67. Daniela

1371 Words

O barulho do motor do carro do hospital estacionando na frente da casa me faz largar o pano de prato molhado na pia e correr até a varanda. O sol já tá alto, castigando o terreiro, mas ali no peito, o calor é outro, é de alívio, ansiedade, uma vontade quase infantil de abraçar meu pai e dizer que tá tudo bem agora. — Meninos, ajuda aqui! — grito, e Dudu já aparece correndo, com Caio atrás. A porta do carro se abre devagar. O motorista, gentil, desce primeiro, depois minha mãe com a bolsa pendurada no braço e o rosto visivelmente mais leve. Por fim, meu pai... com os olhos semicerrados por causa do sol, apoiado em uma muleta de alumínio, o outro pé engessado até a coxa. — Calma, pai. Não força. — digo, chegando rápido pra segurar o outro lado do corpo dele. Ele não fala nada, mas o olha

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