Capítulo 02

1532 Words
Derek Howish Acordei com meu celular despertando uma música infernal e resmungo para o nada. Tenho que ir naquela reunião entediante de início de semestre e desejo não chegar atrasado como no semestre anterior, e no anterior, e no anterior. Traduzindo, eu sou a pessoa mais atrasada que eu conheço. Mas não é porque eu demoro para me arrumar ou algo do tipo e sim porque eu enrolo até o último minuto, assim como estou fazendo agora. Coloquei o celular para despertar daqui a cinco minutos e fecho os olhos novamente, o celular toca parecendo que foi no segundo seguinte e eu desisto de protelar tanto. Hoje eu vou ser um professor responsável no horário. Vou ser o orgulho da diretora Alice Mayfair. Mentalizo isso, mas ignoro totalmente essa ideia quando a água morna no chuveiro me abraça. Hoje eu não saio de casa! Acabo o banho e sigo para a cozinha tomar café da manhã. Minha casa é um loft grande e confortável, tinha tudo no lugar, mas precisava de uma vassourada de vez enquanto e no caso, hoje era esse de vez enquanto. Pego meu celular e logo para uma vizinha aqui do condomínio. Eu a pagava para vir aqui em casa dar uma limpada a cada... bem, a cada vez que eu achasse que a casa estava precisando de um trato. Às vezes era uma vez por semana ou às vezes era a cada quinze dias. Varia muito do meu humor. Aliás eu sou conhecido por não ser uma pessoa constante e é totalmente fora das minhas alçadas mudar isso. Minhas variações de humor oscilam de maneira anormal. Eu sei que sou um tanto excêntrico, mas faz parte do meu charme. Como um professor de literatura portuguesa, posso dizer que entendo Fernando Pessoa e seus heterônimos, eu também tenho várias versões de mim mesmo decidindo com adedonha - jokempô - quem vai tomar a próxima atitude. Ligo o carro e sigo até aquela faculdade adoravelmente infernal. Entro na secretaria e logo converso com os outros professores até Alice nos chamar para a sala de reuniões. Argumentos vem, argumentos vão e finalmente posso ir embora. O site da faculdade estava com problemas - aliás quando não está? - e teríamos que fazer a lista de presença na mão na segunda-feira. Minha maneira de dar aula no primeiro dia é diferente então, eu apenas dou de ombros quando ouço Júlio tagarelar ao meu lado como sempre. - Você vai fazer sucesso com os calouros como sempre faz. - Ele diz rindo. - Aliás você sempre faz sucesso com as calouras. - É o meu charme irresistível. - Digo rindo e recebo um olhar de desaprovação de Yanna, a professora de ética. - Desculpe. - Aceno com a cabeça envergonhado. - Você é um mocinho muito educado. - Júlio brinca me dando tapinhas no ombros e eu espero Yanna sair para fazer uma careta. - Idade mental de três anos. - Aponta Júlio e eu dou de ombros. - Vamos beber? - Está bem. - Concordo e Júlio segue chamando alguns professores de Letras, de Jornalismo, Filosofia e Psicologia. - Só os de humanidades? - Pergunto incrédulo e ele ri. - Você sabe que eu não gosto dos de exatas, eles são... - Júlio faz uma careta. - E eu que tenho idade mental de três anos. - Declaro e seguimos para o bendito bar. Hoje era sexta-feira e é claro que o bar estaria lotado. Ficamos em um canto ao lado do balcão em pé mesmo conversando sobre coisas aleatórias. - Mas me fala a fita entre você e a Lilly de Linguística. - Júlio pergunta curioso sobre Lilly, a professora de Linguística. - Não foi nada. - Dou de ombros. - Ela ficou apaixonada. Está te encarando desde que a gente saiu da sala de reunião. - Júlio diz e eu n**o com a cabeça. - Isso é coisa de quem não tem o que fazer. - Digo apoiando com os cotovelos no balcão. Olho para o lado e Lilly me acena delicada. Sorrio e volto minha atenção para minha garrafa de cerveja. - Viu, eu disse. - Júlio comenta rindo. - Vai tomar no meio do seu cu, Júlio. - Falo baixo e devagar fazendo Júlio cair na risada. - Ela vem vindo, olha aí! - Vieram apenas três professoras, o resto eram apenas os homens irritantes de sempre. - Oi, Derek. Tudo bem com você? - Ela me pergunta. - Claro e você? - Pergunto simpático. - Pintou o cabelo? - Aponto para o cabelo que de ruivo agora era marrom. - Ah sim, cansei do vermelho vinho e decidi por um castanho médio dourado. - Ela diz sorridente como se eu soubesse a diferença dos castanhos. - Legal. - Aceno com a cabeça sem ter muito mais o que falar e ela se despede dizendo que ela e as outras professoras iriam para um outro lugar. - Até segunda então. - Me despeço e elas se vão. - Então a noite é dos rapazes? - Pergunta Josh se aproximando. - Restou só a gente? - Pergunta Kaique apontando para nós e mais dois professores, César e Nicolai, que estavam pedindo alguma coisa para comer para o bartender. - Ao que parece só os seis. - Confirma Júlio. Ficamos conversando sobre os jogos de futebol até que algo chama a minha atenção para a entrada do bar. Duas garotas entram, mas uma em específico me hipnotiza. Ela era morena, com os cabelos até a cintura, lábios cheios, os olhos marcantes, p***a, que sexy. Ela passa por nós e eu vejo como os caras que estão sentados encaram aquela morena. Os lerdos dos meus amigos de mestrado estão tão focados em discutir a teoria do aprendizado que nem percebem a oitava maravilha do mundo andando e rebolando o quadril ao nosso lado. Tento voltar minha atenção para a conversa, mas a cada minuto meus olhos procuravam por ela e descansavam na sua beleza por alguns segundos até eu conseguir desviar o olhar. Minutos depois eu volto a olhá-la e seus olhos pousam em mim. A encaro e nós ficamos assim por alguns segundos, trancados um no outro. Alguém conversa com ela e a morena se vira para responder algo. - Você torce para o Vasco, não é? - Ouço a voz Josh rindo da minha cara. - p***a, não chuta cachorro morto. - Brinco e eles riem da minha cara de dó. - Como você se sente em ser r**m em pelo menos uma coisa? - César ri com a mão fechada como se estivesse segurando um microfone apontado em minha direção. - Vai tomar no meio do seu cu, César. - Reclamo rindo. - Vou chamar a Yanna de ética para você! - Júlio brinca e logo eles voltam a conversar dentre si. Meus olhos procuram pela morena e noto que ela está me observando. Levando a garrafa de cerveja como um aceno e sorrio de lado. Ela me mostra o copo de caipirinha, repetindo meu aceno, e sorri. Sua atenção se volta ao seu grupo, assim como a minha se volta ao meu. De tempos em tempos meu olhar cruza com o dela, mas agora ela estava ocupada demais conversando com seus amigos para notar o meu olhar que quase a deixava nua nessa bar. Vejo seus amigos se levantarem e a morena fica por último pegando a bolsa enroscada atrás da cadeira. Ela se levanta e seus amigos passam por nós. Me afasto lentamente do meus amigos para eles não repararem e paro na frente da morena quando ela passa. Sorrio e não consigo deixar de morder levemente o lábio ao ver ela tão próxima de mim. A morena sorri de volta, minha mente me traz pensamentos pervertidos, mas luto trazendo-me de volta à realidade. - Oi. - Falo baixo olhando para aqueles olhos profundos e sexys. - Oi. - Ela repete, sua voz é suave e daqui consigo sentir o cheio floral do seu perfume. - Você... - Deixo a frase morrer quando meus olhos fixam nos seus lábios. Tento mudar meu foco, mas o máximo que consigo é alternar meu olhar dos seus lábios até seus olhos. - Amanhã, aqui. - Ela diz direta e eu sorrio. Adoro mulheres assim! - Te espero. - Me aproximo do seu ouvido e sussurro sentindo ainda mais o cheio o seu perfume delicioso. Dou passagem para ela e meus olhos percorrem seu corpo, e que corpo... - Você acha que eu não vi? - Pergunta Júlio no meu ouvido quando todos estão distraídos. - Vai tomar... - Tento dizer, mas Júlio me interrompe. - No meio do seu cu, Júlio. - Ele completa minha frase fazendo uma voz irritante me imitando, como se minha voz fosse assim e eu rio de sua idiotice. - Você é um chato. - Aponta ele rindo. - E você é uma velha curiosa. - Rebato cruzando os braços ficando irritado quase que imediatamente. - Bipolar. - Júlio dá de ombros e volta sua atenção para os outros, me deixando sozinho com o meu estresse sem motivo. Meu pensamento vai até aquela morena e mordo o lábio de leve pensando em amanhã.
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