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De patricinha a Bibi perigosa

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Maria Clara nasceu em um berço de ouro, mas nunca perdeu sua humildade, apesar de viver em uma bolha. Porém tudo muda quando conhece sua melhor amiga, Maria Júlia vulgo Maju.

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Capítulo 1
MARIA CLARA NARRANDO Desde que eu me entendo por gente, a minha vida sempre foi dividida entre dois amores: meu pai e minha vó. Cresci cercada pelos braços dela, acolhida no colo macio que tinha cheiro de café recém-passado e sabonete de lavanda, enquanto meu pai corria atrás de tudo para me dar o melhor. Eu não lembro muito da minha mãe — aliás, lembro pouco, quase nada. Mas as histórias que me contam já me bastam para entender o tipo de pessoa que ela foi na minha vida: alguém de passagem. Quando eu tinha apenas três anos, ela decidiu que não queria ser mãe. Disse que criança atrapalharia a vida dela, que meu pai que se virasse, porque dinheiro ele tinha. A verdade é que ela nunca quis me ter de fato; engravidou achando que seguraria meu pai no cabresto, só que ele não caiu na armadilha. Meu pai sempre foi esperto. Ele a conhecia bem o suficiente para perceber que aquele amor não era amor, era interesse. E, no meio da gravidez, o relacionamento deles acabou de vez. Ela achou que a gestação iria prendê-lo, mas só serviu para mostrar ainda mais quem ela era. E, quando eu nasci, foi como se ela tivesse assinado um contrato de abandono: me entregou para o meu pai e lavou as mãos. “Não quero cuidar de criança”, foi o que disse. É duro pensar nisso, mas ao mesmo tempo… não me dói tanto quanto poderia. Porque eu fui criada por pessoas que realmente me amaram. Meu pai me acolheu com toda a garra que um homem jovem podia ter, e junto com ele veio o coração gigante da minha vó, Dona Conceição. E foi ela quem realmente me deu a sensação de maternidade. Foi ela quem acordava de madrugada quando eu chorava, quem me ensinava a andar, quem trançava meu cabelo quando eu era pequena, quem vibrava em cada conquista escolar. Minha vó foi — e ainda é — meu porto seguro. Graças a Deus, nunca me faltou nada. Meu pai sempre teve uma condição boa, trabalhava firme e com inteligência. Desde cedo me deu uma educação de qualidade, me colocou em boas escolas, me ofereceu uma vida confortável. Mas, mais do que dinheiro, o que nunca faltou foi amor. Isso fez toda a diferença. ⸻ No ano passado, quando terminei o ensino médio, eu me vi naquela encruzilhada de escolhas que todo mundo enfrenta: “O que eu quero fazer da minha vida?” Sempre gostei de estudar, mas não foi fácil decidir um caminho. Pensei em psicologia, pensei em administração, pensei até em moda… mas quando percebi a paixão que sempre tive por alimentação, bem-estar e saúde, me vi completamente encantada pela ideia da nutrição. Eu queria ajudar pessoas, queria cuidar, queria transformar vidas através daquilo que a gente coloca no prato. E pronto, estava decidido: Nutrição seria o meu futuro. Hoje, esse futuro começa. É o meu primeiro dia na faculdade, e eu não consigo evitar o frio na barriga. Acordo com o barulho estridente do despertador, aquele som que parece martelar direto na minha cabeça. Por alguns segundos penso em fingir que não ouvi, enrolar mais uns minutos, mas logo a ansiedade fala mais alto: hoje não é um dia qualquer. Hoje é o começo de tudo. Levanto com preguiça, arrastando os pés pelo quarto até o banheiro. O chão gelado me desperta um pouco. Faço minhas necessidades, escovo o rosto, deixo a água fria me dar o choque de realidade que eu preciso. Depois, entro debaixo do chuveiro quente. Ficar ali, sentindo a água cair, é quase como um ritual de purificação. “Vai dar tudo certo”, repito baixinho para mim mesma, como se fosse uma oração. Depois do banho, passo meu creme preferido, aquele que deixa a pele macia e com um cheirinho doce. Abro o guarda-roupa e penso na roupa. Quero estar confortável, mas também quero passar uma boa impressão. Afinal, é o primeiro dia, né? Opto por uma calça wide leg de lavagem clara, um cropped branco tomara que caia, e como o clima está friozinho, completo com um casaquinho de crochê branco com detalhes em azul que minha vó mesma fez para mim. Nos pés, meu tênis branco da Fila — confortável e estiloso. Sento diante do espelho para arrumar o cabelo. Meu cabelão claro, volumoso, sempre pede um pouco de paciência. Penteio com cuidado, aplico um olhinho nas pontas para dar aquele brilho saudável. Depois, parto para a maquiagem: nada exagerado. Corretivo nas olheiras, blush para dar cor, rímel para abrir o olhar e um gloss brilhante finalizado com um batom nude por baixo. Quando me olho, gosto do que vejo. Eu realmente me amo. Sei que tenho minhas qualidades: minha boca carnuda, meus olhos azuis — herança inesperada da mistura genética que me formou — que acabam sendo minha arma secreta quando quero convencer alguém. Meu corpo natural, meus s***s que sempre achei bonitos. Me olhar no espelho é um exercício de autoestima que aprendi a cultivar. Coloco meus brincos de argola pequenos, discretos, mas charmosos, e a correntinha com pingente da Torre Eiffel que ganhei do meu pai em uma viagem. Antes de sair do quarto, borrifo meu perfume preferido, aquele de frasco em formato de sapatinho. É doce, marcante, como eu gosto. ⸻ Desço as escadas da casa e encontro minha vó já sentada à mesa. A cozinha tem aquele cheirinho típico de manhã: café fresco, pão quentinho e o aroma de suco natural recém-preparado. — Bom dia, minha vida. Bença. — digo me aproximando. — Bom dia, meu amor. Deus te abençoe. — responde ela, com aquele sorriso que sempre aquece meu coração. — Pronta para o seu primeiro dia de aula? Ela serve um copo de suco e me entrega. Eu sorrio, tentando esconder a ansiedade. — Siiiim. Tô bem ansiosa também. Obrigada, vó. — Você vai tirar de letra. Agora come antes que se atrase. Obedeço sem reclamar. Como devagar, saboreando mais o carinho do que a comida em si. A cada garfada, lembro de quantas vezes sentei naquela mesma mesa com uniforme de escola, lancheira pronta, ouvindo os conselhos dela antes de sair. Hoje a cena se repete, mas em outra fase da vida. Quando termino, subo novamente, escovo os dentes e reforço o desodorante. Olho o celular: o Uber está a poucos minutos de chegar. Aproveito para pegar minha mochila e o fone de ouvido. — Já estou indo, vó. Beijo! — grito da porta. — Vai com Deus, filha! Boa aula! — ela responde, sempre com aquela fé que não falha. — Obrigada! — digo já saindo. Entro no carro e cumprimento o motorista com um “bom dia” educado. Coloco os fones e deixo a música preencher o silêncio. Enquanto observo a cidade pela janela, penso em tudo o que me espera: novos amigos, professores, matérias, desafios. Penso também em quem eu sou hoje, na história que me trouxe até aqui, e sinto uma onda de gratidão. A paisagem vai passando diante dos meus olhos: ruas movimentadas, prédios altos, gente apressada. Eu sorrio sozinha, como quem sabe que está dando um passo importante. E dentro de mim, uma certeza: eu estou pronta.

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