Capitulo 1 - Casamento!
Estava decidido, uma simples assinatura feita em uma folha repleta de regras e exigências selou o destino de Alexandra Salvatierra e Nathan Travelyan para sempre. Um contrato valioso e minuciosamente pensado e cuidadosamente digitado no qual ambos estavam com seu futuro detalhadamente imposto entre as cláusulas descritas e que após suas assinaturas, estavam para sempre unidos e sem direito a quebra ou separação,afinal não há como fazer. O contrato vitalício requer total cumprimento até o fim da vida,não pode ser reincidido ou seja um dos dois precisa morrer para que o outro seja livre novamente. Assim que o acordo é selado, Alexandra e Nathan possuem a vida toda detalhada e seguida através de um contrato amarrando-os até o ultimo suspiro de vida. Difícil não é seguir as regras descritas e manter uma boa relação, a parte mais complicada é não se apaixonar e ter seu coração quebrado no fim das contas.
Já se imaginou casando por conveniência? Certamente que não, Alexandra também não se imaginava trocando alianças com um homem por puro negócios,na verdade nem imaginava-se casando para inicio de conversa. Mas o seu grande dia havia finalmente chegado e estava prestes a jurar amor e fidelidade a um homem que não nutria amor algum. Tudo começou há cerca de cinco meses quando seu pai conseguiu reunir-se com os Travelyan e propôs um acordo, a mostrar-lhe os atributos da sua empresa de advocacia e o quão competentes eles poderiam ser nos ramos dos negócios, e após a segunda reunião na Travelyan Technology o mesmo retornou com caraminholas na cabeça de envolver as famílias neste negócio excepcional, juntar um Salvatierra e um Travelyan em matrimônio como forma de lealdade.
Não obstante digitou um contato vitalício de união no qual as partes envolvidas não poderiam abrir mão do contrato de maneira alguma, o contrato unia-os para sempre e como Rosalba, sua irmã mais nova era jovem demais para casar, lhe sobrou fazer o sacrifício pela grana que a família receberia além do grande prestígio por representar uma empresa de alta patente como Travelyan's Technology no mercado. O único problema seria a união, não que Nathan fosse um partido r**m muito pelo contrario, ele era o desejo de todas as mulheres, e já até dividiram algumas noitadas entre um grupo de conhecidos, mas não haviam trocado um beijo se quer até então.
Já haviam partilhado cerveja, conhaque, vodca, champanhe e outras bebidas com grande teor de álcool mas nada além disso, havia fotos de ambos em alguns lugares, curtindo o momento. ''A herdeira da justiça e o dono do mercado tecnológico curtindo uma noite louca'' foi o que saiu em um dos tablóides no dia seguinte após ambos se esbarrarem em uma casa noturna a meses atrás, e quando o anuncio do casamento se fez publico a cerca de dois meses, os rumores de que já possuíamos um lance quando Nathan ainda estava envolvido com Sharon, um nome também conhecido foi assunto para a semana inteira, sendo que eles já não estavam juntos a cerca de 6 meses ou mais, todavia a imprensa não perdoa e foi dada como causa de uma separação, sendo esta a parte que menos a revoltava nesta história.
Através da noticia com a data da cerimônia, demonstrando a pressa do casal em unir-se surgiu rumores de uma gravidez na semana seguinte e isso juntamente com os preparativos da cerimônia e da festa a consumiram nos últimos dois meses, mas finalmente tudo acabaria, toda correria de convites, prova de roupas,prova de bolos, aprovar o menu , lembranças e tudo que uma noiva precisa escolher havia finalmente acabado e todos estavam prestes a curtir o dia perfeito do casal, não tão perfeito assim.
Apesar de tudo, a falta de sono na noite anterior a cerimônia, ao nervosismo e ao desespero que a consumia e a fez por várias vezes planejar uma fuga, a mesma decidiu por aproveitar o que restava da sua liberdade, e do seu dia de noiva especialmente preparado por sua mãe.
Para iniciar o dia, havia levantado cedo naquela manhã, era impossível dormir até tarde com Wanda batendo em sua porta empolgada com o que estava por vir e foi obrigada a dar um sorriso para a irmã, permitir sua entrada na sua suíte e fazer o seu desejum com ela, ouvindo-a falar que os preparativos continuam a todo vapor desde o dia anterior. O casal optou por alugar um hotel fazenda aos arredores de New York para realizar a cerimônia. Após o café da manhã prontificou-se de receber os melhores cuidados que uma noiva merecia, sua manhã no Spa do hotel foi relaxante, tomou champanhe, fez massagem em todo corpo, lavou cabelo, secou e escovou, enquanto fazia as unhas, um lanchinho especial e balanceado, profunda limpeza de pele, tomou banho em uma banheira com pétalas de rosas vermelhas seguida de maquiagem para a cerimônia e um cabeleireiro cuidou do seu penteado.
Foram longas horas de cuidados, as quais ela desejou não acabar para não ter que enfrentar o momento principal do dia, o temido ‘’sim’’, só de pensar nesta pequena palavra seu estomago embrulhava. Com a permissão do maquiador, ela finalmente pode olhar-se no espelho, sorrindo surpresa ao ver o resultado no reflexo. Seus longos fios escuros foram presos perfeitamente em um coque, com duas mexas soltas a frente para dar um ar mais descuidado, sua maquiagem era clara desde a sombra dos olhos até a cor do batom nude nos lábios, não a deixaram ousar em nada além do vestido e estava mais que conformada com isso, a sua vida dali em diante seria ditada através de um contrato.
Se houve algo ali que ela de fato amou escolher foi o seu vestido de noiva, se casaria sem amor ousaria no modelo até o fim e foi como fez, rejeitou cada vestido comportado e de princesa que lhe foi oferecido nas lojas, nem sequer os provara, somente os mais modernos e indiscretos que poderiam encontrar entre as araras lhe chamavam atenção. Até enfim encontrar um que lhe caiu como uma luva, nada de mangas longas e saia rodada como uma princesa comportada, seu vestido era leve e sensual, de alças finas com renda na parte superior, com dois recortes geométricos mostrando parte da barriga, era apertado e acabava por fim dando mais volumes aos s***s. Na parte inferior em seda transparente com uma f***a até o quadril, nos pés calçava saltos brancos finos de amarração no tornozelo, usava brincos de diamantes pequenos nas orelhas e uma pulseira de ouro branco e diamantes no pulso somente,e seu buque diferente do vestido era simples, pouco volumoso em rosas-brancas.
Toda a decoração da festa era em branco desde as rosas dos arranjos, até as toalhas de mesas, o bolo também todo em pasta branca, os docinhos goumert, cada detalhe ali remeteria a cor a qual todos assimilam a paz, foi mais fácil para ela optar por este tom. Quando pensara nos tons percebeu que não havia muitas opções, não podia ser vermelho pois não havia paixão ou amor, rosa não havia paixão ou gratidão, sobrou somente a cor básica, mas ainda assim bela e tradicional do branco e tinha que admitir todo o projeto foi perfeitamente pensado e colocado em pratica pelo time que ela contratou.
Tudo sempre esteve a altura de sua mão, não desesperou-se tanto nos detalhes, eles a apresentavam tudo e ela apenas os aceitava ou não e ainda assim, mesmo não tendo todo o trabalho e desespero que a maioria das noivas passavam, achou cansativo, não queria nem pensar em como seria se fosse uma dessas noivas que queria ter o dedo em tudo, teria definhado e perdido seu peso em dias.
De frente para a janela da sua suíte a mesma observou o belo dia que procederia o seu casamento, os raios de sol atravessando o vidro claro da janela e esquentando-lhe o rosto numa forma acolhedora de demonstrar que tudo seria perfeito, esperava que sim afinal de contas não casaria novamente na vida, era seu primeiro e ultimo momento, precisava que a lembrança fosse de certa forma boa o suficiente para ela.
Estava tão concentrada em observar o dia e desejar profundamente que valesse a pena, que nem escutou as batidas na porta,ou sua irmã entrando no recinto na companhia de Alba a madrasta/Mãe de ambas desde que Hector decidira casar-se com uma mulher alguns anos mais nova que ele, após anos viúvo desde que a mãe de ambas faleceu.
— Você esta deslumbrante Alex -- Rosa a elogiou chamando sua atenção e a mesma sorri, ela não era a pior das madrastas, a mesma admitia que via Alba como uma amiga e aliada, principalmente quando esta começou a ajudá-la a dar perdido em seu pai quando a mesma começou a se interessar por garotos.
Rosalba “Rosa” usava um vestido em um tom neutro, terreno como areia de praia, de alças finas e caimento plissado abaixo da cintura, seus cabelos castanhos estavam presos em um r**o de cavalo moderninho e sua maquiagem era clara também, mas seus brincos eram duas fileiras de diamantes despencando do lóbulo da orelha, cerca de oito diamantes de tamanho iguais. Estava tão bela quanto a madrasta em um vestido verde água de pescoço e com caimento igual ao de Rosa, plissado e leve, os fios escuros presos em um coque apertado, com joias em esmeraldas no pescoço, orelha e pulso, todo um conjunto caro presente do seu pai no último aniversário de casamento.
— Já podemos seguir, a mestre de cerimônias disse que os convidados estão todos ai e o noivo já esta lindamente esperando -- Rosa fala e piscar para a irmã.
— Lindo ele esta mesmo -- Alba comenta e ambas trocam risinhos
— Um Deus grego -- O comentário de Alexandra as fazem concordar de imediato e sorriram entendendo a referência a descendência de Nathan.
De fato Nathan era um belo partido e quanto a isso ela não poderia de modo algum reclamar. A passos decididos ela caminha até a cama, pegando seu buquê de rosas brancas em mãos antes de encaminhar-se para fora do quarto, temia diminuir a velocidade e acabar desistindo. Sendo seguida pela irmã e a madrasta até a recepção no primeiro andar do hotel, onde a mestre de cerimônias estava aguardando com um ponto preso a orelha conversando com a equipe da festa através do mesmo, usando um vestido justo ao corpo e com fios de cabelos presos em um coque a mesma sorriu para Alex abertamente ao vê-la descer as escadas em seu vestido de noiva.
— Vamos?
— Que noiva decidida e apressada. -- o comentário da mulher quase a fez revirar os olhos, mas optou por um sorriso um pouco forçado e assustou-se quando seu pai surge oferecendo-lhe o braço para guiá-la até seu noivo.
Queria dizer a ele que apesar de aceitar a oferta do casamento e ter assinado aquele contrato maldito não queria casar-se sem amor e que não amava ninguém além dela e de sua família mas tudo seria em vão, já havia assinado e não tinha como voltar atrás, pensava que cometerá um erro mesmo dando-se de certa forma bem com Nathan, sabia que o casamento não seria totalmente um calvário.
A cerimonialista pediu que aguardassem até receber a confirmação de que as boas vindas foram recolhidas, todo convidado foi recebido com um coquetel de boas vindas, uma mistura de água com perfume de limão siciliano, suco de uva com água de coco,queriam garantir a melhor assistência a todos, o calor pedia por essas cordialidades e tudo que o casal e seus familiares foram firmes ao exigir, era o melhor tratamento para aqueles que vieram prestigiá-los.
Assim que liberada encaminhou-se para fora do hotel sentiu-se levemente nervosa quanto ao seu futuro ali traçado, em alguns minutos juraria amor e fidelidade ao seu noivo e não retornaria para seu apartamento de solteira, viveria no apartamento de casada com ele, seriam o casal perfeito aos olhos de todos e provavelmente um dia teriam que ter filhos. Céus ela nem se quer havia pensado nisso antes, ele espera ter filhos? os pais dele sonham em ser avós, seus pais sonham em ser avós? Sabia haver clausula sobre herdeiros, mas optou pular esta parte do contrato ao ler, deveria ter lido tudo, mas o faria após o casamento, saber o que poderia ser urgente ao casal, por quanto tempo a imagem dela e de Nathan poderia ser suficiente a sociedade antes de começarem a cobrar-lhe um herdeiro? Talvez um ano.
Estava tão focada em seus pensamentos que nem percebeu já estar no local da cerimônia, somente quando escutou o gracejo dos convidados que se deu conta da sua localização atual e que não havia como recuar sem envergonhar os seus pais e acabar com uma parceria que tinha tudo para dar certo profissionalmente.
— Sorria Alexandra, não me envergonhe
A voz do seu pai soou como um comando esganado entre os dentes e ele logo sorrio, induzido-a a fazer o mesmo em direção as duas fileiras de cadeiras repleta de convidados da mais alta sociedade nova iorquina, amigos ou conhecidos de ambos o casal, a passos lentos e controlados seguiu o ritmo de seu pai enquanto sorria o mais convincente possível a todos por onde passava.
Somente na metade do caminho ao altar ela finalmente permitiu-se olhar para Nathan, em um terno cinza claro feito especialmente para ele, estava de fato muito bonito como sua irmã e madrasta haviam dito, não negaria que a beleza do futuro marido era motivo de orgulho afinal mataria muito solteirona e casada de inveja ao desfilar com ele exibindo-o como o troféu assim como ele a exibiria.
— Cuida bem dela Travelyan. -- a voz de seu pai sai como uma leve ameaça e o sorriso de Nathan é genuíno, ele estava divertindo-se com o teatro era fato.
— Pode deixar senhor, cuidarei -- ele confirma.
Recebendo-a ao seu lado e as mãos de ambos unem-se uma sobre a outra, a virarem na direção do juiz de paz que iniciaria a cerimônia, assinaram os documentos do casamento e em seguida o padre fez a sua celebração final, em que ambos trocaram as alianças e recitaram os votos de casamento escrito há cerca de dois dias quando se encontraram na sala de Nathan na sua sede da empresa, uma pessoa contratada especificamente os ajudou com os votos e os deixaram parecendo ser escrito por pessoas profundamente apaixonadas.
Após os votos, as trocas de alianças, o beijo foi anunciado e ao tocar dos lábios de Nathan nos seus a mesma sentiu-se estranha, foi o primeiro beijo sem língua que ela deu em anos, não foi nada ensaiado, e nem havia discutido isso com o loiro antes, mas parecia que ambos pensavam da mesma forma, foi um tocar de lábios que durou segundos, mas o suficiente para levar os convidados as palmas ao fim da cerimônia.
A recepção do casamento seguiu-se em tendas transparentes montadas no jardim posterior da propriedade, todas as rosas desde os arranjos de mesa e de toda a decoração era brancas, mesmo em excesso não causava uma poluição visual devido o seu tom neutro, transmitia paz aos convidados foi de fato uma excelente escolha. Uma banda local tocava ao fundo e havia garçons movendo-se entre os convidados servindo-lhe taças de chandon e chardonnay e drinques montados especificamente para o casal, com um menu de bebidas, canapés e por último o de jantar disponível em cada mesa para a escolha e preferência de cada um.
Alex e Nathan dividiam uma mesa redonda, ambos lado a lado observando o desenvolver da festa enquanto apreciavam a suas bebidas e riam observando as pessoas após algumas taças viradas para os dar forças de seguir com o teatro. Necessitaram ergue-se somente quando foi anunciada a dança do casal e ambos puseram-se no centro da pista de dança branca em baixo de inúmeras luzes que seriam somente ligadas quando a noite caísse, dançaram duas músicas, sendo uma delas em espanhol, a mesma fizera questão de ter músicas na sua língua nativa, antes de finalmente a pista de dança ser liberada e o mais novo casal retornar aos seus lugares para receberem as felicitações dos convidados vez ou outra e agora mais alegres, seguiam em sua diversão interna, rindo das pessoas desatentas que não notavam a total falta de sentimento entre eles, e principalmente da dança dos convidados.
— Olha o seu irmão, ele esta dançando ou esta com dor? – Alex questiona a ri após sabe-se lá quantas taças de chandon ingeridas pela mesma desde que sentou.
— Deus, onde esta Thomas para retirar ele dali? -- Nate fala tentando parar de rir da imagem do irmão tentando dançar em seu casamento, era uma mistura de balançar o corpo com golpes de luta no ar ou coisa parecida, de fato faria qualquer um que o observasse rir como ambos estavam a fazer.
Não entendia como o irmão chegou aquele ponto, musica pop não era seu maior talento admitiria e o faria compreender isso depois para evitar vergonhas futuras novamente.
— Sabe o que é engraçado de fato? Estamos nos divertindo em nosso casamento – ela fala rindo atoa e o loiro concorda com ela
— Vem, vamos nos juntar a Nicolas e a sua vergonha alheia -- ele a puxa para ficar de pé e ela segue-o, segurando o vestido para andar sem pisar no tecido longo.
Ela solta o tecido fino enquanto começam a dançar em meio aos amigos, mas foi somente ambos pisarem na pista que a música mudou, a banda começou a cantar uma música italiana lenta e romântica forçando-os as unirem-se numa nova dança.
— A parte engraçada agora é que todos pensam que nos amamos quando somente estamos nos divertindo como amigos. – Nate fala a dançar com ela.
— Touché Nate.
A morena confirma e pisca para ele sorrindo quando Nate a girou puxando-a para colar seus corpos em seguida, era divertido saber que estavam enganando a maioria das pessoas ali presentes e ter que ouvi-los falarem sobre como um casamento era um momento importante na vida de um casal, um novo marco.
Alexandra levemente bebada segurava o riso a todo momento que falavam como eles pareciam um casal perfeito, belos e complementares, já estava um pouco alterada e nem sempre conseguia se conter. Somente quando iniciou-se os brindes dos familiares a mesma obrigou-se a seguir com seu sorriso genuíno e segurar as gargalhadas ao lado de Nate na mesa que partilhavam, precisavam sorrir tranqüilos e segurar a mão um do outro sobre a mesa, hora ou outra sentia o agora marido acariciar suas costas enquanto escutavam seus pais, sua irmã, seus cunhados e sua madrasta assim falarem ao microfone e os desejarem um casamento maravilhoso.
— Vocês serão o casal mais feliz.. hahaha..Meu irmão sabe fazer uma ... hahaha.. ai meu Deus, espera -- Nicolas falava ao microfone com um copo de conhaque em mãos e rindo feito t**o fazendo os convidados rirem junto a ele, era sua segunda tentativa de um discurso comovente para o casal e novamente falhara fortemente — Enfim felicidades pombinhos, sejam muito felizes juntos, procriem muito, é bom fazer bebês, enfim eu preciso ir ao banheiro
O moreno larga o microfone e sai do centro da pista de dança causando risos em todos ali presentes, Alex já estava com lágrimas nos olhos de tanto rir e em breve seria ela a precisar ir ao casa de banho se seguisse nesse ritmo, mas em outro momento e um pouco mais sóbria ela teria mandado o mesmo largar o microfone antes de ameaçar chutar a b***a dele, caso se negasse a obedecer.
Com o cair da noite foi servido o jantar e cada convidado escolhia desde a sua entrada ao prato principal e sobremesa servida disposta no menu do casamento, Alexandra escolheu Mignon de cordeiro ao molho de flor de tomilhos e batatas campestres, já Nathan optou por Robalo ao sal grosso com molho de vinhos, ervas e alcaparrones ambos com um belo vinho tinto para acompanhar a refeição do mais novo casal que apreciara o momento de paz onde ninguém os incomodou para felicitá-los, estavam famintos após a cerimonia, e o que prosseguiu-se até este momento de sossego onde poderiam somente apreciar o jantar escolhido a dedo para a festa.
— Você é um marido legal. -- Alexandra exclama quando está a curtir a pista de dança novamente agora com o DJ a comandar o momento, Nathan havia sido arrastado pelos irmãos e já estava animadinho como a esposa, mas ambos estavam cientes que faziam e pretendiam ficar desta forma até o final da noite. — Um marido amigo
— Amigos -- Nathan levantou a taça e a mesma brinda sem pensar duas vezes.
Alex encontrava-se totalmente a vontade, já estava descalça, os seus sapatos estavam em baixo da su mesa após horas a causando dor a mesma optou por removê-los e ser livre somente no seu vestido dançando e balançando a saia do mesmo exibindo ainda mais a sua f***a a quem quisesse ver. Estava com o seu marido divertindo-se e ninguém ousaria recriminá-la no seu casamento, por isso bebeu o quanto queria, dançou e fez da pista de dança sua área, sabia que Nathan estava próximo a pedido dos seus sogros e do seu pai que não pareciam as pessoas mais felizes com o comportamento da mesma, mas optou por seguir curtindo a ir mandar a mesa de velhos ir direto a merda e deixá-la em paz, seguiria mantendo o seu grande dia da melhor maneira possível e evitar transtornos em memórias futuras com o seu pai e os seus sogros a odiando.
Parou de beber no momento em que começou a tropeçar na saia do próprio vestido, e passou a beber água para se recompor totalmente, já estava suada das horas de dança ao lado do marido e dos amigos. O teor de álcool no sangue já havia chegado ao seu limite de controle, mais um pouco e ela deixaria de ser a Alexandra e se tornaria a pior versão dela, seria demais para este momento. Mas seguiu rindo com marido sempre que ambos percebiam onde estavam e como estavam ferrados a partir daquele momento, eram casados e não se amavam, como seguiriam desta forma sem odiarem um ao outro?, Ambos eram amigos, mas não os melhores amigos, ainda assim tinha a leve chama da esperança de que conseguiriam fazer dar certo se respeitassem os limites um do outro.
Os convidados ainda estavam nas tendas quando Alex jogou seu buquê e seguiu com Nathan sob cuidados do motorista para o hotel onde passariam sua primeira noite de casados, pensar na noite de nupcias com ele a fazia rir no banco de trás mesmo já estando um pouco melhor, após beber algumas doses de água para diminuir o álcool no seu sistema, ainda assim imaginar o que fariam para passar a noite a fazia rir achando graça da situação na mesma intensidade em que estava nervosa e até desesperada.
— Do que tanto esta a rir Alex?
Nathan a tira de seus pensamentos e a mesma enfim o encara sentada ao seu lado na limusine branca que partilhavam.
— Estou imaginando o que faremos para passar a noite. – ela o responde e ele parece compreender.
— Oh!
É tudo que sai da boca de Nathan ao compreender, o mesmo já estava sem seu paletó desde as horas que passou dançando e este agora pairava sobre os ombros da mesma em seu vestido de alcinhas, a sua gravata borboleta também já estava solta em seu pescoço após sentir-se sufocado devido esforço de todo o dia. Assim que ambos cortaram o bolo e fizeram mais fotos para o álbum de casamento, livrou-se da peça abrindo-a e sentindo-se um pouco mais livre.
— Juro que não estou bêbada, não totalmente -- ela começa respondendo e o faz sorrir, de fato Alex não estava em seu juízo perfeito pensava ele.
— Gostou do casamento?
— É, foi melhor que eu imaginei devo admitir Travelyan. -- ela responde e apoia a cabeça no ombro dele aguardando até chegarem ao hotel reservado, só levantariam voo para a lua de mel nada convencional deles na manhã seguinte — Eu sou a Sra. Travelyan.
— Sim, você é agora. – ele concorda.
— Merda!
Alex fala a suspirar e fecha os olhos, compreendendo o que as ultimas horas mudaram em sua vida.
— Acho que eu não precisava a carregar se não somos um casal convencional afinal. – Nathan fala a colocando no chão da cobertura do hotel.
— Meus pés estão doendo, é sua obrigação agora que é meu marido.
Alex fala a atravessar a sala da mesma junto a ele, e ao abrir a porta que dava acesso ao quarto recebendo o impacto do que aquilo indicava, estavam casados e tudo estava preparado para uma noite de amor, com as rosas vermelhas espalhadas na cama, o carrinho com um balde de gelo e uma garrafa de champanhe, duas taças e uma porção de morangos e algumas frutas dispostas para eles exibiam em sua total composição o que lhe era esperado da primeira noite do casal, sexo e somente isso.
— Não vamos t*****r, vamos? -- Alex questiona parada ao lado dele com uma expressão de quem havia pensado a mesma coisa que ele ao ver a arrumação do quarto que os aguardava.
— Não, mas vamos beber esse champanhe, e vamos nos divertir como um casal de amigos. -- ele responde e ela concorda sorrindo e largando os sapatos no chão, e em um baque único os dois objetos tocam o chão enquanto ela corre até a garrafa de champanhe a pegando e lança ao marido, observando ele em segundos estourar a mesma, fazendo espuma surgir da mesma, ele a chacoalha e gotas de chandon espalham-se pelo cômodo enquanto Alex bate palmas, animada, finalmente poderia ficar bêbada sem ser julgada, estavam na privacidade de sua noite de núpcias e não era necessário dormir com o marido.
— Não dormirei com você a menos que sinta vontade – Alexandra declara a Nathan quando estavam finalizando sua segunda garrafa de Chandon, haviam pedido uma segunda assim que a primeira acabou.
— Não seria capaz de lhe obrigar a nada Alex. -- ele exclama da banheira onde estava aproveitando a hidromassagem.
As palavras dele a tranqüilizam, temia que ele estivesse esperando por ela ceder e deitar com ele, mas ouvir o mesmo afirmar que não a obrigaria e nem tentaria nada, a deixa mais tranqüila, e isso é visivelmente notado por ele através da expressão facial da sua então esposa.
Enquanto isso a morena estava envolta de uma roupão do hotel sentada na borda da mesma tomando sua taça de champanhe em mãos, estava novamente chegando ao seu limite, a ponto de invadir o banheiro onde o mesmo estava, a quantidade de espuma a impedira de ver qualquer coisa e ela se negava a mudar seu foco do rosto de Nathan, se é que ainda tinha foco de fato, o mesmo não passava de uma imagem desfocada, um belo rosto loiro desfocado.
— Você esta bem? – Nathan a questiona e ela confirma levemente.
Demonstrando a dificuldade em fazer o simples gesto de concordar, de fato havia bebido além do limite naquele dia e estava começando a ceder ao cansado do corpo, somado ao álcool que ingeriu nestas horas de festa e o pós festa. Ela escorrega levemente, quase caindo dentro da banheira, mas ele a impede que caia, e ela sorri tentando corrigir sua postura. Por fim levantando da borda da banheira, e ao virar o restante do champanhe na garrafa direto na boca, ela larga a garrafa vazia dentro da pia do banheiro.
— Você é um borrão -- a mesma exclama antes de encostar-se na pia a piscar os olhos várias vezes, tentando manter o foco e falhando.
Preocupado Nathan a segue com o olhar, observando a esposa caminhar e cambalear até a cama do quarto, onde deita-se a jogar-se sobre a cama, caindo sobre a mesma atravessada e sem reagir mais. Ele sorri desacreditado, a mesma havia desmaiado em pela noite de núpcias, seria uma história cômica a ser lembrada um dia, porém naquele momento tudo que ele conseguia pensar era que provavelmente estava casado com uma versão feminina do seu irmão mais velho, do tipo que perde-se na bebida e faz coisas engraçadas e vergonhosas, e como dava-se bem com o irmão, imaginava e torcia para dar-se bem com a esposa também, antes uma amiga e bêbada, que uma estranha superficial a qual dividiria os próximos dias de sua vida.
Para Nathan inicialmente pareceu insano a ideia de casar-se com alguém que não amava, nem quando estava apaixonado pensara na ideia do matrimónio, não acreditava que a paixão fosse sentimento suficiente para unir-se a alguém, afinal o exemplo que tinha em casa era de sentimento e parceria, os seus pais tinham um duradouro e belo relacionamento, e sempre soube que se um dia fosse unir-se a alguém definitivamente queria que fosse da mesma forma, queria encontrar o que os pais encontraram. Mas ali estava ele, amarrado a Alex, uma mulher que tinha uma personalidade exatamente oposta a ele, e precisaria descobrir qualidades as quais admirar nela, precisaria tornar o menos difícil possível a relação deles, encontrar formas de fazer dar certo, pelo que tempo que fosse durar e este prometia ser longo. Pensar que poderia estar unido a alguém a qual não aprenderia a gostar da companhia foi assustador a início, mas tendo conversado, divertido-se e aproveitado o dia que prometia ser tenso e desconfortável ao lado da atual esposa, o deixou um pouco mais relaxado, talvez nem tudo estivesse perdido, e fosse possível tornar este casamento numa relação amigável, para criar e viver bons momentos lado a lado, teriam que fazer de alguma forma, e do jeito deles as coisas darem certo, pois não tinham a opção de não fazer dar certo.