Episódio 1
Aspen, Colorado.
Quatro anos antes
Ela era virgem.
Ela havia decidido permanecer virgem até o dia do casamento.
Ela chegaria ao altar pura, exatamente como os seus pais lhe ensinaram.
A bela loira de olhos castanhos saiu do quarto com as suas roupas de esqui, um sorriso em formato de coração adornando o seu rosto. As montanhas cobertas de neve podiam ser vistas à distância, como um cartão-postal.
Ela estava em Aspen, o seu lugar favorito.
René Dallas tinha vinte e dois anos e namorava Bruno Urbalde havia seis.
Juntos, eles cresceram no mesmo bairro, onde o pai de Bruno havia sido pastor da igreja que os pais de René frequentavam.
Desde a infância, todos sabiam que eles acabariam se casando.
Poucos meses antes, ela havia se formado em psicologia pela Universidade Columbia, em Nova York, como a primeira da turma.
Ela era uma jovem feliz, amada pelos pais.
Com um namorado cristão perfeito.
René só conheceu amor, felicidade e proteção durante toda a sua vida.
Ela vivia numa bolha perfeita de pureza e inocência.
Os Dallas e os Urbal se reuniram durante as férias de Natal para celebrar o noivado dos filhos.
Ela observou as pessoas enquanto saía e não viu nenhum familiar por perto. Ligou para o namorado, mas ele não atendeu.
Eram apenas oito da manhã e ele provavelmente estava dormindo.
Algo caiu nos seus olhos que a incomodou, e ela tirou os óculos para limpá-los.
Ela sofria de astigmatismo severo; sem eles, não conseguia distinguir rostos ou silhuetas. Ela havia passado por quatro cirurgias ao longo da vida, sofrendo muito com cada uma delas.
Ela havia se resignado à sua condição e tentava ser feliz, apesar disso.
Ela decidiu não ficar esperando por eles. Conhecendo a família do namorado e a dela, certamente levariam horas, e ela queria passar o tempo esquiando.
Ela achou que até teria tempo para fazer compras antes de almoçar com eles.
Aquela noite foi especial, pois Bruno finalmente lhe daria o tão esperado anel de noivado.
Ela e a mãe viajaram para Roma naquele ano. Ambas foram a diferentes lojas de luxo, e René não resistiu a ir a uma loja de lingerie. Ela estava tão animada com o seu futuro com Bruno que até comprou uma camisola transparente para a noite de núpcias, o que ela sabia que o deixaria sem palavras.
Tão sonhadora e animada, ela chegou à linha de chegada para esquiar.
Ele a observou a manhã toda, sem conseguir tirar os olhos dela.
Sentado numa área exclusiva do resort, Xander Rutherford, sorrindo, descreveu os movimentos desajeitados da loirinha de cabelos longos.
Ele se sentira atraído por ela em profusão.
— Você vai cansá-la se continuar olhando para ela. Repreendeu o seu irmão gêmeo, enquanto sentava ao lado dele e fumava um charuto.
Xander sorriu, revelando a beleza do seu rosto.
Ele tinha 32 anos. Era um homem muito atraente.
Alto, com olhos e cabelos castanhos e uma barba sensual e bem cuidada.
Ele era um dos magnatas mais poderosos do país e já havia sido nomeado diversas vezes por revistas como um dos homens mais bonitos do mundo, mas nada disso importava para o aventureiro Rutherford, que era bondoso e um cavalheiro em todos os sentidos da palavra.
— Ela é realmente linda. Confessou ao irmão, fazendo com que Xander erguesse uma sobrancelha, irritado.
— Não entendi a piada. Ele pegou o celular, ignorando o ridículo do irmão babando pela garota desconhecida.
Xander, naquele momento, se perguntou o que lhe chamava a atenção naquela mulher.
Talvez as suas deliciosas bochechas coradas.
O seu cabelo dourado.
O seu sorriso de boneca.
Seu irmão o chutou naquele momento.
— Po*rra, cara, você tem namorada e vai ficar noivo hoje à noite. Ele repreendeu.
— Olha quem está falando de moralidade. Zombou Maya, sua irmãzinha chegando para se juntar a eles.
A bela morena beijou os irmãos mais velhos na testa e sentou-se entre eles para observar as pessoas esquiando.
— Só estou olhando para ela. Ele mentiu, pois a estava cobiçando, e por mais que quisesse se repreender, não se sentia m*al pelo que estava fazendo.
Maya olhou para a loira.
— Bem, eu vou gostar de qualquer uma, exceto daquela víbora, da Astrid. Ela deixou escapar.
— Lembro que o nosso irmãozinho vai dar o anel da perdição para aquela bruxa, a Astrid, hoje à noite. Lembrou Alexandre sarcasticamente.
Xander não sabia por que se lembrar de que ficaria noivo de Astrid Harris naquela noite lhe causava um aperto no estômago.
Ele mantinha um relacionamento estável com ela havia sete anos, e estava convicto da sua decisão.
Embora nos últimos meses se sentisse bastante desconectado da morena.
Talvez fosse apenas rotina, ele mesmo não sabia.
Seus irmãos fizeram várias piadas, e ele as ignorou, enquanto os seus pés se moviam sozinhos e ele ia atrás da loira.
— Po*rra, nós o perdemos. Ouviu o irmão dizer.
— Você ainda está a tempo de se arrepender e escapar! Maya gritou para ele.
Naquele momento, ele deveria estar pensando em Astrid, mas a sua mente estava ocupada por uma garotinha que parecia ter acabado de sair da escola.
Ela era linda, no entanto...
Ele a viu tropeçar na neve e gemer.
René sentiu uma dor aguda nas costas ao cair. Os seus óculos também caíram no chão. Ela não conseguia encontrá-los e queria chorar.
Ela se machucou. Pensou Xander, ao vê-la angustiada.
Um desejo de cuidar dela, de confortá-la, surgiu no seu peito. No momento em que viu que ela não conseguia se levantar, aproximou-se e a ajudou. Ela era ainda menor do que parecia.
Ao tocá-la, ele sentiu um choque elétrico percorrer o seu corpo, que o deixou paralisado.
Quando ela levantou a cabeça e olhou para ele de frente, ele se deparou com os olhos e a boca mais lindos que já tinha visto na vida.