📕 NARRADO POR NILO TAVARES
A madrugada é minha.
Desde moleque.
Quando a quebrada dorme, eu fico de olho.
Quando o mundo cochila, eu levanto.
Foi assim que sobrevivi até aqui.
E naquela noite... não era diferente.
Quer dizer, era.
Porque ela tava ali.
E mesmo trancada naquele quarto, ela ocupava a casa toda.
Com o cheiro, com o silêncio, com o peso da presença.
Ragnar ainda tava perto da porta.
Quieto.
Sentado, mas alerta.
Me abaixei devagar.
— “Boa, meu rei…” — murmurei, passando a mão na cabeça dele, sentindo o focinho encostar na minha coxa.
Ele arfou baixinho, ainda com a pulsação alta.
— “Ela gritou, né?” — falei, como quem conversa com um parceiro de guerra. — “Gritou bonito… grito de alma suja. Aquelas que vem lá de dentro.”
Fiquei ali uns segundos, só fazendo carin
