CAPÍTULO 65 VALÉRIA NARRANDO A manhã passou voando. O sol já entrava com força pelas janelas abertas, batendo direto na parede descascada da sala. A poeira dançava no ar, mas eu nem ligava. A cabeça tava focada, e o coração, firme. Peguei o rolo de saco de lixo preto que o pedreiro tinha deixado perto da porta e subi as escadas com o peito cheio de uma coragem que eu nem sabia que tinha. Cada degrau que eu subia, parecia que deixava um pedaço daquele passado pra trás. Quando cheguei no quarto, parei em frente ao closet e encarei a porta como se fosse um inimigo antigo. Respirei fundo… e abri. O cheiro dele ainda tava ali. Forte. Misturado com perfume caro, e um ranço que me dava enjoo. Comecei devagar, puxando peça por peça. Camiseta de marca, moletom importado, tênis que custava mais

