Aniversário de casamento

1156 Words
Ao invés de ir para casa, pensei em passar no trabalho do Jasper e verificar se estava tudo bem. Ele iria estranhar se eu quisesse buscar a Addison novamente, e eu queria estar lá quando ele fosse. Jasper me recebeu com um sorriso espantado e um abraço. Fez questão de me colocar dentro do departamento e me exibir como um troféu para todos os outros policiais. — Essa é a minha esposa Safira — Dizia ele, todo contente. — Bonita esposa. Você tem sorte, Jas. — Um deles brincou. Apesar da brincadeira ter um tom de malícia, Jasper pareceu não se importar, como se esse tipo de coisa fosse comum entre eles. Jasper segurou minha mão e me guiou até a sala do xerife. Ele bateu na porta semi-aberta e o xerife disse do lado de dentro: — Entre. Quando Jasper entrou, o xerife abriu um sorriso largo e se levantou da cadeira em que estava. Jasper era muito querido em todos os ambientes, seu carisma e boa educação encantava e conquistava todo mundo. — Essa é a minha esposa. — Ele nos apresentou. O xerife estendeu a mão para um aperto e depois de selado o gesto ele disse: — Seu marido fala muito de você. — Ele fala muito de você também. — Brinquei e nós rimos alto. — Onde está a menina dos olhos do Jasper? — A Addison? Está na escola. — Diga a ela que amo quando ela vem aqui. Tem um sorriso realmente encantador. Igual o seu. — O xerife observou, voltando a sentar-se. Eu agradeci aquelas palavras e saí da sala acompanhada do Jasper. Era novidade para mim que a Addison já havia vindo a delegacia. — Desde quando traz a Addison aqui? Não quero minha filha frequentando um lugar tão perigoso. — Falei, com certa chateação. — Foram só duas vezes, quando eu esqueci meu distintivo. — Explicou-se. — As duas vezes? Jasper bufou. — Na primeira. E então ela pediu para vir de novo, mas eu prometi que seria a última vez. Eu revirei os olhos. — Que isso não se repita. — Pedi — Por que será que ela não me contou isso? Ela sempre me conta tudo do seu dia. — Ela pode ter pensado que você brigaria. — Isso é ridículo. Eu nunca brigaria com ela. — Não com ela, mas comigo — Retrucou. Eu aquiesci. Fazia sentido. Addison tinha esse instinto de p******o. Ela não gostava de brigas e nem de discussões dentro de casa. Nunca presenciou uma briga nossa, nós evitamos isso na frente dela. Jasper me levou até a sala dele e me deu uma cadeira. — Por que está aqui? — Indagou depois de muito tempo. — Não estava muito bem para trabalhar. — Contei — Achei que a gente pudesse fazer alguma coisa hoje. Amanhã é o nosso aniversário de casamento e eu não vou poder passar muito tempo com você, tenho muitas consultas e não posso desmarcar. — Claro. — Aceitou, sorrindo — Depois das 18h, pode ser? Eu fiz que sim. — Vou deixar a Addison na mamãe. — Tudo bem. — Se importa se eu esperar aqui? Pelo menos até você sair para pegar a Addison na escola. — O que está acontecendo, Safira? Você não é assim. Está tensa, nervosa... Eu neguei com a cabeça. — Nada. Não está acontecendo nada. — Pigarreei. — Acho melhor mesmo eu ir para casa. — Mudei de ideia, depositei um beijo nos lábios de Jasper e antes que ele dissesse qualquer coisa, eu já havia ido embora. Não fui forte o suficiente para prender as lágrimas por muito tempo. Quando cheguei em casa, desabei. Eu estava com tanto medo. Não sei como amor pode se tornar isso. Eu tinha medo do que podia acontecer com meu casamento, com a minha filha... E o pior de tudo é que algo nele ainda soava exatamente como antes, ainda sedutor e misterioso. Eu não podia contar com ninguém. Confessar ao Jasper seria meu último recurso. Eu sei que isso seria um pesadelo para ele, tenho medo de que ele queira buscar vingança ou que a vida da Addison vire de cabeça para baixo. Não quero que o Jasper mude seu jeito de tratar ela só porque sabe que Adam está vivo. Quero que as coisas permaneçam em seu estado normal, como antes, como sempre. <3 As 18h30 passamos no clube para deixar a Addison com a mamãe, e o gerente afirmou que ela já tinha ido para casa. Então, passamos na casa dela. Assim que a porta foi aberta, Addison pulou em cima da minha mãe, que se assustou e caiu na gargalhada. Addison amava a mamãe, assim como amava a sua tia, Sofia. Afinal, as duas faziam todos os seus gostos. Eu costumo dizer que elas "estragam" a menina. Jasper entrou em casa para colocar a bolsa de Addison em cima da mesa e cumprimentar Sofia. Mamãe percebeu meu olhar caído. — Está tudo bem, querida? Eu fiz que sim com a cabeça. Não queria perturba-la com isso novamente. — Você está esquisita. — Comentou. Infelizmente, Jasper chegou na mesma hora que ela disse isso. — Eu te avisei — Aproveitou para dizer — Tenho dito isso a ela a semana inteira! Eu respirei fundo. Não queria chorar. — Voltamos para buscá-la as 21h00. Qualquer coisa, pode nos ligar. Tudo que ela precisa está dentro da mochila, como sempre. — Disse, mudando de assunto. — As 21h00? Por que não passa para buscá-la amanhã? Esse horário ela provavelmente estará dormindo. — Mamãe retrucou. Eu pensei. Não gostava de deixar ela dormindo em outros lugares. Virei o olhar para Jasper que respondeu: — Ela dorme bem cedo mesmo. — Tudo bem pra você, mãe? — Por mim tudo bem. Sabe que amo ficar com ela. — Respondeu. — Você está bem? Saiu cedo do clube hoje. — Jasper indagou. — É, estou cansada. Pensando em deixar a Sofia gerenciar o lugar sozinha. Estou velha para isso... — Mamãe — Repreendi. Ela sorriu. — Relaxe. Não vai ser nada imediato. — Eu passo para buscá-la para escola amanhã cedo. Vou trazer sua mochila e sua farda. — Jasper disse por último, mudando mais uma vez o assunto da conversa. — Divirtam-se! Nos despedimos depois daquela resposta e eu fiquei pensando no que ela havia me dito sobre o clube. Parece que esses últimos dias as coisas estão mesmo de cabeça para baixo. No jantar, mesmo por alguns minutos eu esqueci dos meus problemas. Estar com o Jasper era simplesmente incrível. Parecia ainda o mesmo rapaz encantador com quem me casei. Por causa das nossas rotinas cheias, não era sempre que conseguíamos um tempo para um programa, mas sempre que dava era espetacular. — Feliz aniversário de casamento, amor. — Jasper disse quando o relógio marcou as exatas meia-noite. — Eu te amo! — Afirmei. — Eu te amo! — Ouvi como resposta.
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