Lorena A Madrugada vibra como um peito em apneia: prende o ar, solta, prende de novo. O neon escorre pelas paredes de concreto como água elétrica, e a lua de aço no teto lateja num compasso que o corpo entende antes da cabeça. Visto o vermelho, subo o zíper com a paciência de quem arma um talismã, prendo o cabelo num coque que não pede licença e encaro o espelho. A cicatriz no queixo não é defeito; é assinatura. “Bússola, não vitrine”, repito. E vou. No corredor em “L”, o teto baixo comprime a respiração e cria suspense. Gosto desse aperto. Me faz lembrar que cada passo é decisão. A pista se abre numa explosão contida de luz e grave. China deposita minha água com limão no balcão sem que eu peça. Barroca vigiando a porta, Monge e Cássio orbitando como satélites silenciosos. E ele — claro

