18. Daniela

1124 Words

Eu escolho a hora entre o fim da tarde e o começo da noite, aquela faixa em que o céu não sabe se é laranja ou roxo. A casa tá no embalo: minha mãe mexe a panela com colher de p*u, os meninos brigam por quem vai tomar banho primeiro (ninguém quer), e o rádio tenta sintonizar uma estação que fica fugindo. Pego o celular, respiro, saio pra varanda e encosto a porta devagar, só o suficiente pra deixar a luz de dentro fazer um retângulo no chão. Chamo. O toque m*l completa a segunda volta. — Tô aqui. — a voz dele vem rouca e baixa, como quem sentou do meu lado sem fazer vento. — Eu disse que ia ligar. — me ouço falar com uma segurança que não é de sempre. — Posso fazer três perguntas? — Pode. Faz uma de cada vez. — ouço um som que parece um sorriso. Apoio o celular entre o ombro e a orelh

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