📕 NARRADO POR NILO TAVARES A Fortaleza não é lugar. É sentença. É o tipo de espaço onde até o ar pede licença pra entrar. Não tem placa, não tem cor, não tem viva alma na porta. Só concreto, câmera e o tipo de silêncio que tem cheiro de sangue seco. Quando parei a moto, o portão nem demorou. Já tavam me esperando. Desci. Botei os pés no chão com o mesmo barulho que faz o início de um tiroteio: calmo demais. Cigarro na boca, mão no bolso, corrente da chave no pescoço. Dois homens abriram a entrada. Não falaram nada. Não precisam. Ali, a palavra só existe quando é pra matar ou morrer. Entrei. Corredor de pedra fria, luz baixa, cheiro de vela e pólvora. Piso encerado com o suor de quem nunca voltou. Nos quadros das paredes, só retrato de morte: fotos antigas de chefes que subir

