistível — quase. — Nesse caso terei de te m***r — ele sussurrou suave­mente e ela ria como se ele quisesse realmente fazê-lo. — Estou aterrorizada. Conte-me a respeito da Harpur-Laithwaite. É só um monte de carpetes e vasos de plantas? Que tipos de roupa uma mulher deve usar? — Não sei. — Não acredito que você não saiba, Liam. É com jeans e camisetas ou com um terninho? Sarah sabia que Harpur-Laithwaite era um banco de investimentos e que Liam cuidava de negócios que estavam em andamento, mas isto envolvia muita coisa. Ele descansou a cabeça no tronco da árvore. — Use algo entre o chique e o casual. Bárbara, mi­nha secretária, veste um paletó, mas não creio que você tenha de usar um. — Ótimo, não usarei. — Não no momento, porém mais tarde você terá de fa­zer algo sobre suas roupas. Seb está certo a respeito disso. — Você não pode comprar minhas roupas. — Claro que posso. Estou lhe pedindo para que tra­balhe como minha secretária e é minha responsabili­dade aparelhá-la para isso. Tente comprar algo que re­flita minha importância e minha posição social. Ele lhe deu um olhar de relance. — Não posso... — Você não tem escolha já que está sem dinheiro. Se você tiver um ataque de escrúpulos, é só lembrar a você mesma que está me fazendo um favor e que estou sendo grato. Ela o mirou com os olhos bem abertos, pensando se poderia recusar, mas a tentação era muito grande. — Quanto... quanto você pretende gastar comigo? Sarah não tinha a menor idéia de quanto gastaria em roupas. De repente estava na terra da fantasia. — Diga-me de quanto precisa. — Não preciso de nada. — Então compre alguma coisa por diversão. Ele se apoiou no chão e beijou sua bochecha. — Aceite como um presente de aniversário. Só te­nha cuidado de estar certa ao escolher seu príncipe encantado. — Prometo — sussurrou, sentindo impresso em sua bochecha os lábios de Liam. Com uma sensação de irrealidade, ela viu outras pessoas se aproximando. O pequeno idílio de aniver­sário terminara e ela estava de volta ao tédio da reali­dade. Sarah trazia um sorriso brilhante no rosto quando Jasper foi ao seu encontro. — Seb nos contou — disse. — Feliz aniversário. Mas o beijo de Jasper em seu rosto não teve o mes­mo efeito mágico.
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