CAPÍTULO 23 VALÉRIA NARRANDO A primeira coisa que me bateu foi o silêncio. Depois de dias ouvindo grito, chave girando, gente chorando, o som da porta se fechando atrás de mim sem estrondo, sem correria... foi quase surreal. Eu fiquei ali, parada no meio da sala, respirando fundo, tentando entender o que era aquilo. Liberdade? Prisão maior ainda? Eu não sabia. Só sabia que tava longe do concreto frio da cela. E por enquanto... era o que dava. A casa era boa. Nada como a mansão que eu morava com o Macaco — porque ali era puro luxo, tapete importado, mármore até no banheiro. Aqui era outra pegada. Mas ainda assim… tinha conforto. Tinha estrutura. Tinha cuidado. O chão era de porcelanato escuro, brilhoso. A sala era ampla, com um sofá em L enorme e uma TV de tantas polegadas que eu nem

