Episódio 5

1250 Words
Tudo dentro está entorpecido. Se eu disser que é desagradável, isso não transmitirá nem um centésimo do que sinto agora. Apesar disso, consigo me endireitar e escapar das garras de alguma aberração. Na minha frente vejo um grupo de caras mais ou menos da minha idade. Eles estão vestidos decentemente e, é imediatamente óbvio, têm uma opinião elevada sobre si mesmos. — Ei, querida, não desanime. Vou dar uma volta. Nem uma única mulher recusou o meu cavalo. O cara que está mais perto de mim sorri, e os outros, satisfeitos com o que ele disse, ecoam algo em uníssono. — Trezentos e oitenta cavalos. Você vai gostar. Ele aponta para o Porsche baixo, de onde a música toca num volume decente. Como eu não percebi isso antes?! Ao lado dele está outro carro, não menos caro. Agora entendo do que ele estava falando, embora, ele falasse com uma clara alusão a outra coisa. — Vá se fo8der! Encontro forças para responder aos insolentes, apesar de me sentir desconfortável. — O que você disse?! Quando você acha que uma vad*ia pobre como você terá outra chance dessa? — Ela disse para se fó*der! Uma voz familiar vem de algum lugar atrás. Eu me encolho e me sinto aliviada ao mesmo tempo. Estou com muito calor, embora esteja muito frio aqui a esta hora. — Vá para onde você estava indo se não precisar de problemas. Declara o cara. Ele claramente não tem medo do meu sequestrador, e isso é muito estranho. Por exemplo, estou tremendo com toda essa situação, e esse, além de calmo, se permite tagarelar na direção do bandido. O bandido não responde isso. Ele está cada vez mais perto. O cara suspira significativamente. — Você sabe quem é meu pai? O jovem idi*ota dobra os dedos. — Se você pensar em tocar em mim, tudo que eu preciso fazer é ligar, e você estará fod*ido. A aberração gira o celular nas mãos, mostrando a seriedade das suas intenções. — Vá para onde você estava indo. Ecoa mais uma vez o cara, mas Amir, naturalmente, não vai ouvi-las. Eu grito quando, com um movimento hábil e muito rápido, ele pressiona o instigador da bagunça de cara no capô do seu carro. A enorme mão do bandido ocupa quase toda a cabeça do cara. Ele coloca tanta pressão nela que começo a temer pela vida do cara. — Me solta, seu idi*ota! Se você me machucar! Você não vai viver, seu ido*ta! Sibila a vítima, apesar da sua posição. O segundo tenta salvar o amigo esbarrando em Amir, mas consegue agarrar a mão do cara com a sua e praticamente torcê-la na direção oposta. Ele grita e xinga. Mas o meu sequestrador parece calmo. Muito calmo. Para ele, essa briga é como jogar um punhado de pipoca na boca. É assustador como o infe*rno, mas também estranhamente fascinante. Agora eu entendo perfeitamente que na minha frente está uma máquina de matar. Destemido. Feroz. E muito perigoso. E eu mesmo só estarei viva enquanto o bandido tiver alguns planos para mim. Isso é assustador. Não invejo os caras agora, mas também não invejo a mim mesmo. Uma coisa é ser salva por um cara tão grande, admirar a sua constituição e poder, mas outra coisa é cair nas suas mãos quentes. Mais dois caras nem arriscam se aproximar do perigoso grandalhão. E eu os entendo. Se dependesse de mim, eu já estaria correndo sozinha em direção à cidade há muito tempo, mesmo que tivesse que correr um dia inteiro. — Ainda tem perguntas para mim? Os caras respondem algo inarticulado, após Amir os deixa ir. — Diga isso ao seu pai. Entrega ao instigador um pequeno cartão, que parece um cartão de visita. Ele aceita com um olhar insatisfeito, após o que todos se dirigem silenciosamente para seus carros. — Você diz que não é uma prost*ituta. O grandalhão me diz sério. Sinto falta de ar, como se eu fosse um peixe levado à praia por uma tempestade. — Eu... eu não… Estou tentando de alguma forma me justificar, porque não fiz nada, mas minha cabeça está uma bagunça completa. — Mulheres normais escondem a bu*nda debaixo de um vestido longo e você mostra a calcinha para todo mundo. Como se o bandido estivesse me envergonhando. — Se você continuar nesta posição, não se surpreenda se mais tarde eles te fod*erem. — Mas eu... Caramba, é terrível admitir, mas parece que ele tem razão. Eu não deveria ter colocado outro vestido. — Vamos. A hora de ir ao banheiro acabou. Agora espere até chegar em casa. A noite está ficando mais densa. E através do vidro preto parece uma escuridão impenetrável. Sufocante e assustador. Logo a trilha fica cada vez menos iluminada até sairmos completamente da estrada e entrarmos na floresta. Tudo isto priva os restos de uma frágil esperança. O que geralmente acontece na floresta? Eu nem quero pensar. Agora não consigo ver absolutamente nada. Do lado de fora da janela, apenas árvores. Eu só consigo ver a estrada pelo para-brisa, mas tento não olhar para lá. É melhor não fazer contato visual com o bandido e não me assustar ainda mais. Embora, isso realmente importa? Não estou mais tremendo, mas todos os meus órgãos estão tensos. Um medo pegajoso percorre a minha espinha de vez em quando. Provavelmente não vão mais me levar para uma casa. Uma pessoa não pode viver na floresta. Não há civilização aqui, nem estrada normal. Não, claro que há uma estrada, mas poucos carros circulam por ela, e isso fica evidente. Gostaria de perguntar ao bandido sobre isso, porque definhar na ignorância é uma verdadeira tortura! Mas não me atrevo. Eu mantenho a minha boca fechada. A minha boca ainda está livre de fita adesiva e odeio pensar no fato de que ela pode estar selada novamente. Depois de algum tempo nos encontramos em uma cerca alta. O portão de metal desliza lentamente para o lado e começo a sentir algum alívio. Ainda há uma casa e esta é provavelmente uma ótima notícia. A verdade é que ele está localizada em algum deserto sem civilização. Uma má notícia. Eles nem vão me procurar aqui. Provavelmente há muitas pessoas armadas aqui ou algo pior. Para minha surpresa, estamos completamente sozinhos no lugar. Está bastante claro aqui e eu posso ver os arredores. É verdade que as cores noturnas não nos permitem fazer isso a mais de três metros de nós. Um caminho iluminado leva até a casa. Ele está localizado longe o suficiente do portão para que tenhamos que caminhar até ele. A fachada é constituída por toras grossas. Nada de “vidro e concreto” ou qualquer outro visual moderno. Já estou tentando ver todas as pequenas coisas. Elas ainda podem ser úteis. O principal aqui é que não será difícil passar pelo portão e depois fugir pela estrada até a rodovia. A ideia, claro, parece terrivelmente perigosa, mas ainda parece mais atraente do que ficar sozinha com o bandido. Também está terrivelmente frio aqui. Tento me abraçar com os braços para me aquecer de alguma forma. M*al consigo sentir os meus próprios pés com salto agulha fino. Como eu quero ir para casa... por o meu pijama aconchegante e deitar na minha cama macia. O silêncio pesa nos meus ouvidos. Frio. Quieto. Perigoso. ‍ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌​​​‌‌​​‌‌​‌​‌​ ​​
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