CAPÍTULO 5 VALÉRIA NARRANDO A noite caiu lá fora. Mas aqui dentro, o escuro parecia outro. Eu tava jogada no canto daquela cela imunda, com o corpo doendo mais do que qualquer palavra consegue explicar. A parede mofada encostava nas minhas costas como gelo, e o chão… o chão era pura umidade, fedia a xixi seco, e fazia os meus ossos tremerem de frio. Mas o que doía mais… era a fome. O estômago roncava, fundo, do jeito que só quem já passou necessidade conhece. Me ofereceram um pedaço de pão seco e um copo de água suja no fim da tarde, mas eu recusei. Por orgulho. Por nojo. Por medo de passar m*l. Agora eu me arrependia. Eu sentia a boca seca, a garganta arranhando, e cada gole de saliva era como engolir pedra. Me encolhi ainda mais, tentando proteger o pouco que restava de mim. A

