No coração do Deserto / Sheik Aarav

A vida de quem é acima do peso nunca é fácil.  E esse é um fato oficial da humanidade nos últimos ...? mil anos ... Usar tamanho 44,já não é atrativo, ser burra muito menos. Esse era o mantra que eu repetia para eu mesma constantemente na esperança de aliviar o sentimento de desprezo. Quanto mais algo dói em você,mais as pessoas sabem disso... E essas pessoas sabem tocar na ferida . Eu me esforcei muito durante anos para me formar.  Minha mãe e minha avó sustentavam a casa sozinhas, pai é apenas uma palavra no meu vocabulário...com um  orçamento apertado tive que abrir mão de uma educação numa universidade renomada,e me contentar com um curso técnico. Técnica em enfermagem.  No começo foi bem difícil, ninguém contrata uma recém formada mais depois graças a Deus acabei contratada por um hospital extra porte com muita demanda de pacientes. E finalmente achei que as coisas estavam dando certo na minha vida ... como eu disse eu ACHEI. Eu praticamente fui adotada pela equipe do hospital, eu era a mais jovem da equipe com meus redondos vinte e três anos, perto deles que tinham acima de trinta eu era um bebê . Talvez seja esse o motivo de que não percebia muitas coisas, me faltava maturidade para ver muitas coisas que estavam acontecendo.  Porém no hospital minha grande chance apareceu ...foi só eu mostrar serviço durante uma PCR(parada cardiorrespiratória) que eu passei a ser bem vista pela equipe toda. Menos pela grande vaca (Alessandra), chefe da equipe de enfermagem da ala pediátrica. Essa fazia questão de dizer todas a vezes que eu estava jantando: _'' Pegou a salada querida,está ótima..." Sendo que no meu prato tinha um belo bife com fritas. GRANDE VACA eu pensava . Mas algo no hospital me confortava, eu era inteligente e graças a isso o diretor do hospital senhor Samir Jamal, disse que eu tinha grandes chances de me formar em enfermagem ou até mesmo em medicina.  Esse senhor foi tantas vezes a visão de pai que nunca tive. Graças a minha inteligência virei circulante de sala , ajudava os médicos na paramentação e no que mais eles precisassem.  Nisso conheci Juan Castilhos.  Meu deus que homem lindo,um médico argentino de tirar o fôlego, alto cabelos escuros pele bronzeada,e olhos meu Deus que olhos lindos ... de um azul tão intenso quanto um céu. Passou um mês da minha contratação eu já estava comemorando nos braços de Juan mais uma cirurgia bem sucedida. Eu nunca questionava o porquê de nunca sairmos durante o dia,nunca saímos com os amigos e ele sempre dizia que éramos um casal... COMO DIRIA A MINHA AVÓ... ''Mas quando a esmola é demais o santo bobo nunca desconfia.'' Eu fazia plantões seguidos algumas vezes ja que queria guardar um dinheiro para uma graduação. Num desses dias de plantão resolvo dar uma passadinha e  dar um beijo no Juan. Chego em sua sala e escuto sons bem distintos de gemidos e móveis sendo arrastados freneticamente... e muitos gemidos Quando entro, ele está nú com Alessandra em seu colo a cena me pegou como um tiro. Ele havia conhecido minha família, estávamos planejando ir para a Argentina, eu queria casar com ele e ter lindos bebês de olhos claros me chamando de Mamá... Tudo isso passou em segundos pela minha cabeça. Não lembro com exatidão a ordem em que tudo aconteceu só sei que quando dei por mim, tudo ja havia acontecido...