Capítulo 07

1557 Words
Caveira narrando Não tem nada que me tira mais do sério do que quando não seguem uma ordem minha. Nada. O sangue já começa a ferver no mesmo instante. Dei a p***a da ordem pros cria cercarem a Mariana e trazerem ela pro meu camarote. Simples. Direto. Sem margem pra interpretação. E a filha da p**a me peita. Mariana me conhece. Me conhece como ninguém. Ela sabe o que eu penso antes mesmo de eu abrir a boca. E sabia muito bem o que eu queria naquela noite. Mas como a Débora tava junto — e ali pareceu o ressurgimento do SATA com o NAS no mesmo corpo — é lógico que ela não ia vir. Preferiu pagar de doida e continuar sambando na pista, me ignorando. Me ignorando. Eu, Caveira. O dono da p***a do morro. — Qual é, parceiro, ficou nervoso? — o Pescoço chega no camarote me zoando, a cara de deboche estampada enquanto uma p**a se esfregava nele. — Esse coração tá batendo até mais forte, né? Tá bombeando mais sangue, tá até corado. Tá apaixonadinho, né, Caveira, teu grande amor tá de volta na área…? — ele mete a marra e me encara com aquele sorrisinho escroto, sabendo que tá me tirando. Eu bufo. Viado, o pior é que ele não tá errado. — Viado… eu não sei te explicar não. Parece surreal, mano. Parece que eu viajei mil anos no tempo. Como se eu tivesse voltado pra quando a gente era moleque. Quando a gente brincava na rua, rindo à toa. É f**a, irmão. — eu falo, sentando no encosto do sofá, mão no joelho, cabeça fervendo. — lembrança, né… Das vezes que tu tentou dar um estalinho nela e nunca conseguiu. — ele fala tirando onda, e a p**a no colo dele pegava a bebida do balde se achando cheia de moral Eu nem ligo. Não era momento pra brincadeira. — Irmão, não vou mentir pra tu não. Tu é meu cria, p***a. A gente tem uma amizade do c*****o. Mas não tá fácil não, parceiro. Eu não sei o que eu faço com isso. Não sei como administra esse bagulho. — confessei, e não era algo que eu fazia com frequência. Mostrar fraqueza? Mostrar sentimento? Ainda mais na frente dos meus? Pescoço me olha com aquela cara de “acorda pra vida” e já manda na lata: — Investe, p***a! Tu é o Caveira, c*****o! Sempre deu em cima de geral. Passa o piru em todo mundo. Agora vai ficar pianinho? Vai deixar a mulher escapar? Ela largou o maluco lá, tá solteira. Vai deixar passar? — ele fala e estala a língua, me olhando como se não me reconhecesse mais. Mas o problema é que não é só t***o. Não é só carne. É muito mais. É lembrança, é memória, é amor de infância. É sentimento que ficou guardado e agora volta feito avalanche. Enquanto ele fala, eu tô de olho lá embaixo. As duas, Débora e Mariana, já rindo soltas, sambando no meio da pista. Ganharam um balde de cerveja do Seu Osvaldo, aquele véio doido que sempre correu atrás da gente. E ali tavam, soltas, leves, parecendo que estavam vivendo o melhor sábado do ano. E eu? Aqui. No camarote. Ligando. Repetidamente. Liguei pro celular da Mariana. Uma, duas, três, cinco, dez vezes. E ela nada. Vi ela pegando o celular, olhando, rindo, botando de lado. Enquanto isso, a Débora girava, jogava o cabelo, ria alto. p***a… aquilo tava me tirando do sério. — Quer saber? — me levantei do sofá com raiva nos olhos. — Vou lá nessa p***a. Vou buscar as duas na força se precisar. Vão vir pro meu reservado nem que seja amarrada. — falei já passando a ordem pros seguranças com a mão no rádio. — Ihhh… virou emoção, hein? — o Pescoço falou rindo, segurando a cintura da p**a que rebolava em cima dele. — Cala tua boca, viado. Vai chupar essa merda aí e me deixa quieto. — rebati, já descendo os degraus do camarote. A praça tava cheia, fervendo, e eu sentia o calor subindo pela espinha. Era mistura de adrenalina, raiva, desejo, tudo ao mesmo tempo. Eu não era homem de ficar em cima do muro. Nunca fui. Eu resolvo. Eu faço. Eu tomo. E hoje, se for pra buscar a Débora no meio da pista, eu vou. Nem que tenha que parar o baile inteiro. Porque uma coisa é certa: ninguém tira dela a visão do que ela representa pra mim. E ninguém, nem ela, vai fingir que isso aqui que tá acontecendo entre nós dois não é real. Ela voltou pro Jacarezinho. Mas quem tá voltando de verdade… sou eu. E eu vou buscar o que é meu. Nem que seja no grito. Os segurança foram abrindo passagem na praça conforme eu ia descendo. E eu não fui sorrindo, não. Fui com a cara fechada, fuzil travado na frente do peito, dedo coçando no gatilho. Ajeitei a Glock na cintura com força, aquele toque automático que eu fazia quando sentia o sangue subindo. E ali… ali eu tava a ponto de explodir. Cada passo meu, os olhares desviavam. Cada segundo, a tensão aumentava. Mas a minha mira tava certa. Fixa. Dentro daquele decote dela. Porra. A mulher me aparece com os p****s gigantes marcados, redondos, empinados, praticamente pendurados pra fora do corset, como se fosse intencional. A p***a da saia curta deixando aquelas pernas deliciosas completamente expostas, e cada macho que passava virava o pescoço. Eu via. Cada olhar. Cada riso. Cada cochicho. E a vontade que eu tinha era de jogar uma bomba no meio da praça, um míssil, uma granada, qualquer coisa que apagasse geral dali. Porque ninguém tinha o direito de olhar pra ela daquele jeito. Ninguém. Eu tava puto. A p***a do celular tocando no som, o calor do morro fervendo, o cheiro de cerveja, cigarro e mulher misturado no ar, e ela lá. Solta. Linda. Sambando. Como se nada mais importasse. — Ta ouvindo essa p***a toca não, c*****o! — explodi, a voz ecoando quando parei de frente pra ela e pra Mariana, que revirou os olhos na hora. — teu B.O.? Tá aí, filho, se vira e não pesa na minha. — Mariana fala debochada, com aquele sorrisinho de quem já esperava a merda. — Mexe comigo não, Mariana. E não me estressa. — falei entredentes, o sangue subindo com gosto, e ela da risada sabendo que me deixou furioso e sabendo bem o motivo, eu falo, por isso eu peso na dela, ela ama pesar na minha — Eu não mandei vocês subirem lá pro meu camarote. Tão aí na pista por quê? — E a gente agora é cachorro pra obedecer tuas ordens, é isso, Caveira? Se manca. — a Débora completou. O tom dela me acertou direto no estômago. Ela tava de frente pra mim. Sem medo. Sem abaixar o tom. Do jeitinho que só ela sabia ser. E era exatamente a deixa que eu precisava. — Cachorra não, p***a. Mas lá no camarote tem de tudo. Tem espaço, tem bebida, tem segurança. Aqui só tem maluco bêbado esbarrando em vocês. Tu viu essa bagunça? Um monte de o****o aí não para de te encarar. Tão doido pra tomar um tiro na testa, né? — apontei com o queixo pro velho escroto que não tirava os olhos das pernas da Débora. Ele abaixou a cabeça na hora, sem nem contestar. A Mariana caiu na gargalhada. Sabia que o caos tava instaurado. Se afastou já sacando o celular, deixando a bomba estourar ali entre nós dois. Eu me aproximei. Sem cerimônia. Sem medo. Sem filtro. Não me importei com a p**a que eu comia encostada no camarote me encarando, nem com os meus vapor olhando, eu queria mais que visse mesmo. f**a-se. Eu só enxergava ela. Ela era o centro de tudo. Fui pra cima com o olhar cravado nos olhos dela, firme, e parei a centímetros. Segurei a cintura da Débora com uma mão, forte. Colei o corpo dela no meu. A pressão foi tanta que ela perdeu o equilíbrio e caiu de leve contra mim, com um solavanco que fez nossos p****s se encostarem. Eu senti a respiração dela falhar. O corpo dela arrepiar. — Tu tá achando que voltou e que vai ficar solta, Débora? — falei com a voz baixa, rouca, quase um sussurro contra o ouvido dela. — Tu tá muito enganada. Sem dar tempo de resposta, encostei meu rosto no pescoço dela. Dei um cheiro longo, profundo, demorado. E ela se esquivou na hora, mas o arrepio que correu pela pele dela foi visível. Tava entregue e tentando negar. Mas eu sabia. Eu sentia. — Bora. Vamos pro meu camarote. — murmurei, colando a boca perto da orelha dela. Apertei mais a cintura dela, puxando com força, colando o corpo dela no meu. Pra ela entender. Pra ela sentir que não havia espaço pra dúvidas nem pra questionamentos. Ela ia comigo. Era simples. Ela voltou. Mas não pra ficar solta. Não comigo vivo nesse mundo. Se a Débora achava que podia pisar de volta no Jacarezinho e se comportar como se eu não existisse, ela tava sonhando alto demais. Agora, ela ia aprender. A minha mulher não samba no meio da pista pra o****o nenhum ver. Ela samba pra mim.
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