Lorena
O hall do hotel cinco estrelas tem cheiro de flor que não existe e dinheiro que não fala alto. Mármore polido, tapete que engole ruído, recepcionistas com sorriso de vitrine. Entro como quem já pertence — vestido que respeita o código, salto que conversa com o chão, cabelo preso sem pedir licença. Minha pele acende antes do neon: em alerta. É o meu melhor sensor.
Reconheço olheiros novos em três sinais: tênis limpo demais, camisa abotoada até onde ninguém respira e olhar que finge errar de propósito. Dois estão no balcão fingindo ser executivos; um esconde o celular dentro de uma pasta. O quarto, mais perigoso, é o que não olha — aguarda a foto que não dei.
— Boa tarde, senhora Lorena — Leo, o concierge, me chama pelo primeiro nome e pela gorjeta que já sabe que virá.
— Preciso
