Grego A Madrugada pulsava no ritmo que eu escrevi para ela: grave pesado, luz cortando o concreto, sombras obedecendo ao desenho que mandei erguer. Mas bastava ela atravessar a pista para que todo o meu cálculo vacilasse. Lorena não era só a estrela que brilhava sob o neon. Era risco, feitiço, ameaça ao equilíbrio que conquistei com sangue. E, por isso mesmo, se tornara inevitável. Ela caminhava como quem não devia nada a ninguém. Não piscava para os olhares famintos, não se dobrava para os convites comprados em garrafas de champanhe. O vestido dela — preto, justo, com fendas que respiravam — parecia feito para me lembrar que o perigo tem corpo. Eu a segui com os olhos, sentindo o peso daquela constatação: se era arriscado, era exatamente o que eu queria. — Chefe, cê não devia — Pipa mu

