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BANDIDA

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Blurb

Letícia passeia pela favela do Heliópolis sem muitas preocupações, mulher do traficante mais poderoso do território quem a vê não consegue imaginar que ela esconde um segredo.

Filha de policial ela busca vingança contra os homens que mataram seu pai brutalmente, mas faz tudo isso infiltrada no morro rival.

Muito segura se si, ela começa a questionar a sua própria vida quando acaba se apaixonando perdidamente por Rafael, assassino de seu pai, o cara mais psicopata da quebrada rival ao mesmo tempo mantem um casamento com Nando inimigo mortal de Rafael.

Um triângulo amoroso quente!

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Capítulo 1 - P.O.V RAFA
**ATENÇÃO, TODO CONTEÚDO AQUI NARRADO É FICÇÃO** *LEMBRANDO QUE SERÃO RESPEITADOS OS DIALETOS DAS FAVELAS, ENTÃO NÃO CONSIDEREM ERROS DE PORTUGUÊS, E SIM, O MODO DO PERSONAGEM DE SE EXPRESSAR Meu nome é Rafael, os íntimos me chamam de Rafa, sem surpresas, nunca fui desses bagulho de querer ser mais do que eu sou, a vulgo para mim só serve para essas p***a. Sei que é perreco pra c*****o eu dizer que eu sou dono da p***a do morro, mas eu nem tô mentindo, meu pai deixou para mim essa herança cheia de sangue. Eu queria, sempre fui fascinado por tudo o que envolvia a favela, tudo o que envolvia o meu pai, tudo o que envolvia as armas as drogas e os acordos. Eu adorava a minha favela, eu adorava a forma como os barulhos urbanos começavam cedo, a dona Rita vendendo os bombom dela, a dona Berta vendendo os ovos e o seu Joaquim que começava a martelar cedo dentro da borracharia, eu era fascinado por tudo ali, eu era fascinada por toda aquela p***a, eu simplesmente não conseguia me desligar. O meu pai morreu no meio de uma invasão, o morro todo parou, mas aquele dia eu aprendi uma lição importante pra c*****o, paixonite é coisa de largato e eu não ia me dar com mulher nenhuma. Quem entregou o meu pai foi a p***a da v***a da Judith, uma mulherzinha mais ou menos que vivia embrenhada na cama dele, se parecia com minha mãe em aparência mas nunca ia ter a classe que ela tinha, mesmo que eu a conhecesse por fotos antigas. O meu pai se apaixonou por ela, eu era novo demais para entender que isso o levaria direto para a morte, o meu irmão entendia menos ainda já que JP era lerdo o suficiente para nem entender o que se passava ao se redor. Meu velho era cria demais, não se apaixonava não, prometeu JP é o meu irmão gêmeo, nasceu dois minutos depois de mim e eu não deixava ele esquecer disso nem por um segundo que fosse, f**a-se, eu era o irmão mais velho. No fundo mesmo eu gostava de lembrar que ele nasceu por último para não ter que conviver com a culpa de ter matado a minha mãe. Ele era o último afinal de contas, e f**a-se, eu não convivia com essa culpa, nem sei se ele também mas quando eu pensava nisso eu agradecia pra c*****o aqueles dois minutos que salvaram a minha mente fodida de mais um colapso. Minha mãe morreu em um hospital público, meu pai era um fodido na época e não dá nem para cobrar o maluco por isso, fez o que pode, minha mãe fez o que ela podia, mas nem sempre toda a nossa força é suficiente para tudo não ser uma merda, E foi o que aconteceu, era inevitável, era feio e obscuro, era tudo o que tinha que ser de r**m. Tudo o que eu podia fazer era entender que o que Deus tinha planejado para minha vida estava explicada nos dois segundos onde estamos na mira de uma arma, jurando entrar para a família e proteger os nossos, e eu não ia abrir mão disso nem fodendo, por que quem nasce favelado sabe a dureza que é o nosso dia a dia. Desacreditados pra c*****o só somos bonitos na televisão quando fazem novela ou filme com a nossa cara favelada e nossas correntinhas de prata, mas a realidade é que rico de apartamento nos odiava, eles têm nojo como se fossemos uma raça separada. E essa é a guerra que eu luto todos os dias, é a guerra que eu decidi lutar até não ter mais forças, foi o legado que o meu pai me deixou. Porra, ninguém, escolheu ser favelado, ninguém escolheu ser bandido. Mas me conta um bagulho, se tu ver seu filho chorando de fome tu não dá os pulos? Tu não faz qualquer coisa pra ali para ver tuas cria sorrir? Mesma coisa o favelado, a única diferença é que não herdamos apartamentos e consultórios do nosso papai, quando herdamos é um pedaço da guerra. Essa é a diferença do pobre para o playboy mané, somos família. Eu fui para a faculdade, não aguentei dois minutos ver como eram hipócritas, criticando pra c*****o a forma como o favelado ganha a vida, para depois fazer festinha universitária regada de pó e baseado como não fosse errado, nunca vi verme entrando no bailinho de rico branco para atirar na cabeça de ninguém, mas perdi conta de quantas vezes me pararam adolescente porque me viram com uma garrafa de coca-cola nas mãos voltando para o meu barraco. Isso é normal? Só no mundo deles, quem nasce e é criado dentro da disciplina sabe muito qual é que é. Meu irmão era diferente, ele foi pra escola, ele escolheu ser médico, ele queria ser parte daquela gente rica que ele via pelos corredores da faculdade, ele queria a atenção da patricinha de olhos azuis e bolsa cara, ele queria sentar na rodinha de churrasquinho vegano, ele queria tudo aquilo e p***a quem podia impedir o cara de se tornar um branco suburbano? Sei lá, ás vezes me pegava pensando se minha mãe, lá do céu, estava nos olhando, queria saber se ela se orgulhava de eu ser um criminoso no mesmo grau que ela se orgulha do JP ser médico, ás vezes prefiro pensar que Deus poupa ela de me ver assim como deve poupar ela de ver o filho ouvindo cerveja de garrafa e comendo couve feita na churrasqueira, não sei qual era a situação pior. Eu não queria ser como o meu pai, não queria ser sanguinário ao ponto de não ligar mais para nada, eu não queria morrer do mesmo jeito, ao mesmo tempo que eu não queria ser como o meu irmão, um médico b***a mole suburbano atendendo um montão de madame que quer colocar uns p****s, eu não queria ser como os favelados soldados que eu mesmo armava, eu não queria ser como ninguém, queria traçar a p***a do meu caminho sem ter ninguém, absolutamente ninguém para me dizer ao contrário. Eu tenho regras e elas dão o comando certo para a minha vida, não dá pra cair no papo de fiel, muito menos de p*****a favelada, não dá para cair em papo de traíra, a sua vida tem que ser da família, você tem que ter a mesma conversa em todo canto, sua palavra tem que ser respeitada como lei, você tem que ser esperto tem que ter inteligência, mas tem que ter sangue frio, tem que entender que independente de quem seja paga o que faz do mesmo jeito. Eu não tenho dó truta, a vida é louca. Vamos lá minha regras: Não me apaixonar. Quem se apaixona é burro pra c*****o, e eu não to nem um pouco a fim de deitar num caixão com vela do meu lado truta, buceta é dinamite! Não me casar com nenhuma fiel Quando a gente se junta com uma mina a gente fica cego, tudo tem a ver com a biscate e perdemos o foco do que importa, mesmo por que rapaziada, sempre existe mais dinheiro a fazer nessa p***a. Não confiar em quem não é da comunidade. Nem preciso falar né carai? p***a, esse negócio de confiança não me pega, eu só confio nos meus truta e até agora eu tô vivo. Nunca baixar a guarda. Eu caio, mas eu caio atirando.

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