Olívia Hummer
Acordo com Steph gritando aos quatro ventos frases desconexas, mas acho que ainda não acordei totalmente para entender o que ela dizia. Me levanto devagar, já que não funciono muito bem pela manhã.
Sigo até o banheiro fazer minha higiene matinal, passo uma maquiagem leve e agora sim estou pronta para viver!
Saio do quarto e Steph estava com um sorriso de orelha a orelha no meio da sala segurando o celular.
- Ganhou na loteria? - Pergunto rindo indo até a cozinha pegar algo para comer.
- Não, melhor! - Ela diz e eu estranho. Não há nada melhor do que ganhar na loteria. - O Gustavo comprou dois ingressos para o show do Alok.
- Caraca, casa com ele! - Digo rindo. Abro a geladeira e pego leite, coloco num copo e adiciono Nescau.
- Ainda toma leite gelado de manhã? - Pergunta ela incrédula. - Você não mudou nada, não é?
- Não! - Minto e bebo meu copo de 500ml de leite gelado.
- Você vai acabar com o nosso leite se for assim todo dia! - Steph grita vindo até mim pegando a caixa de leite pela metade.
- É o meu café! - Rebato dando de ombros. - Não gasto com pão, manteiga etc. Mas gasto com leite. – Aponto pegando a caixa da não dela e volto para a geladeira. - Isso se chama equilíbrio.
- Uhum, equilíbrio. - Ela me olha com uma expressão sarcástica que me fez rir internamente.
- É igual quando você não compra uma bolsa para poder comprar duas calças. - Falo e ela concorda entendendo.
- Ok, boa analogia! - Steph volta a olhar para o celular e digita algo. - Eu estou tão feliz que eu vou ver aquele lindo do Alok.
- Você sabe que você vai com o seu namorado, não é? - Pergunto rindo.
- Ah, amiga, mas se o Alok me quiser, eu troco o Guto. - Ela diz me fazendo gargalhar.
- Você troca o Guto muito fácil. - Declaro pegando um copo de água gelada. - Primeiro com o meu tio, agora com o Alok...
- Mas amiga, eles são o meu "sonhar mais um sonho impossível..." - Steph cantarola e eu dou risada pegando o limão para espremer na água. - Você acabou de tomar leite! - Ela grita me repreendendo.
- Isso eu vou tomar durante o dia e...
- Você é tão chata! - Ela revira os olhos saindo da cozinha. - Toda fitness. Eu via os seus stories. - Steph faz um círculo com o dedo indicador. - Olha como eu sou linda e malho todo dia na academia. - Ela faz uma voz fina fingindo que sou eu falando. - Olha como eu tomo água com limão durante o dia. Olha como eu...
- Cala a boca. - Resmungo indo para a sala e me jogo no sofá.
- Vai ser um pesadelo morar comigo. Eu como porcaria vinte e quatro horas por dia. - Steph diz rindo e se senta do meu lado. - Amiga! Pinta meu cabelo? - Ela me pergunta de súbito e eu digo que sim.
Steph é como um furacão. Mil palavras por minuto, assuntos aleatórios e barulho, muito barulho e música alta.
O sábado passou relativamente calmo. Steph me atualizando das novidades de Santana e comentando sobre amenidades. Quando chega à noite, Steph diz que vai dormir no namorado.
- Tudo bem, não sei se durmo em casa hoje também. - Declaro indo procurar uma roupa.
Steph me segue curiosa.
- Quem é o boy bafo? - Ela pergunta se jogando na minha cama.
- Ontem no bar ele me abordou e eu falei para a gente se encontrar hoje lá de novo. - Digo e ela arregala os olhos.
- Que hora foi isso que eu não vi? - Steph me pergunta com a mão na boca rindo.
- Foi na hora de ir embora. Vocês estavam mais na frente. - Pego um macacão, um vestido, uma camiseta e uma calça. - Qual dos três looks? - Pergunto com a mão no queixo pensando.
- Esse, é fofo. - Steph mostra a camiseta a calça, já que a camiseta é rosa com um bordado da pantera cor de rosa. - E é bem a sua cara de pantera. - Ela fecha a mão como se fossem garras e finge um rosnado.
- Faz de novo, tigresa? - Peço com o celular na mão gravando um storie seu fazendo isso e ficamos rindo da nossa idiotice.
- Esse fica lindo em você. – Aponta depois para o macacão, mas Steph sorri quando pega o vestido. – Mas esse... Esse é sexy, lindo, quente, você vai ficar gostosa nele. – Diz com uma expressão lasciva e eu rio.
- Vou colocar a camisa e a calça. Vou libertar a minha pantera. – Brinco e Stephanie dá de ombros.
- Você nunca aceitou minhas dicas de moda, nem sei porque ainda pede. – Diz com as sobrancelhas arqueadas irritada. - Vai tomar banho que daqui a pouco você vai encontrar o seu homem misterioso, espero que ele não seja um maluco psicopata. - Steph ri e eu entro no banheiro fechando a porta atrás de mim.
- Cala a boca, Steph. – Resmungo brincando.
–Estou falando sério, deixa seu celular perto e se precisar de ajuda liga para apolícia porque eu vou estar muito ocupada, se é que me entende. – Brinca elagritando atrás da porta do banheiro e logo ouço o bater da porta do meu quarto indicando que ela tinha saído dele.
***
Desço do Uber e entro no bar andando devagar vestindo minhas calças e a bendita camisa rosa de pantera. Me sento no balcão e segundos depois sinto alguém se sentando ao meu lado.
- Oi. - Aquela voz rouca e sexy surge em meus ouvidos.
- Oi. - Me viro e encontro aqueles olhos bonitos.
O desconhecido sexy usava uma camisa social preta e calças escuras também. Seu cabelo estava um pouco mais arrumado, mas confesso que gostei do jeito bagunçado que estava na noite anterior.
- Vem, vamos nos sentar em uma mesa. - Ele estica a mão para eu pegar e me ajuda a descer da banqueta. - Meu nome é Derek, prazer. - Ele sorri e me dá um beijo demorado na bochecha.
Que cheiro bom. Digo para mim mesma quando inalo seu perfume.
- Eu sou Olivia, prazer. - Sorrio de volta e sinto sua mão na base da minha coluna me guiando para uma mesa mais reservada no fundo do bar.
Derek puxa a cadeira para eu me sentar e se senta na minha frente. Ele levanta a mão para o garçom vir nos atender.
- O que vai beber? - Derek pergunta. - Caipirinha? - Diz ele se lembrando de ontem quando acenei com a minha caipirinha.
- Sim. - Sorrio de volta. - Adoro a caipirinha daqui.
O garçom chegar e Derek pede duas caipirinhas, uma porção de frios e uma de batatas.
- Vi que você estava comendo dessa ontem. - Ele aponta para as batatas.
- Stalker? - Pergunto rindo.
- Talvez. - Derek responde divertido. - Mas me fale mais de você, Olivia.
- Bom, meu nome é Olivia Hummer, tenho vinte anos... - Deixo tudo morrer no ar já que falar que trabalho como modelo é bem agressivo de se falar em uma introdução básica. - E você?
- Nome e idade? Derek Howish, tenho trinta e dois. - Diz e sorrio ao ver que meu gosto por homens é sempre bem diversificado.
Já fiquei com caras mais novos, com caras mais velhos, com asiáticos, com negros, com roqueiros, com hippies. Mas é aquela negócio não é, você tem seu estilo, a Olivia pega todos.
Frase péssima? Eu sei, mas fazer o que se meu estilo de comédia é tão démodé.
- Você mora sozinha? - Ele me pergunta sorrindo bebericando sua caipirinha.
- Na verdade não. Eu cheguei com uma garota ontem, a ruiva, não sei e você lembra. Mas então, eu divido o apartamento com ela. - Digo pegando uma batata. - E você?
- Moro sim. - Derek responde.
Meu olhar não sai dos seus lábios e noto quando ele pressiona levemente os lábios me fazendo sorrir por estar tão hipnotizada.
- É bem perto daqui, se você quiser. - Derek diz e ri logo em seguida. - Brincadeira. - Ele coça a cabeça e fixa o seu olhar nos meus olhos. - Mas se você quiser, não é brincadeira não.
Dou risada e lhe dou um tapa leve no braço. Realmente, Steph tem razão, acho que sou um pouco agressiva.
- Mas me diga, como é a experiência de duas garotas dividirem o apartamento? - Ele me pergunta interessado.
- A gente começou a morar junto a pouco tempo já que eu não morava por aqui, então ainda não sei bem como vai ser. - Comento.
- Morava onde?
- No Brookling, Estados Unidos.
- Nossa, então o meu encontro hoje é importado. - Ele ri passando a mão no cabelo e c*****o! Que sorriso lindo da p***a.
Opa, eu sou uma futura professora, não deveria falar tanto palavrão... Aah, que se f**a, ainda sou estudante!
- Por que voltou? - Ele pergunta curioso. - Não é que eu não te queira aqui, na verdade te quero muito, mas...
Vejo ele se embaralhar e dou risada. Ele é fofo.
- Muito bom saber que você me quer muito. - Brinco e ele coça a cabeça constrangido. - É recíproco. - Declaro e ele morde levemente o lábio. - Mas respondendo a sua pergunta. Eu finalizei alguns contratos de trabalho lá e resolvi voltar para a casa.
- Trabalhava com o quê?
- Ah, eu sou modelo. - Digo e ele acena com a cabeça. - E você, trabalha com o quê?
- Sou professor, professor de literatura. - Ele diz e ganha vários pontinhos comigo.
- Me diz, traiu ou não traiu? - Pergunto e ele abre um largo sorriso.
- Olha, eu acho que não. - Ele diz divertido. - Vamos dar um crédito. A ideia é inocente até que se prove o contrário, não é?
- Concordo! - Respondo entusiasmada. - Qual o seu autor favorito? - Pergunto apoiando a cabeça na mão interessada.
Aquele homem me atraiu pela beleza de fazer parar um cruzamento e estava me fazendo ficar pela inteligência.
Ele era simplesmente o cara mais atraente que eu conheci, em todos os sentidos tanto por dentro quanto por fora. Eu notei o jeito como ele fala com o garçom, a forma como ele realmente presta atenção ao que eu falo sem querer interromper falando apenas de si.
Derek é calmo em sua abordagem, ele é interessado e divertido sem querer me levar para a casa depois de apenas duas palavras. Era como se ele realmente quisesse me conhecer e isso era diferente dos idiotas que tempos por aí hoje em dia.
A ideia do apartamento dele se torna cada vez mais forte em minha mente a cada sorriso e a cada olhar dele sobre meus lábios, mas, por incrível que pareça para mim, eu realmente queria conhecer esse homem na minha frente e não apenas t*****r como ele como normalmente sou.
Ficamos conversando sobre literatura, sobre poesia, sobre história, sobre livros, por horas até que...
- Só tem a gente aqui. - Derek olha para os lados e ri. - Vamos? - Pergunta e eu concordo.
Ele pede a conta e briga comigo quando eu faço que vou pagar. Derek se levanta e estende a mão para mim, me ajudando a me levantar.
- Próxima parada? - Pergunta Derek sussurrando ao meu ouvido me fazendo ficar arrepiada. Ouço sua risada rouca quando ele percebe que me deixou assim.
- Algum lugar perto. - Digo dando de ombros. - Ouvi falar que estamos perto da casa de alguém.
- Seu pedido é uma ordem, morena. - Sinto sua mão na minha cintura e ele me conduz ao seu carro.