CAPÍTULO 106 MORTE NARRANDO Encostei a moto em frente ao barraco do Vulcão e fiquei alguns segundos só observando a quebrada. O movimento não parava nem de noite — moleque na contenção, rádio chiando, rastro de fumaça de baseado subindo no ar. Mas eu não tava prestando atenção em nada disso. Minha mente tava em outro lugar. Na Valéria. Ela desceu da moto atrás de mim, ajeitando a jaqueta no corpo e a bolsa no ombro. Mesmo tentando manter a postura firme, eu percebia no olhar dela o mesmo peso que carregava dentro de mim. Aquele conflito entre o certo e o que a gente queria fazer de verdade. Respirei fundo, passei a mão na corrente grossa no pescoço e bati na porta. O barraco do Vulcão era da hora, mas já dava pra sentir de longe o clima pesado de quem passou dias internado e tava volt

