A cidade à noite tem um som específico. Não é só carro, sirene ou música perdida nas janelas dos prédios. É um som que mora por trás disso tudo. Um zumbido de atenção. Um aviso. Quem nasceu no crime aprende desde cedo: quando o som muda, o mundo muda junto. E essa semana... esse som tá diferente. Desde o rolê no helicóptero, desde a visita ao Pão de Açúcar, desde o restaurante de luxo, eu tô sentindo. No ar. No vento. No modo como os olhos me seguem nas ruas, mesmo disfarçados. O Rio tá cochichando meu nome. E quando a cidade me chama assim, não é pra me abraçar. É pra testar se eu ainda mereço o trono. Volto com a Dani no carro. Ela tá sentada ao meu lado, com o rosto colado no vidro da janela, admirando a cidade como se tudo ainda fosse um sonho. E eu queria que fosse. Queria que o

