DAMON
Minutos antes:
Cheguei no destino do meu negócio importante. Estava acompanhado de mais quatro homens que trabalham somente para mim e não para meus irmãos.
Pensei um pouco sobre o que faria com a garota.
Da última vez que a vi, jurei que ela estava servindo as mesas, mas soube que aquela não era ela. Era somente outra garota parecida, já que a desastrada pediu demissão pouco tempo depois que terminamos a reunião.
Um de meus homens entrou na casa dela, para ver se ela já havia chegado, como não a encontrou, esperamos no carro. Em algum momento algum táxi apareceria na rua e ela iria sair do veículo.
— Continue! Conte-me um pouco mais sobre o que descobriu dela — pedi a outro dos meus homens.
— Olívia mora nessa casa com sua mãe e seu padrasto — disse olhando no tablet. — Aparentemente eles saíram de viagem hoje mesmo.
— E o pai dela? O que houve com o pai?
— O pai era militar, mas foi assassinado há alguns anos. Nunca encontraram o culpado — explicou ele. — Ela também é solteira. Nas suas redes sociais não aparentam ter muitos amigos.
Solteira?
Também, desastrada como é...
Mas ela é muito bonita.
Vai ver não curte relacionamento.
Pelo jeito que a outra falou, parece que ela faz programa.
— E ela tem irmãos?
— Não. Somente o filho do padrasto. Não encontrei nada relevante sobre ele. Deve viver fora das redes sociais.
— Deixa eu adivinhar. O pai também é policial.
— Sim — respondeu ele, não me surpreendo. — E ele não mora nesta casa.
Então ela está sozinha.
Ótimo.
Ela deve aparecer daqui a algum tempo.
[…]
— Tem certeza que essa é a casa que ela mora? — perguntei impaciente, pois já haviam passado mais de quinze minutos e nada da garota aparecer.
— Sim, senhor. É exatamente essa casa. Desde que essa garota nasceu, eles permanecem inalterados.
Então, por que ela tá demorando tanto?
— Chefe? — chamou o meu motorista. — Aquela não é a garota que o senhor procura? — apontou para uma garota que estava mexendo no lixo do outro lado da rua.
Tão longe na escuridão, não conseguia reconhecer seu rosto, ainda mais de costas, mas quando ela voltou a caminhar e passou debaixo de um poste, pude ter certeza que era quem eu estava procurando.
Passei as ordens.
— É ela. Esperaremos ela entrar e entraremos logo em seguida — ordenei.
Ela ainda olhou para o meu carro, mas depois ignorou e entrou na casa.
Algum tempo depois, saímos do automóvel e entramos na residência.
Ela não estava na sala, mas pelo eco da sua voz e o barulho da água caindo, eu soube que ela estava no banheiro. Sentei-me numa poltrona e acendi um cigarro, esperando-a sair de lá.
Ela estava conversando sozinha. Sobre mim e sobre o seu emprego.
Apesar de algumas críticas sobre o meu trabalho, ouvi bons elogios que elevaram meu ego.
E ela ainda quis debochar de mim quando aquela outra garçonete sugeriu que ela estava dando em cima de mim.
Olha ela aí, falando o quanto sou maravilhoso.
Mulheres e sua mania de desdenhar, quando estão querendo comprar.
Não tem interesse, mas se lembra do meu nome.
Quando ela nos viu na sala de estar, tomou um belo susto, mas os meus homens já estavam preparados para colocá-la para dormir.
Ao menos ela já estava com roupa para isso.
Quando ela apagou, eles a colocaram deitada no sofá.
— O que faremos agora, senhor?
— Sairemos com ela discretamente e a levaremos para o aeroporto. Pensem em alguma coisa. Parece que a vizinhança continua acordada. — dei uma olhada pela janela.
Havia muitas outras abertas e pessoas transitando por ali.
Enquanto eles a colocavam numa mala que encontraram no quarto dela, eu dei uma olhada na casa.
Humilde. É uma casinha humilde.
Decente.
Fotos em família...
Papel de parede florido...
Esse post cheio de rapazes coreanos me deixou curioso quanto a sua idade mental.
Quantos anos será que ela tem?
Aparentemente, ela não muda a decoração do quarto desde seus quatorze anos.
— Ei! — chamei a atenção de um dos meus soldados. — Lembre de levar a bolsa com os documentos dela também.
Abri um dos armários e encontrei várias manchetes de jornal relatando sobre a morte do Tenente Navarro.
São muitas manchetes.
Parece que ela estava investigando.
— Tudo pronto, senhor! — avisou um dos soldados.
— Estou indo.
Fechei o armário e saí do quarto.
Saímos da casa com uma enorme mala.
Alertei sobre o cuidado ao descer as escadas, mas os meus soldados não se importaram com isso e a cada degrau, foi um baque.
Ainda bem que ela está inconsciente.
Entramos no carro e pegamos caminho para um aeroporto onde meu jatinho já deveria estar à espera.
No caminho, recebi uma ligação de meu irmão, Thomas.
— Onde você está?
— Estou voltando para casa.
Preferi não dar muitos detalhes.
— Ainda temos negócios em Vega, Damon.
— Já disse que não tenho mais nada para fazer nesta cidade. Meus negócios estão em casa.
— Você está fazendo tudo errado. Achei que Dimitri era o mais problemático.
— Dimitri sempre será o problemático da família. E eu, sempre serei o mais sensato. — desliguei o telefone.
O motivo de estar levando essa garota era simples: ela sabia demais e matá-la no território do Daddy seria como jogar anos de relação no lixo, já que ocasionaria uma guerra. Por isso, a levarei para o meu território e decidirei qual será o seu fim.
[...]
No aeroporto, um dos meus seguranças arrastou a mala até o jatinho.
Eu também estava com a mala pequena e subi antes deles.
Uma aeromoça tentou carregar a mala maior e colocar no compartimento de bagagem, mas o meu soldado a impediu e trouxe a mala para dentro da aeronave.
No corredor, ele a abriu e a garota ainda estava inconsciente, em posição fetal.
Parecia bem indefesa nessa situação, mas não sou de me comover com esse tipo de coisa.
Ela só estava no lugar errado e na hora errada. Não tinha como consertar isso de outra forma.
Ele a tirou da mala e a colocou num dos assentos, presa ao cinto de segurança.
Por fim, levou a mala vazia para outro lugar.
Sentei do outro lado, de frente para ela e fumei meu charuto, e a observei de perto.
Bem jovem e bonita para ter um fim tão trágico.
Quando o jatinho começou a decolar, a jovem à minha frente despertou lentamente.
Espero que não me dê mais motivos para acabar com sua vida.