Voltar para a escola depois da minha festa foi engraçado. Algumas pessoas comentavam, outras perguntavam como tinha sido, quem tinha sido convidado e não foi, se arrependeu, depois de ouvir as histórias.
Subi as escadas que nos levava até as salas de aula e acabei encontrando a Camilla no meio do caminho.
- Oi, eu tentei te ligar hoje de manhã para a gente vir juntas para a aula. - ouvi sair da sua boca assim que eu cheguei perto dela, e a cumprimentei com um abraço.
- Eu nem ouvi meu celular tocar, desculpa. - pedi seguindo em direção a nossa sala, só que junto com ela agora.
Fomos conversando sobre alguns assuntos aleatórios, e rindo de alguns momentos da minha festa que fomos lembrando, até ela parar e olhar para frente, me fazendo seguir o seu olhar. Era nada mais, nada menos que minha “melhor amiga” e o cara, pelo qual ela sabia, que eu tinha sentimentos. As palavras da minha prima vieram a minha mente, e realmente ela estava certa. Me coloquei no lugar da Juliana, e pensando bem, eu nunca faria isso com ela, de repente esse era o meu problema, ser leal demais.
- Ei?! - ouvi a voz da minha amiga do meu lado. - Você tá bem? - perguntou, realmente preocupada.
- Tudo bem. - suspirei e percebi que teríamos que passar por eles para entrar na sala.
Respirei fundo e fui, quando a Juliana me olhou, ela sorriu sem graça e deu uma afastada do Thiago.
- Oi, meninas. - ouvi a voz dele, mas nem me dei o trabalho de responder, só entrei direto pra sala e me sentei no mesmo lugar de sempre.
A Camilla respondeu e logo veio na minha direção.
- Como você vai lidar com isso? - perguntou me olhando.
- Ignorando. - dei de ombros. - Não é como se fosse o fim do mundo, uma hora esse sentimento vai passar. - falei tentando convencer a mim mesma.
Peguei meu celular do bolso, só pra tentar fugir dessa conversa e acabei vendo uma mensagem de um número desconhecido.
“Oi, Anny, aqui é o Augusto!”
Sorri de lado vendo a mensagem.
- Tá falando com quem? - perguntou me olhando.
- É um amigo do meu primo, conheci ele um dia depois da festa, ele falou que foi a minha festa, mas eu juro que não vi ele lá. - expliquei.
- Deixa eu ver a foto. - pediu e eu abri a foto que estava no perfil mostrando para ela. - Eu vi esse menino lá, na verdade as meninas tudo estavam doidas nele. - falou e eu semicerrei os olhos para ela.
- Ele me chamou para sair com ele. - contei.
- E tá esperando o que para aceitar? - perguntou me olhando.
- Eu meio que ja aceitei. - confessei respondendo ele.
“Oi, Augusto. Como você está?”
- Se você não tivesse aceitado, eu teria que te bater. - falou me fazendo ri e tirar a atenção do celular.
- Ele é bem legal, até. - falei olhando para a porta e vendo o Thiago dar um selinho rápido na Juliana e sair.
- Não se tortura assim. - minha amiga pediu em um sussurro.
- Pior que agora foi sem querer. - falei e ouvi o sinal da primeira aula tocar e logo vi a galera da minha turma entrar.
{…}
As aulas até que passaram rápidas, eu estava a caminho do meu armário para guardar alguns materiais para poder ir embora quando fui barrada, pela Juliana que entrou na minha frente me fazendo a encarar estranho.
- Oi? - perguntei quando ela não falou nada é só ficou me encarando.
- Eu posso falar com você? - pediu e eu já estava pronta pra negar, quando ela completou. - Vai ser rápido, eu juro. - respirei fundo e assenti, ela deu um pequeno sorriso.
Fomos andando até o pátio, longe dos corredores, e nos sentamos em um dos bancos que tinham ali. Eu não me atrevi a olhar para ela.
- É… - tossiu de leve, talvez tomando coragem. - Eu não gosto de ficar nesse clima com você. - admitiu me fazendo a olhar com deboche.
- Jura? - perguntei.
- Anny, eu te perguntei, você me fez prometer que se eu gostasse dele, realmente, eu deveria ficar com ele. - falou e eu assenti já me levantando.
- Sim, Juliana, eu realmente fiz isso, porque eu sou, ou era, sua amiga e queria o teu bem, e não me arrependo disso, mas não me obrigue a ficar assistindo a tudo isso de camarote, eu desejo que vocês sejam felizes, juntos ou não, mas eu não vou ficar na primeira fileira assistindo a tudo isso. - falei de uma vez. - Se em algum momento você foi minha amiga, entenda isso e se coloque no meu lugar. - falei e sai dali, deixando ela sentada olhando para a direção em que eu fui.
Segui até o meu armário, tinha certeza que meu rosto estava vermelho, eu segurava o choro e para completar, me bati com o Thiago que me olhou estranhando, mas deu de ombros e perguntou:
- Você viu a Juliana por aí? - perguntou olhando ao redor.
- Ela tava no pátio. - falei com a voz meio embargada.
- Você está bem? - perguntou me olhando.
- Aham. - falei, quase enfiando minha cabeça dentro do armário.
- Tudo bem, valeu. - falou saindo dali.
Eu respirei fundo, tentando controlar minha respiração. Meu coração batia acelerado e eu só queria minha cama.
- Amiga, vamos no Bob’s? - ouvi a voz da Camilla, que assim que me olhou percebeu que eu não estava bem. - O que aconteceu? - perguntou.
Contei brevemente a ela o que aconteceu e nós fomos até o banheiro onde eu lavei meu rosto e consegui me controlar melhor.
- Eu gosto muito da Juliana, mas você fez certo em ser sincera com ela, na verdade eu achei incoerente da parte dela achar que seria tranquilo para você ficar ao lado dela e dele como se nada estivesse acontecendo. - falou e bufou nervosa.
- Esquece isso, não quero estragar a sua amizade com ela, por conta dos meus problemas, sério mesmo. - falei e peguei em sua mão. - Obrigada por tudo. - agradeço. - Agora vamos para o Bob’s, eu tô morrendo de fome. - falei e ela deu um sorriso e logo saímos daquele banheiro.