Debora narrando Eu estava sozinha. Pela primeira vez desde o início de todo esse inferno, pela primeira vez desde que a favela virou um campo de guerra e meu coração foi esmagado pela incerteza, eu estava completamente sozinha. A mansão inteira parecia gritar silêncio nos meus ouvidos, como se os cômodos imensos conspirassem pra aumentar minha angústia. E eu andava. Andava de um lado pro outro, como se meus passos pudessem acelerar o tempo, como se meu andar aflito pudesse fazer o celular tocar, fazer ele aparecer. Mas ele não tocava. E ele não aparecia. A tela do meu telefone tremia entre os meus dedos e eu nem percebi que a bateria estava quase no fim. Cada vez que o brilho diminuía, meu desespero aumentava. E se ele tentasse ligar e eu não atendesse? E se alguma coisa tivesse aconte

