Capítulo 04 - Noite de jogos

2867 Words
Felipe O Guardanapo: Posso te contar uma piada? Li sua mensagem enquanto me jogava no sofá da sala, esperando meus amigos chegarem. Hoje era a noite dos jogos, noite que acontecia uma vez por mês no grupo The Backyardigans e como mês passado foi na casa do Bruno, esse mês seria na minha. Caminhei até o interfone que estava tocando e autorizei a entrada deles logo voltando para o sofá. Fazia uns bons dias que eu vinha trocando mensagem com Felipe Martins, mas ainda faltava coragem para encontrar ele pessoalmente, então eu sempre inventava alguma desculpa para não ter que encontrá-lo. Mesmo ele sendo uma pessoa muito insistente, e mesmo eu sabendo que uma hora ou outra teria que vê-lo, afinal, ele ainda é meu acompanhante para o casamento do Gabriel. - Tenho escolha? Felipe O Guardanapo: Não. Toc Toc. - Tá aberto. Felipe O Guardanapo: Você não pegou o espírito da coisa, Maluzita, não pegou. - Aquele anão do Jardim! Folha de oficio m*l imprimida! Peste ambulante... - Lia entrou no meu apartamento praguejando e eu dei um pulo do sofá com o susto que ela me deu batendo a porta. - Oi, para você também. - falei irônica colocando a mão sobre o coração. d***a, quase infartei agora. - Não enche. - ela bufou indo até a minha cozinha. - Ih ala, perdeu completamente a noção do perigo. - ri sarcástica me levantando do sofá e indo até a cozinha encontrando a Lia enchendo um copo de água. - Ai, desculpa amiga, mas aquele garoto realmente me tira do sério! - vi ela beber toda a água rapidamente e logo encher outro copo completamente nervosa. - O que ele fez dessa vez? - Acredita que nós fomos comprar as bebidas e quando chegamos no mercado, sabe aquele atendente gatinho? - O Vinícius? - Esse mesmo! Ele me chamou para sair e o Guilherme chegou bem na hora e falou "Ih, sai dessa enquanto tem tempo, ela tem herpes" - ela deu um soco na pia e eu coloquei a mão sobre os lábios para prender uma risada - Ah, eu vou m***r aquele infeliz! - Dá um desconto para ele, ele gosta de você. - ri me sentando na mesa. - Ele devia gostar mais da vida dele, isso sim. - ela bufou passando a mão pelos cabelos - Não acredito que por causa dele eu perdi um encontro com o gatinho do mercado. - E cadê os garotos e a Ju? - perguntei confusa já que eles me falaram que viriam todos juntos. - Tão vindo, eu me irritei com o Guilherme e vim na frente deles. - assim que ela terminou de falar eu ouvi a porta da frente abrir. - Chegamos! - Luan foi o primeiro a se pronunciar. - Que maravilha! - a Lia revirou os olhos enchendo novamente o copo. - Cadê vocês? - ouvi a voz da Júlia perguntar. - Cozinha. - gritei e eles logo apareceram na cozinha segurando diversas sacolas com besteiras e bebidas e foi aí que eu me toquei... Como eles subiram aqui sem o porteiro me avisar? - Como.. Como vocês entraram aqui? - É verdade, aquele porteiro chato só deixa a gente subir se a Malu autorizar. - Lia revirou os olhos largando o copo vazio na pia e foi pegar as sacolas na mão do Bruno. - Eu não entendo porque ele faz isso, eu já avisei que vocês são de casa. - dei de ombros ajudando o Guilherme a colocar as garrafas de bebida na mesa. - Ele gosta de encher a p***a do saco, ele precisa de uma boa f**a, assim melhora o humor de bosta que ele tem. - Júlia foi quem murmurou e todos olhamos surpresos para ela - Que foi? Okay, Júlia sempre me surpreende quando fala um palavrão, ah qual é? Olha essa carinha de bebê que ela tem! É quase um pecado imaginar esse anjinho falando essas coisas. - Enfim, que milagre que vocês fizeram para ele liberar a entrada? - O Guilherme começou a b*******a garrafa de plástico no chão e o porteiro se escondeu achando que era tiroteio, então subimos. - Bruno explicou e eu arregalei os olhos. - Por que eu não pensei nisso antes? - Lia perguntou para si mesma num tom baixo. - Porque estava faltando um gênio como eu na sua vida. - Gui sorriu se aproximando dela enquanto passava seu braço sobre os ombros da Lia - Você ainda está linda. - E você ainda está vivo. - ela resmungou tirando o braço dele de cima dela - Infelizmente. - LIA! - exclamei a olhando pasma. - Que é? - Relaxa Malu, essa aí é louquinha por mim, só não quer admitir. - Gui riu e a Lia o encarou séria... Ih lá vem. - Você quer que eu admita uma coisa? Então vou admitir, você é um cuz... - GAROTOS! ARRUMEM AS COISAS LÁ NA SALA! - interrompi a Lia empurrando os garotos em direção a porta - A Lia vai me ajudar aqui na cozinha. - Eu vou ficar com os garotos! - Júlia avisou já fugindo pra sala grudada no braço do Bruno. Preguiçosa, conhecendo ela, ela vai ficar deitada no sofá enquanto eles fazem tudo. - Por que só as mulheres tem que ajudar na cozinha? Também quero ajudar. - Luan reclamou fazendo birra enquanto eu tentava tirar ele da cozinha. - Você quer é comer os salgadinhos todos isso sim! - Que calunia! Eu só quero acabar com esse contexto onde mulheres ficam na cozinha e os homens fazem o trabalho pesado! Cadê aquela historia do poder feminino? Não ao machismo? #EleNão? - Na sola da minha bota, quer sentir elas no seu r**o? - Lia perguntou se sentando em cima da mesa. - Opressora, vocês envergonham a nação feminina. - Luan bufou parado na porta. - Tá, tá, vai lá Judas da nação dos homem. - reclamei empurrando ele para fora. - E você e o seu adotado? Já brincaram de pique? - Lia perguntou assim que ficamos sozinhas na cozinha. - Lia, fala mais baixo! - dei um t**a na perna dela enquanto olhava para a porta tentando avistar os garotos. - Ah é, desculpa, por um momento eu esqueci que ele fazia parte de uma mafia que trafica homens gostosos. - ela soltou em deboche enquanto erguia as mão em rendição. - Ha ha ha, como você é engraçadinha. - revirei os olhos e fui até o armário pegando alguns potes para misturar os salgadinhos. - Eu tento. - ela ri - Mas me fala, já tem semanas que vocês se conheceram e até agora nada! Você sabe que o casamento do Gabriel tá próximo, né? Você não pode levar um cara que m*l tem i********e, vocês vão ficar parecendo duas folhas se batendo. - Duas folhas se batendo? - a encarei confusa despachando salgadinhos sobre um dos potes. - Por que você só foca nas coisas idiotas que eu falo? - Deve ser porque você só fala idiotice. - Concordo. - ouvi alguém falar atrás de mim e me virei para trás encontrando o Gui escorado no batente da porta. - O que você está fazendo aqui? - Lia perguntou séria cruzando os braços e o Guilherme sorriu para ela inclinando o rosto para o lado. - Vim buscar meu bombomzinho amargo. - Eu vou enfiar um bombomzinho na tua goela e vou assistir você se engasgar com ele. - Se esse bombom for você, eu aceito. - ele piscou e a Lia riu falsamente. - Você não tem medo de morrer não? - Esses salgadinhos vão sair ou não? - Luan perguntou entrando na cozinha. - Pega. - dei o pote cheio nas mãos do Luan que sorriu animado e saiu saltitando da cozinha - Vamos belo casal. - olhei risonha para a Lia e o Guilherme. - Casal meu rab... - Viu! Até a lerda da Malu acha que somos um belo casal. - Guilherme exclamou e eu o olhei ofendida. - Ei, eu não sou lerda! - E nós não somos um casal! - Ainda. - Gui piscou para ela e logo saiu da cozinha. - Deus. - Lia sussurrou erguendo as mãos para o céu enquanto fechava os olhos - Me ajude a não afogar esse garoto no balde de gelo! - Por que você é assim com ele? Ele é louco por você já tem uns três anos. - Louco por mim? Malu, eu conheço muito bem o Guilherme e não é de hoje! Ele só corre atrás de mim, porque eu não dou bola para ele como as outras garotas dão! Isso que ele sente, não passa de ego ferido. - ela resmungou. - Tem certeza? - perguntei e ela suspirou saindo de cima da mesa e parando na minha frente com os braços cruzados. - Malu o que eu sou? - Hum. - a olhei de cima a baixo - Bem alta. - Não, i****a! Eu sou um gênio! - ela exclamou batendo palmas na frente do meu rosto. - O certo não seria genia? - Olha, só faz logo a pipoca e liga para o Felipe. - Por que eu vou ligar para ele? - perguntei confusa quando ela me alcançou meu celular. - Porque você vai chamar ele para a noite de jogos. - Ah não! Depois do mico que vocês me fizeram pagar? Nem pensar! Eu conheço muito bem os amigos que eu tenho. - Isso é estranho. - ela murmurou inclinando a cabeça para o lado. - O que é estranho? - Eu sempre te imaginei sendo uma garota forte, confiante... - ela começou a andar lentamente pela cozinha. - Eu sou uma garota confiante! - Não, não é! Garotas confiantes chamariam o Felipe para vir hoje, já você... - ela se virou para mim me olhando de cima baixo e eu franzi as sobrancelhas - Está parecendo um coelhinho assustado. - Eu não pareço um coelhinho assustado! - exclamei cruzando os braços. - Parece, um pobre e indefeso coelhinho. - ela riu me olhando debochada. - Eu não pareço um coelho indefeso! - Ah, não? Então prove! Chama o Felipe para vir aqui, caso o contrario, você vai continuar um coelhinho medroso. - ela debochou fazendo caretas enquanto imitava um coelho assustado. - Eu não sou medrosa! - bufei e peguei meu celular ligando para o Felipe - Olha só. - resmunguei para a Lia colocando o celular na orelha enquanto ela ainda imitava um coelho. - Oi, Malu... Ca. - ouvi a gargalhada estranha do Felipe do outro lado da linha - Entendeu? Seu nome é Malu, daí eu coloquei o Ca. Maluca! - Vai fazer o que hoje? - Me depreciar enquanto escuto a JoJo. - Quem é essa? - perguntei confusa. - Como assim quem é essa? É aquela que canta aquela musica... It's just too little, too late, a little too long and I can't wait... Sabe? - ele cantarolou e eu franzi as sobrancelhas... Ou o inglês dele era péssimo ou essa musica era realmente uma mistura de inglês com árabe. - Não, não sei. - Você é muito sem cultura! - ele resmungou do outro lado da linha e eu revirei os olhos - Mas por que a minha namorada quer saber o que eu vou fazer hoje a noite? Quer contratar meus serviços de stripper? - Você é stripper? - perguntei surpresa e a Lia pediu para eu colocar a ligação no viva-voz. - Na verdade não. - ele riu baixinho - Mas se você quiser, eu quero... - Olha, vem na minha casa hoje! - interrompi ele me sentindo envergonhada com o rumo que a conversa estava tomando. - Você... Você topou mesmo? Meu Deus, eu achei que você não iria topar! Ok, eu vou escolher uma musica e se você quiser nós revezamos e... - Ai meu Deus! Felipe! N-Não é isso! Meus amigos estão aqui. - interrompi ele sentindo meu rosto esquentar... Ele achou mesmo que eu tinha topado? - E como vai ser? Suruba? Não sei não, eu nunca fiz isso, e acho que não vou gostar de te compartilhar. - Meu Deus! Para! Não é isso! Vai ter noite dos jogos e... - E que tipo de jogos? b**m? - Você quer parar de relacionar tudo a s**o! - exclamei sentindo meu rosto corar muito e a Lia ao meu lado tentava segurar a risada, bela amiga. - Jogos de vídeo game! Encontro de amigos, amigos vestidos! Só isso. - Ah. - Você vem? - Parece que a Jojo vai perder um ouvinte por essa noite. - ele riu e a Lia saltitou ao meu lado - O que eu não faço por você, hein amor? - Eu vou te mandar o endereço por mensagem. - avisei e rapidamente desliguei o celular ainda envergonhada por causa dessa ligação. - Ele é intenso. - Lia riu e eu respirei fundo concordando com a cabeça. "Você ainda não viu nada", minha mente adicionou me lembrando da sensação que eu sinto quando ele me olha. - Quem é o coelhinho indefeso agora? - me virei para ela cruzando os braços. - Não sei, só sei que eu sou um gênio. - ela sorriu vitoriosa jogando seu cabelo sobre os ombros. - Como ass... - parei de falar quando me toquei o que havia acontecido aqui... Eu realmente convidei Felipe Martins para vir na minha casa e conhecer meus amigos? Apenas para provar algo para a bruxa da Lia? - VOCÊ ME ENGANOU! - Como eu disse... - ela riu indo até a porta e se virou para mim me mandando um beijo por cima do ombro - Gênio. - Argh. - bufei e me virei para o espelho pequeno que havia na parede da cozinha e arregalei os olhos quando vi minha aparência nele - Ai meu Deus! Ele não pode me ver assim! Tô parecendo uma mendiga da selva. Corri até meu quarto para tentar me tornar pelo menos uma garota apresentável e não uma tia solteirona que usa pantufas de joaninha e presilha no cabelo. (...) - É tão bom estar com a turminha do Backyardigans. - Júlia sorriu pegando o controle da minha mão, já que eu havia perdido a corrida para o Gui. - É sim, e hoje ela vai estar completa. - Bruno riu, mas logo arregalou os olhos quando percebeu o que falou. - Como assim completa? - o olhei confusa e ele encheu a boca de salgadinho ainda com os olhos arregalados. - É, como assim completa? - foi a vez do Luan perguntar e o Bruno começou a falar com a boca cheia me fazendo não entender nada. Estava prestes a jogar uma almofada nele quando o interfone começou a tocar. - Deve ser o Felipe! - falei correndo até o interfone - Você está atrasado, senhor guardanapo. - Oi, Malu, é o Gabriel, posso subir? O porteiro não quer deixar já que ele acha que eu estava envolvido no tiroteio... Que tiroteio que teve aqui? Senti meus batimentos cardíacos acelerarem e me lembrei do que o Bruno falou... É sim, e hoje ela vai estar completa... Me virei lentamente em direção ao Bruno e percebi o peito do garoto descer e subir rapidamente. - Você. Chamou. O. Gabriel? - perguntei entredentes e observei o ruivo se encolher no sofá. - Ele faz parte do grupo The Backyardigans também. - ele murmurou com um biquinho. - Não! O grupo The Backyardigans só tem cinco membros! Já não basta a Júlia de penetra. - exclamei sentindo minhas mãos tremerem... O Gabriel está aqui! Depois de meses sem ver ele! Ele está aqui! - Ei, não precisa falar assim também né. - Júlia reclamou e eu vi o Bruno levantar do sofá. - Pede desculpa. - ele falou e eu olhei séria - Um obrigado? - murmurou e eu continuei o encarando mortalmente - Um abraço? - respirei fundo - Um tchauzinho? - comecei a bater o pé no chão - É, não foi dessa vez. - Eu vou te m***r! - exclamei sentindo minha pálpebra tremer involuntariamente. - Corre Bruno, eu te cubro! Ajuda Lia! - Luan pediu se levanto e literalmente cobrindo o Bruno com um cobertor. - Ih sai fora! Eu não perco esse barraco por nada! Tem até pipoca já. - Lia riu colocando um punhado de pipoca na boca e o Guilherme aproveitou a brecha para sentar do lado dela e a abraçar. - Comer uma pipoca gostosinha com a minha gostosa. - Ah, você não disse isso. - Lia encarou o Gui mortalmente - Eu vou te m***r, e aproveito e mato esse mosquito transmissor de ilusão que vive te picando! - Ai, amor, por que você é assim comigo? - Fodeu. - Júlia riu baixinho com a sua boca suja e a sua carinha de bebê. - Sei que sou um penetra, mas eu gostaria mesmo de participar da noite de jogos. - ouvi a voz do Gabriel e só dai lembrei que eu ainda apertava o botão do interfone, ou seja, ele ouviu tudo. Por que minha vida tinha que ser tão ferrada?
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