📖 [Narrado por Amara] A gente subiu o morro como quem sobe pra outra vida. Mas eu não olhava pra trás. Nem pro sangue seco na porta da casa antiga. Nem pros buracos de bala na parede. Nem pro gosto de guerra que ainda escorria da minha garganta. Eu só olhava pra ele. Pro homem que me puxava pela mão sem dizer nada. Mas dizendo tudo. A mão quente. Firme. Mandona. Viva. E o cachorro do lado, como se soubesse o caminho de cor. Subimos ruelas, becos, vielas que pareciam nunca acabar. Até que o barulho do mundo foi ficando distante, pequeno, abafado. Quando a gente virou a última curva, eu vi. A casa. E, por um segundo, parei. Era bonita. Linda, na real. De um jeito inesperado, estranho, quase poético. Duas janelas grandes na frente. Varanda com rede. Porta de madeira forte. U

