Martelo Narrando Subi a ladeira da 12 com a Patrícia na minha garupa. Dava pra ver o peso no rosto. Os olhos vermelhos, o corpo marcado. Eu fui em silêncio, deixando ela respirar, mas dentro de mim o sangue fervia. Conhecia histórias do TH, já tinha ouvido falar das covardias dele, mas ver alguém chegar daquele jeito, machucada e tremendo, era outra coisa. — É aqui. — falei, parando em frente ao barraco ajudando ela a descer da moto. Essa casa era da minha mãe, dona Fabiana. Mulher de fibra, dessas que seguravam o morro só com o olhar. E já do portão eu vi que ela tava lá fora, de braços cruzados, esperando. Ao lado dela, Kiko, um dos vapores mais novos, se ajeitava nervoso, com o fuzil pendurado no peito. — Meu filho… — a voz dela veio carregada de preocupação quando me viu chegando.

