Arregalei os meus olhos e logo em seguida uma voz me tirou do mundo da Lua dizendo:
— Vizinha, você por aqui?
Quando olhei, era o carinha que havia me ajudado há pouco tempo atrás.
— Ah... Oi... É... Eu vim comprar umas coisinhas.
Ele sorriu e quando iria falar alguma coisa, o cara que esbarrei disse:
— Conhece ela de onde?
— Ah, eu ajudei ela faz pouco tempo com as malas, ela é a nova vizinha que eu te falei.
— Falou? — Falei surpresa.
— Falei sim. — Ele sorriu e logo disse:
— De quem é esse celular quebrando em suas mãos, Caio?
Quando eu escutei aquele nome, o meu coração começou a disparar, será? Não, não podia ser ele, eu devo estar ficando doida.
Fiquei nervosa e logo puxei o celular da mão do Caio dizendo:
— É meu, vou numa assistência, até mais. — Falei apressada.
— Pra que a pressa, pô? Eu sei arrumar isso, tenho uma loja de celulares. — Disse o vizinho que me ajudou com as malas.
Merda!
— É... Não precisa se incomodar, eu insisto que me dê esse celular, amanhã mesmo está em suas mãos. — Falou com o maior prazer.
— Então me passe o endereço que eu levo lá. — Falei querendo ir embora.
— Nós te levamos. — Falou se oferecendo.
Droga! Como fugir disso? Como?
Quando eu cliquei no botão do meu celular, o mesmo não deu sinal de vida.
— Ah, meu Deus, ele parou de funcionar, d***a, eu precisava ligar para minha mãe. — Falei praticamente desesperada.
— Eu fiz isso, então te empresto o meu celular pra ligar para a sua mãe. — Disse Caio.
Eu estava confusa com aquilo acontecendo, uma parte de mim dizia que era ele, e outra dizia que era coisa da minha cabeça, mas... Em qual parte acreditar numa hora dessas?
Ignorei totalmente as minhas loucuras e disse:
— Tudo bem, eu irei aceitar.
Ele começou a procurar o celular e disse:
— Acho que deixei em casa, Mateus, está com o seu aí?
— Não tô não, cara, deixei em casa também.
Espera, Mateus?... Encarei bem o tal de Mateus e tentei ligar os pontos, uma pontada de alívio surgiu em mim, Mateus e Caio nunca se deram bem, por que iriam morar juntos? Não faz sentido.
— Tudo bem, eu me viro depois. — Falei já ameaçando andar.
— Vamos lá em casa e você já deixa o seu celular comigo que eu levo pra loja, problema resolvido. — Disse o Mateus.
— Tudo bem, mas antes preciso terminar essas compras, se não se importam.
— Nós também temos que fazer a nossa, nos encontramos no estacionamento? — Perguntou Mateus.
— Fechado! — Falei concordado e continuando as minhas compras.
Eu estava tranquila, mas ao mesmo tempo com a pulga atrás da orelha.
O destino jamais iria aprontar uma dessas comigo, eu tenho total certeza.
Já no estacionamento, coloquei as compras no porta-malas e coloquei o carrinho num lugar apropriado.
Quando encostei no carro, avistei os dois cheio de sacolas nas mãos.
— Eles não aparentam ser um casal. — Pensei comigo mesma.
— Vamos? — Falou Mateus.
— Vamos. — Sorri fraco e olhei de relance para o Caio, que me encarava quieto.
— Ai meu Deus, será? — Falei agoniada já dentro do meu carro.
Seguimos para o caminho de casa e eu logo gravei o percurso para não ter que ficar ligando o GPS todas as vezes.
Ao estacionar o carro de frente para a minha casa, logo desci e encarei o carro preto deles, esperando que os mesmo saíssem.
Depois de alguns minutos, eles saíram do carro e me guiaram até a casa deles, que era bem bonita e bem mobiliada também para dois homens.
— Nossa, finalmente. — Escutei uma voz feminina saindo de um cômodo que mais parecia a cozinha.
A mesma me olhou de cima a baixo e perguntou:
— Oxi, quem é essa? — A encarei séria odiando o tom que a mesma usou para se referir a mim.
— Melody, seja mais delicada. — Pronunciou o Caio, me fazendo se arrepiar totalmente.
Arregalei os meus olhos e logo a reconheci, sim, era a Melody, loira e corpuda como sempre.
— Eu preciso ir, desculpe. — Falei me virando para sair, mas logo seguraram o meu braço, quando me virei, era o Mateus.
— Está tudo bem? — Perguntou o mesmo.
Eu não conseguia mais olhar para o Caio, eu queria correr, queria fugir dali e nunca mais voltar,ele estava mesmo com ela esse tempo todo.
Não que eu me importasse, mas eu não estava psicologicamente preparada para tal coisa.
— Está sim, só me deu um m*l estar. — Menti.
Espera aí Jennifer, você já não é mais uma criança, precisa enfrentar a realidade, e se eles descobrirem, que se dane, você precisa mostrar que superou e que não se importa mais.
Mais... Mais é tão difícil...
Eu sei que é, eu sou você, mas faz isso por nós.
Obrigada, Sub.
— Irei pegar o celular. — Falou Caio subindo as escadas.
— Tenho que buscar a morena. — Falou Mateus. — Ela já saiu do curso. — Disse sorrindo fraco e se retirando.
Ficou apenas eu e a Melody na sala.
— De onde você é? — Falou pegando uma sacola no sofá e me encarando com a maior cara f**a.
— Sou daqui! — Respondi seca.
A mesma não disse nada, apenas se retirou com as sacolas e voltou para o mesmo cômodo que estava antes.
Olhei ao redor e encontrei algumas fotos penduradas.
Comecei a observar as mesma e parei em uma.
Era o Caio quando era mais novo...
Uma lágrima ousada escorreu sobre o meu rosto e me odiei por isso, eu estava certa, é ele mesmo...
Já não haviam mais dúvidas.
— Ei, o celular. — Falou Caio descendo as escadas.
Limpei a lágrima rapidamente e sorri me virando para ele.
— Obrigada. — Falei pegando o celular e me retirando daquele local.
Quando coloquei o número da minha mãe lá constou "Tia Clau", um aperto no peito tomou conta de mim e me segurei para não chorar mais.
Ligação:
— Caio?! Está tudo bem? —
— Oi, mãe, sou eu, cheguei bem, tá? — Falei segurando o choro e desligando rapidamente.
— Obrigada. — Falei entregando o telefone nas mãos dele e saindo andando.
— Ei espere! — Falou ele.
Logo um barulho de celular tomou conta do ambiente e eu travei, a minha mãe havia ligado de volta. d***a!
— Jennifer?... — Pronunciou Caio.