Mariana narrando
— Não. Eu não me importo — falei, firme. Sem hesitar. E quando as palavras saíram da minha boca, eu vi. Vi aquele sorriso surgir devagar nos lábios dele, como se ele esperasse por isso há muito tempo. Como se, enfim, alguma coisa tivesse se alinhado dentro dele. Foi discreto. Mas eu conheço o Pescoço. Conheço no olhar. E aquele sorriso dizia mais do que qualquer outra coisa. Era o sinal.
Eu sabia. Sempre soube. Sempre desconfiei que tudo que ele fazia era por proteção. Nunca foi por falta de vontade. Nunca foi desinteresse. Era medo de me expor, de me colocar numa posição vulnerável, de fazer com que as pessoas falassem de mim, do meu filho. E, na real? Isso só fazia eu admirar mais ele.
Qualquer outro já teria metido o louco. Qualquer outro, em qualquer favela, em qua
