• Narrado por Megan •
Olhei minha casa queimar, e imaginava a cena de John queimando ali junto com ela, era o que deveria acontecer, ele era um estorvo na minha vida.
_Vamos, vamos para a casa da minha mãe! -Falei indo até o carro de Nicolas, que se salvou graças a nossa saída para o almoço.
_Sim, mas antes, não deveríamos ficar para ver o que vão dizer? -Falou Hinna com um olhar desconfiado.
_Eles ligam filha, agora vamos! -Falei indo até o carro, enquanto eles me seguiam.
A caminhada foi um pouco longa, na verdade era uma mini viajem. Demoramos cerca de uma hora e vinte minutos para chegar até a casa da minha família.
Meus pensamentos pesavam, eu tinha que encontrar ele, eu precisava saber o que ele queria, eu não queria reviver todo aquele caos novamente.
Hinna havia ligado para minha mãe avisando que chegaríamos, e tenho certeza que ela estava preocupadíssima.
Nick parou com o carro logo ali de entrada, e já vi meus pais correndo até nós.
_Meus filhos! -Disse Ana com um sorriso brilhante.
_Mãe! -Falei ligada a senhora mais elegante que havia no mundo.
_Nossa como minha neta está grande! -Falou ela corrige Hinna como um bebê.
_Oi vovó! Oi vovô! -Falou ela.
_Minha princesa! -Steve disse ao me abraçar. O melhor pai do mundo.
_Nicolas, que prazer! -Aperto de mão e abraço no meu marido.
Enfim, a família reunida aparentando a maior felicidade. Eles nem imaginavam a grande causa da visita.
Entramos todos juntos, Hinna como sempre subiu para meu antigo quarto, ela adorava ficar vendo as minhas antigas coisas, e eu torcia para que tivesse eliminado tudo o que fosse sobre John.
_Me conte o motivo dessas caras? -Falou meu pai, prevendo o estrago.
_Conheço essas caras! -Disse minha mãe com uma voz pavorosa.
_Acho que, ele voltou ... -Falou Nicolas os fazendo assustar.
_Como assim ele voltou? -Disse mamãe.
_Nós o vimos, ele matou a Karyna minha grande amiga, e ele ... -Terminar uma frase era doloroso.
_Ele incendiou a nossa casa! -Falou Nick apertando as minhas mãos.
_O que ? Não posso acreditar. -Minha mãe ficou nervosa, eu tinha medo que isso causasse algum problema à ela.
_Mas, eu pressenti que algo aconteceria, e coloquei todas as economias que pude dentro da minha bolsa, antes de sair. -Falei com um breve sorriso.
_Graças a Deus Megan ! -Falou ela se acalmando um pouco.
_Viemos o mais rápido possível, eu estava pensando que precisamos sumir por uns tempos, despistar ele. -Falei baixo.
_Acho uma grande ideia. -Falou meu pai.
_Por quanto tempo ? E como Hinna fica nisso ? -Falou minha mãe.
_Acho que é hora de ela saber a verdade. -Falei com tremendo desdém.
_Não ! -Falou meu pai.
_Mas, como vamos lidar com isso mentindo tanto pra ela ? -Falei.
_Ela perdeu a casa, quer mesmo que ela fique abalada com uma história dessas ? -Falou ele.
_Ela tem dezessete anos, tudo o que ele quer, é que ela saiba de sua existência, talvez ele suma novamente quando contarmos isso ! -Falei de toda convicta.
_Você só pode estar brincando. -Falou Nicolas se retirando da mesa.
Eu estava apavorada, não sabia o que fazer, talvez eu pudesse mentir um pouco sobre ele ser o pai dela e dizer que é só o tio louco que fugiu do hospício, tudo que ela precisava saber era que ela não podia confiar em ninguém.
Nicolas havia ficado abatido, talvez contar que ele não é o pai biológico o tornaria menos pai dela, pelo menos, ele achava isso.
Criamos Hinna a pão de ló, ela era bondosa e gentil, inocente de muitas coisas ainda, não queria que a situação a tornasse rebelde. Já que em alguns casos de muito estresse, Hinna se tornava um ser completamente frio, o que me deixava assustada, já que ela tinha tendências psicóticas.
•Narrado por Hinna•
O antigo quarto da minha mãe sempre foi cheio de mistérios, hora ou outra eu encontrava bilhetes e cartinhas amorosas, as vezes algumas rosas amassadas no meio dos antigos livros da faculdade que ela trancou uma vez. Eu ficava impressionada com a perfeição daqueles bilhetes, a caligrafia era bem imposta e eu não deixava de imaginar o quanto um dia gostaria de receber bilhetes amorosos como aqueles.
Fui abrir a cortina na intenção de arejar um pouco aquele ambiente esquecido. Vovó o mantinha do jeito que minha mãe deixou, e eu achava aquilo uma graça.
Só sentia grandes pavores quanto ao quarto e o banheiro de hóspedes onde a melhor amiga da minha mãe se matou a muitos anos atrás.
A casa da minha avó era perfeita, tinha histórias maravilhosas e horripilantes, me diz quem não quer viver uma aventura ?
Abri a Janela deixando meus pensamentos sinistros vazarem um pouco, e observei um papel grudado na cortina. Aquele era novo, eu nunca o tinha visto ali antes.
Peguei com uma tremenda sede de leitura, a caligrafia naquele pequeno papel era a mesma que todas as outras.
"Olá minha pequena Hinna"
O papel tinha meu nome, e me assustou um pouco ao ver "minha pequena". Não sabia muito bem como interpretar, muito menos como aquilo teria parado ali, ou mesmo como ele ou ela sabiam que eu estaria ali e o pegaria.
Novamente a confusão em meus pensamentos. Coloquei o papelzinho no bolso e mantive aquilo como um segredo.
Era muito excitante, eu tinha acabado de receber um bilhete igual ao que a mamãe recebia anos atrás.
Devaneios interrompidos por meu celular tocando loucamente. Percebi que a música era diferente dos toques padrões, notei o nome na tela " William". Corri até ele e atendi respirando fundo mantendo a calma.
_William ? -Falei com uma voz forçada ao normal.
_Oi Hinna, tudo bem ? -Falou preocupado.
_Sim e você ?
_Bem melhor agora, fiquei preocupado com você, Ester me contou o que houve, e achei melhor ligar.
_Muito generoso da sua parte William, não sei bem como aquilo foi acontecer, mas graças a Deus estamos todos bem. -Ri
_Eu fico feliz em saber disso. Ester me contou que você viajou para a casa da sua avó, e então eu liguei só pra ter certeza que não vai voltar à tempo para nosso .. Encontro. -Falou envergonhado.
_Poxa, acho que dessa vez não vai dar William. -Falei muito triste com a situação, nem me passou pela cabeça o encontro.
_Bom, não sei se vai achar uma boa ideia, mas eu estava pensando de ir até aí te ver, ter certeza de que está bem. -Falou ele me fazendo corar.
_Acho que não tem problema, só que não é uma cidade tão perto quanto pensa. -Alertei.
_Só me responde se tem problema eu ir, e se não tiver me manda o endereço e deixa todo o resto comigo. -Falou ele confiante.
_Tudo bem, vou só ver com meus pais e já te mando mensagem.
_Ok, vou ficar esperando. Beijo ! -Falou ele rindo.
_Beijo ! -Respondi e Desliguei.
Eu precisava me acalmar, era maravilhoso a sensação de que a pessoa gosta de você, como você dela. Na verdade, era um pouco incomum já que eu nunca havia gostado de alguém tanto quanto dele.
Desci as escadas devagar, minha avó repudiava as corridas na escada de madeira, ela preservava a nossa saúde e tomava toda precaução possível para não me machucar.
Cheguei brevemente na cozinha, meus pais estavam conversando com minha avó, algo sobre não esconder mais a verdade de mim, e algo sobre "Ter sido ele quem queimou a nossa casa".
Não sabia se interrogava ou se saia devagar, a minha vontade era de invadir ali e apontar para todos. Mas preferi interpretar algo ingênuo como meus pais acreditavam que eu fosse.
Assim como todos que me conheciam.
Subi novamente as escadas e desci a mesma correndo fazendo um estrondo para que desse tempo de eles fingirem uma nova conversa.
Dito e feito.
Entrei na cozinha e eles estavam falando de receitas de bolo com creme. O que era até engraçado.
_Hinna eu já não te falei que não é pra descer nas escadas assim, você pode acabar tropeçando. -Disse minha avó a mais ingênua dali.
_Desculpe Vó, eu adoro como essas escadas ecoam. -Ri.
_Estávamos falando do seu bolo favorito. -Disse minha mãe.
Meu pai saiu da cozinha sem dizer nada, ele estava furioso pelo jeito.
_O que deu nele ? -Falei às olhando.
_Ele só está cansado da viajem. -Disse minha avó.
_Você mente muito m*l. -Falei de relance.
_Hinna ! -Minha mãe odiava que eu dissesse " você " ou que opinasse algo que parecesse grosseiro.
_Desculpa. Eu só vim pedir uma coisa. -Falei com um sorriso fraco.
_O que foi querida ? -Disse vovó.
_É que hoje eu ia sair com o William sabe, mas tivemos que vir para cá. E ele me perguntou se ele pode vir aqui mesmo ver como estamos, depois do acidente. -Falei as olhando sérias.
_Não acho que seja uma boa ideia. -Disse minha mãe.
_Eu não me importo que ele venha. -Minha avó contrariou.
_Sim ? - Falei.
_Tá, tudo bem .. -Megan se convenceu.
_Obrigada, vou avisar ele. -Abracei-às e sai às pressas subi as escadas tentando não ser barulhenta.
Avisei William por mensagem de texto e fui me arrumar, eu precisava ficar bonita.
O problema era que eu estava sem roupas, já que todas pegaram fogo.
Optei por usar algumas vezes de minha mãe, ela sempre foi magra e alta, assim como eu, na verdade éramos como reflexo uma da outra.
Olhei seu guarda roupas antigo e peguei um vestido coral lindo que havia lá.
Eu estava ansiosa para que William me achasse bela.
Nunca é tarde pra tentar ser uma princesa ...