Capítulo 3

1146 Words
Anny Acordar depois de uma festa, como foi a minha ontem, é uma missão suicida, quer dizer, a minha cabeça estava estourando, corpo doendo, e zero disposição de ter que me levantar para a realidade. Lembranças um tanto dolorosas, me vem a mente. Ter vislumbrado, mesmo que por um momento, uma das minhas melhores amigas com o meu amor da adolescência, me doeu. Lembrar disso, já fez com que o meu dia começasse r**m. - Anny. - ouvi o toque na porta e logo em seguida a voz da minha prima Sarah. - Oi, pode entrar. - falei já me levantado e indo até o banheiro que ficava no meu quarto. - Que bom que já está acordada. - falou já se sentando na minha cama. - Como você está depois de ontem? - perguntou me encarando. - Morta. - afirmei pegando minha escova de dentes e a pasta. - Nem fala. - suspirou e sorriu. - Tinha tempo desde que eu e Diego nos divertíamos assim. - confessou. - Na Alemanha não tem festas assim? - perguntei saindo do banheiro. - Nada se compara com uma festa brasileira. - falou e eu sorri concordando. - Me ajuda com isso. - pedi apontando para a pilha de presentes que estava ao lado da minha cama. - Agora. - falou, demonstrando empolgação. Ficamos durante toda a manhã abrindo presentes, rindo de momentos da festa, e lembrando do povo fazendo vexame, dos meus pais na pista de dança. - Prima, eu não quero ser invasiva, nem nada, mas o que aconteceu ontem, quando você sumiu? - perguntou. - É que você estava bem, do nada ficou triste e saiu rapidamente de perto da gente. - falou e eu achei fofo o sotaque que já se encontrava na sua voz. - Ah, nada demais... - falei, mas fui interrompida. - Eu vi sua amiga saindo logo em seguida. - afirmou. Contei por alto a minha situação com o Thiago e a Juliana. - Nossa! - exclamou chocada. - Que situação. - completou. - Mas, sendo honesta com você, se essa tal Juliana, que se autodeclara sua melhor amiga, ficar com esse garoto, sabendo dos seus sentimentos por ele, sinto em lhe dizer, prima mas a única amiga de toda a situação é você. - falou e eu suspirei, encontrando certa verdade em suas palavras. - Eu que pedi para que ela ficasse com ele, independente de mim. - expliquei, ainda tentando defende-la. - Não existe isso! - exclamou meio zangada. - Ela sabe que se fizer isso vai te magoar, se ela fizer, ela não se importa. - Tem uma certa razão. - falei incerta. - Mas depois falamos disso. - falou se levantando. - Vamos almoçar. - chamou, me fazendo ver que já estava na hora do almoço. {...} Desci do carro e segui em direção ao parque no centro da cidade. Minha prima tinha me convencido a darmos uma volta pela cidade, com a desculpa de que tinha anos que não vinha aqui, ai eu não pude negar. Meus primos foram fazer um intercâmbio e não voltaram mais, por isso Diego resolveu se reunir com os amigos dele, e eu vim a tiracolo. - Desfaz essa cara, está muito rabugenta, Anny. - Sarah falou me fazendo revirar os olhos. - Chata. - murmurei. - Você. - falou me mostrando a língua. - Vocês estão igual crianças hoje. - Diego resmungou, e ai nós duas mostramos a língua para ele, e caímos na gargalhada logo em seguida. - Ali estão. - falou apontando para um grupo de adolescentes da nossa idade. Eram, mais ou menos, três meninos e duas meninas. - Mas quem é vivo sempre aparece. - um dos meninos falou fazendo meu primo sorrir. - Que saudade! - Diego exclamou feliz. Fomos todos brevemente apresentados. Ficamos um tempo ali na praça interagindo, até resolvermos ir até o MC Donald´s que ficava ali perto, na avenida. Assim que chegamos, pedimos os nossos lanches, cada um pagou o seu, e logo juntamos duas mesas e nos sentamos, fiquei entre minha prima e um dos amigos do meu primo. A conversa fluía e eu tentava me enturmar com o que eu sabia responder, afinal, ir até ali não havia sido uma perda de tempo total. - Você é bem desligada, né?! - ouvi a voz do amigo do meu primo que estava ao meu lado, o Augusto. - Como? - perguntei não entendendo onde ele queria chegar com aquilo. - Eu fui a sua festa ontem, cheguei depois, fiquei com o seu primo e você sequer me viu. - confessou em um tom mais baixo, como se quisesse que eu o escutasse. - Oh! - exclamei. - Isso é sério? - perguntei e lancei um olhar para o meu primo. - Muito sério. - falou e sorriu, e, momentaneamente, eu me perdi em seu sorriso. - Me desculpa? - questionei, sem saber o que falar. - Mas convenhamos, havia várias pessoas, e não era um penetra que me faria prestar a atenção. - falei, dando ênfase na palavra ´penetra. - Touché. - falou me fazendo sorri. - De qualquer forma, feliz aniversário. - falou e eu sorri. - Obrigada. - agradeci. - Sou Augusto, aliás. - falou me estendendo a mão. - Sou Anny, mas acho que já sabe. - falei apertando a mão que me foi estendida. - Mais ou menos. - falou fazendo um draminha com a mão. Eu só sorri e antes de começarmos um novo assunto, o nosso lanche começou a ser chamado e começamos a prestar atenção no pequeno letreio que indicava nossa senha. Depois de pegar e comer os lanches, continuamos a conversa ali no grupo. - Sabe, Anny, eu te achei muito legal, na verdade eu esperava uma patricinha mimada. - ouvi a voz baixa do Augusto. - Patricinha mimada? - perguntei e o olhei. - Eu passo essa impressão? - Um pouco, e para me prova que não estou errado, que tal sair comigo um dia desse? - pediu me surpreendendo. - Sabe que não preciso provar nada para você, né? - perguntei vendo a expressão dele murchar. - Ouch. - falou e passou a mão no peito como se tivesse doendo. - Essa veio aqui. - apontou para o peito. - Mas, não quer dizer que eu não queira sair com você. - finalizei e ele fez cena suspirando aliviado. - Me passa seu número e eu te mando uma mensagem marcando. - pediu esticando o celular. Anotei o número e ele salvou, e, sem novas intervenções, terminamos nosso lanche, e logo cada um seguiu para sua casa. Na hora de nos despedir, recebi um abraço mais longo de Augusto, e uma olhada profunda, que me deixou sem graça e com as bochechas pegando fogo. O dia havia sido melhor do que eu imaginei, afinal de contas.
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