O telefone toca do nada. Eu olho pra tela e o nome dele aparece seco, sem emoji, sem enfeite. Atendo na primeira vibração, coração batendo mais rápido que galinha assustada.
— Alô... — minha voz sai leve, quase riso.
— Oi, estrelinha. — a dele vem rouca, mansa, como se estivesse sentado na minha cozinha, com o cheiro do bolo ainda no ar. — Tava pensando em tu.
A frase me derrete. Apoio o celular entre o ombro e a orelha, começo a rodar a colher dentro da caneca só pra ocupar as mãos.
— E eu tava pensando no teu café. — brinco, mas a voz entrega mais do que devia. — Acho que viciei.
— Eu também viciei. — solta, firme. — Mas já disse que não foi em café, nem bolo.
Meu rosto esquenta. Fico rindo boba, tampando a boca com a palma, como se alguém fosse ouvir de fora.
— Cê fala cada coisa
