Caveira narrando Chegamos na viela estreita, abafada pelo calor da manhã e pelo silêncio tenso que parecia pesar mais que o ar. Era um beco apertado, sem saída visível, onde as sombras das paredes invadiam o chão de paralelepípedo rachado. Ali, entre as frestas de concreto e os muros descascados, era onde eu sempre encontrava o Caninha. Ele nunca aparecia à toa. Nunca. E quando aparecia, era porque merda grande estava vindo. Ele veio andando rápido, o olhar varrendo tudo ao redor como um bicho acuado. Vestia a farda ainda meio amarrotada, mas com o colete aberto e um suor escorrendo pela testa que não era só de calor. Era de medo. Daquele medo real de quem sabe que pode estar selando a própria sentença só por estar ali, falando comigo. — Aí, patrão, visão quente. — ele começou já de c

