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— Merda.
— Você beija a sua mãe com essa boca?
Margo riu enquanto eu olhava com pesar para o resto do meu café gelado. Foi exatamente a isso que o meu dia foi reduzido. Merda total, e só estava piorando. Esta manhã, ao sair para o meu carro, escorreguei e caí. Então, depois de entrar no meu carro, percebi que o aquecimento parou de funcionar. Agora, minha bebida estava praticamente toda espalhada pela mesa.
Revirei os olhos petulantemente para ela. Peguei um punhado de guardanapos do dispensador, observando a garçonete familiar, Rebecca, olhar para mim.
— Mas eu juro para você, hoje não é o meu dia.
— Olha — ela começou, antes de tomar um gole rápido de seu café com leite —, talvez seja apenas estresse? Você ficou muito nervosa nos últimos dias.
Ela colocou uma mecha de seu cabelo loiro atrás da orelha e olhou para mim com olhos azuis carinhosos. Suspirei. Ela estava certa. As provas finais estavam chegando e eu estava estudando muito; fora isso, estava tentando manter o equilíbrio entre trabalho escolar, socialização e trabalho. Mas isso não era nada em comparação ao meu namorado, Josh, que estava se tornando mais um incômodo do que qualquer outra coisa.
— Só estou tentando fazer tudo funcionar, não ajuda muito quando pequenas coisas como essa… — Apontei freneticamente para a mesa. — Arruínam o meu dia. Juro para você, Margo, estou pirando.
Eu estava surtando. Deixei meus ombros caírem, me sentindo derrotada. Eu não tinha certeza se o que eu precisava era de uma boa transa, uma garrafa inteira de tequila ou dormir por um mês, mas algo tinha que acontecer. Margo segurou a minha mão de forma tranquilizadora.
— Pronto. Eu sei exatamente do que você precisa.
Ela tirou a mão da minha e pegou uma sacola, antes de vasculhá-la rapidamente. Ela tirou ingressos da sacola, e um sorriso rapidamente se espalhou pelos meus lábios.
— O que é isso? — Eu perguntei animadamente. Ela saltou em seu assento, com um grande sorriso no rosto, aguardando a minha reação.
— Adivinha?
*Por favor, diga-me que estes são ingressos para o show…*
— Twenty One Pilots! — Gritamos simultaneamente. Apertei-os contra o peito e soltei a respiração que prendi. Balancei a minha cabeça em descrença para ela.
— Como você conseguiu isso?
— Ganhei um dinheiro extra. Queria fazer uma surpresa para a minha melhor amiga.
Ela deu de ombros, revirando os olhos como se não fosse nada, mas no fundo eu sabia que demorou muito para ela conseguir isso. Eu tive que reconhecer que ela realmente sabia como lidar com as coisas. Foi um presente.
— Quando é?
— 25 de fevereiro!
Meu rosto caiu. Isso não poderia estar acontecendo comigo. Ela franziu a testa e colocou as mãos sobre a mesa, inclinando-se para mais perto de mim com cautela no olhar.
— O que foi? Parece que o seu coração foi dividido em dois.
— Eu deveria estar no Maine visitando a bisavó de Josh. Ela está comemorando o seu aniversário de 90 anos…
Ela acenou com a mão com desdém.
— Então não vá. Você só está com o cara há alguns meses…
— Meio ano — corrigi, sabendo muito bem que ela sabia há quanto tempo estávamos juntos. Josh e Margo não se davam bem. Isso tornava o encontro estressante, então, eventualmente, paramos de sair juntos. Quero dizer, somos todos adultos de 23 anos que não suportam ficar todos juntos em uma sala.
— Foi o que eu disse. Apenas ignore. Diga a ele que você tem algo importante para fazer.
— Não quero nem imaginar no que isso daria — eu admiti, enquanto pegava outro punhado de guardanapos. Meus lábios estavam em uma linha firme quando Rebecca passou pela mesa novamente, o olhar azedo em seu rosto era permanente. Este café em particular, The Spot, é o nosso lugar favorito, mas a garçonete nunca gostou de nós, provavelmente porque ela tem quase cinquenta anos e trabalha em uma cafeteria, quando deveria estar se preparando para a aposentadoria. — Além disso, se eu conseguir evitar outra briga, gostaria de continuar assim.
Margo gemeu e pegou os ingressos de mim, colocando-os de volta na bolsa.
— Tudo bem — ela disse, um pouco chateada.
— Desculpa! — Eu implorei a ela, com uma expressão sincera em meu rosto. Eu teria dado qualquer coisa para ir ao show, mas quão insensível seria recusar ver uma mulher que provavelmente morrerá em breve?
— Tanto faz… apenas compre um biscoito para mim e ficaremos empatadas — ela insistiu.
Fiquei boquiaberta.
— Você, senhorita Margo Lane, é uma pessoa manipuladora — eu zombei.
Ela revirou os olhos e balançou a cabeça lentamente, enquanto batia os cílios inocentemente.
— Eu não sei do que você está falando.
— Vou pegar o seu biscoito e******o — resmunguei e me afastei da mesa, apenas para escorregar nos guardanapos encharcados que estavam no chão e cair nos braços de um estranho. Seus braços estavam firmes em volta da minha cintura e, quando finalmente recuperei o fôlego, olhei para ele.
Lindo era um eufemismo. Angelical era até um eufemismo; este homem era piedosamente atraente. Com uma mandíbula esculpida, pele clara cor de café e um sorriso tão deslumbrante que esqueci em que universo estava, ele riu. O som era profundo e rouco, tão melódico que me senti com vontade de me juntar a ele. Seus olhos escuros procuraram o meu rosto enquanto ele me ajudava a ficar de pé.
— Você está bem, senhorita?
O leve sotaque em sua voz fez com que suas palavras fluíssem como seda de seus lábios.
— Você está machucada? — Ele falou novamente, esperando pacientemente pela minha resposta. Balancei a cabeça, porque todo o funcionamento normal do meu cérebro deixou de existir para mim, quando ele tirou os braços da minha cintura. O terno Armani escuro que ele usava definia seus músculos em todos os lugares certos; eu estava praticamente babando.
— Sim. Obrigada por me pegar — eu respondi, orgulhosa por minha voz não ter tremido como a adolescente excitada em que eu parecia ter me transformado.
— O prazer foi todo meu — ele respondeu, e tive a leve noção de que ele estava insinuando mais do que apenas ser um cidadão prestativo, e o calor no meu rosto me fez voltar a minha atenção para Margo. Seus olhos estavam arregalados enquanto percorriam o traje do homem.
— Eu estava voltando para o balcão — ele falou. Margo olhou para mim e ergueu as sobrancelhas sugestivamente. Quando não respondi, ela rapidamente falou:
— Ela estava indo para lá também. Ela pode acompanhá-lo.
Atirei um olhar astuto, enquanto o homem sorria e balançava a cabeça gentilmente.