Capítulo 35 – A Rainha de Vidro

1448 Words

Irina O vidro do meu escritório no Centro deforma a cidade como um lago frio. Vejo o porto, as lâminas dos guindastes, a maré que sobe como uma frase que não termina. E, do outro lado, a crista do morro, a Madrugada brilhando como joia que alguém deixou sobre a mesa. O Rio é útil: barulho constante, bocas com fome de espetáculo, imprensa que confunde perfume com ética. Depois das sanções, das rotas quebradas e das contas congeladas, precisei de um palco novo. O Rio oferece plateia e cortina. — Relatório, Karpin. — Não pergunto se ele está bem; bons soldados não pedem cobertor. Ele deposita sobre o vidro duas pastas e um sorriso barato que não chega aos olhos. — Fundação Marechal consolidada. O Coletivo Aurora aprovou “mostra de luz” em três espaços. A “mesa 7” na Madrugada confirma ens

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