Introduzindo-me

1171 Words
Sei o que está pensando. Essa é só mais uma história de amor. É só mais uma história boba onde todo mundo vive de acordo com o planejado. É só mais um casal clichê. Bom, infelizmente, estou aqui para frustrar suas expectativas: Essa não é só mais uma história de amor. Pelo contrário. Eu acho que essa será a história mais confusa que você vai ler. Não posso dizer que você vai torcer por mim todas as vezes, eu sou difícil, tenho uma personalidade forte e, às vezes, sou mimada, então, sim, pode acontecer de você querer fechar a aba desse livro e nunca mais voltar. Mas pode acontecer que você se identifique comigo. Afinal, todo mundo é um pouco assim. Ou sou só eu que morro de preguiça de protagonistas que são 100% boazinhas?! Você também? É, eu sei por que. Porque elas não existem na vida real! Seria injusto vir aqui e te mostrar um ponto de vista que só eu estou certa o tempo inteiro, isso não existe. Sou humana e reconheço esse meu lado r**m, malvada, um lado que mataria todo mundo se pudesse. Mas, também sei ser amor quando eu quero, também sei estender a mão, também sei ajudar. E sabe por que eu não preciso te dizer nada disso? Porque se você continuar lendo, irá descobrir exatamente isso. Na vida, não existem personagens bons ou ruins, existem seres humanos. Que erram, pecam, e seguem suas vidas. Por favor. Não seja hipócrita! *** Enquanto todos se aprontavam para ter seus dia-a-dia em casa, eu estava de frente ao computador preparando artigos da faculdade. Chega uma fase na nossa vida em que a nossa única preocupação é simplesmente estar em dia com todas as atividades acadêmicas. Bom... Minha vida era ótima quando era apenas isso com o que eu me preocupava. Como um trator, minha irmã mais nova, Sofia, entra no quarto, começa a pular em cima da cama e gritar que é a nova “Capitã Marvel”. Eu me virei, já irritada, peguei uma almofada que estava ao meu alcance e arremessei nela, que caiu de b***a na cama em que pulava. Sofia já estava acostumada com meu mau humor, e isso a impediu de chorar, lembro que no início era ensurdecedor ouvi-la chorar. – O que você quer? – perguntei, a encarando alisando as pernas doloridas. – Só quero ficar por aqui. – Você não tem que ir à escola? – Tenho, mas não vou. – Por que? – Sofia tinha essa mania irritante de dizer as coisas pela metade só para me m***r de curiosidade. Minha ansiedade me consumia toda vez que ela fazia isso. – Ué, porque sim. – Diz logo, pirralha! – Gritei. – Estou com febre. – Isso é mentira. Ela sorriu de canto e veio até mim. Sofia pegou minha mão e encostou-a no seu pescoço. Estava muito quente. Ela estava com febre mesmo. Depois ela mesma soltou minha mão e se sentou perto de mim. – Ok, você está com febre, e daí? – Retruquei. Não queria dar meu braço a torcer. – Não posso ir com febre para o colégio. – Bom argumento. Agora desaparece. Estou atolada de coisas! – Safira. – Ela chamou meu nome, agora de um jeito mais dengoso. – O que é dessa vez? – Estou com fome. – Ué. Então faz você. Você tem 10 anos, sabe muito bem como assar um pão. – Não tenho forças. – Ah, mas pra pular em cima da cama tinha, né?! – Ela sorriu mais uma vez mostrando aqueles dentinhos tortos. – Cadê o papai e a mamãe? – Indaguei, já me dando por vencida. – Já saíram. Bufei. Eu também estava com fome então aproveitaria e faria o bastante para nós duas. Virei meu olhar para o dela novamente e disse:  – Quero você quieta o dia inteiro! Caso contrário conto tudo para a mamãe! Ela fez que sim com a cabeça, por mais que a gente saiba que ela não tem um pingo de medo de mim. Ou da mamãe. Quando desci as escadas em direção a cozinha a campainha toca. Abri a porta no segundo toque. Era um policial, ele colocou seu distintivo na mão e me mostrou, para garantir-me firmeza. Ele sorriu e eu o abracei, logo antes dele me depositar um beijo. – Jasper! – Oi, amor! – Por onde você andou? – Questionei. – Tivemos uma emergência aqui nessas redondezas. Não podia deixar de vir ver você. – Quer entrar? – Só por um instante. – Ele afirmou, entrando e fechando a porta. Sofia correu de onde estava e pulou nos braços deles. – Sofie! – Exclamou. – Você está com febre – Observou com os olhos fixos em mim. – Eu sei – Afirmei. – Mas ela está bem, é provavelmente só uma virose. – Deveria leva-la ao médico. – Eu não tenho tempo, amor – Respondi – Quando meus pais chegaram, eu digo para a levarem. – Eu posso levar vocês. Sabe o quanto eu me preocupo com a sua irmã. – Sério? – Eu insisto.  Eu revirei os olhos e me dei por vencida. – Vou tomar um banho, então. – Disse, virando as costas. – Enquanto isso, pode espremer uma laranja e fazer um suco para a sua bebezinha? – Indaguei. Ele sorriu e pegou novamente Sofia, a colocou na corcunda e a levou até a cozinha enquanto os dois riam alto. Jasper e eu namoramos há cinco anos. Nos conhecemos quando ele ainda não era policial, mas sempre teve um senso de justiça muito aguçado. Jasper é amoroso, e dedicado em tudo o que faz, inclusive comigo. Por isso vivemos tão bem há tanto tempo. Ele, assim como quase todos os policiais, é alto e forte, pele bronzeada e braços e pernas torneadas. Nos conhecemos em uma festa de aniversário a fantasia. E é claro que ele foi de policial. Eu lembro de encará-lo, e tê-lo achado muito bonito, mas quando ele se aproximou, eu dei uma de difícil. Funcionando ou não, eu acabei no seu apartamento naquela madrugada. Não sabia muita coisa sobre ele, mas me encantou o fato dele não ter me tocado naquela noite. Pelo fato de eu não estar acompanhada e bêbada, insisti com veemência que fossemos até a casa dele, que já morava sozinho naquela época. Acabamos indo, mas quando chegamos lá, ele fez uma cama para si no sofá, eu deitei na cama, e depois que o filme na televisão acabou, dormimos. Eu achava que não ia lembrar disso, mas acho que tocou em um ponto especial em mim, então nem a bebida conseguiu me fazer esquecer. Ele só tinha 21 anos, eu pedi que ele me levasse até seu apartamento. Mas ele nem sequer tirou minha roupa. Sei que não passou de sua obrigação, mas no país que vivemos, na realidade em que vivemos, isso já era motivo suficiente para ser admirado. Depois disso, só me lembro de me apaixonar todos os dias um pouquinho mais. 
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