Caveira narrando Ela ainda tava ali, colada em mim, com o corpo quente e o coração blindado. Tinha coisa demais naquela cabeça, peso demais nos ombros, e mesmo assim ela tava inteira, sem pedir ajuda, sem se fazer de vítima. Mas comigo, não precisava pedir. Eu via. Eu sentia. Eu sabia. E por isso, quando ela soltou dos meus braços e voltou a pegar a pasta de documentos com a mão firme, eu cheguei mais perto e falei sem rodeio: — Bora comigo. Na escola. Tu não vai resolver isso sozinha, não. Eu vou contigo. Ela me olhou de lado, meio surpresa, como se não esperasse. Mas não falou nada. Só assentiu com a cabeça, o canto da boca querendo subir, mas se segurando. Eu fui direto na direção do chaveiro e peguei a chave do carro dela. Hoje era eu quem ia levar. E ela sabia disso. Ela entendeu

