Lorena O movimento que se segue é de coreografia militar feita para parecer casual. Índio abre a cortina do camarote com o antebraço. Monge dá dois passos à frente e um à direita, fechando a rota de fuga que eu já tinha calculado. Cássio sorri com a boca e mostra os dentes com os olhos. A mesa se levanta, sem alarde. O do meio me fita por um segundo a mais do que convém a quem é esperto. — Até breve, tsarina — solta, e a palavra arranha meu ouvido com aço. “Até breve.” Odeio essas promessas. São sempre convites com lâmina. Eles descem. A música retoma o tom. A luz sobe um passo. Eu fico de pé. Greco não toca em mim. Ainda assim, meu corpo inteiro registra a proximidade como quem assina digital no concreto. — Obrigada — digo, seco, sem açúcar. — Outra vez. — Ainda não me acostumei — el

