📓 NARRADO POR AMARA – A VENDIDA INDOMÁVEL — Ele saiu. Porta fechada. Chave girada. E o som da liberdade sendo engolido pela tranca. Fiquei parada no meio da sala. O coração batendo no ritmo daquele “se tu me tirar a escrita, tu me mata” que eu tinha jogado no ar. Será que ele entendeu? Será que doeu nele? Não sei. Mas doeu em mim. Doía ainda. Cada vez que eu lembrava do som da folha rasgando, da risada da Regina enquanto me chamava de louca, de inútil, de aberração… era como se a faca entrasse de novo. E de novo. E de novo. Engoli seco. O silêncio da casa era pesado. Denso. Tipo manto molhado grudando no corpo. Mas eu não ia deixar me engolir. Não hoje. Porque hoje, c*****o, era meu aniversário. E mesmo que o mundo me deixasse trancada nesse cubículo, eu ainda tava viva

